Um certo senhor, no
interior das lavouras, foi ver o desenvolvimento das plantações. Estas, como
eucaliptos, mandiocas e milhos, cresciam deveras. Uns poucos dias, no contexto
das chuvas e insolações de verão, fizeram o desenvolvimento (em meio ao mormaço).
O produtor, na prática, queria averiguar as necessidades de alguns
reparos/suplementos. Alguma adubação ou herbicida para reforçar o crescimento e
vigor das culturas.
As plantas
estabeleceram sua lógica existencial. Elas, apreciando a alegria e esperança
estampado no rosto do proprietário, admiraram-se da postura (de consideração e
satisfação). O plantador, aos quatro ventos, parecia agradecer e sorrir. Os
milhos, cedo conversaram entre si, sobre a tamanha felicidade. Os eucaliptos e
as mandiocas, nas fábulas das plantas, explanaram sua concordância. A opinião,
praticamente unânime, dizia: “ – Que homem bom aquele fulano! Faz o possível e
o impossível ao nosso bem estar! Outras muitas pessoas, com o idêntico espírito
desse cara, deixariam/fariam o mundo bem melhor. A desgraça e miséria certamente
não seriam tamanha!”
Os animais, das suas
diversificadas criações, somaram-se aos comentários e opiniões. “Que homem
caprichoso e dedicado a profissão! Um legítimo empreendedor e inovador nas
atividades primárias! A sua propriedade assemelha-se alguma horta/jardim! Faz
tamanho bem a tantos! Apostamos que não haja contras!” As vacas, de maior
longevidade, pareciam os mais contentes e realizadas. Estas, em função do
leite, recebiam os melhores pastos e rações. Elas pareciam endeusar a bondade
do criador e plantador. A desconfiança única residia no sumiço misterioso, da
noite para o dia, de algumas parcerias.
As ervas daninhas,
eliminados e sufocados como espécies, alimentavam no entanto um ódio mortal. O
cidadão, sem dó e piedade, aplicava herbicidas. As capinas mecânicas eram uma
constante. As sementes nem tinham nascido e já recebiam venenos. As opiniões,
dos muitos adversários, versaram:“- O fulano, antes de morrer, precisaria
conhecer o idêntico remédio! A esperança das vítimas era de ‘Deus escrever
certo em linhas tortas’. Tudo que plantamos, colhemos lá adiante na vida”. A
estada deste, no entender das daninhas, parecia um diabo personalizado e a sua
propriedade um inferno em chamas.
O dono, bom para
tantos ruim para muitos, pensava somente no exclusivo e único objetivo: lucro.
A extrema caridade e dedicação, nas aparências, nada tinha haver com bondade e
generosidade (“de bom cristão”). Este, como quaisquer outros humanos, pensava
somente no dinheiro. A necessidade/obsessão era angariar/ganhar para cumprir os
seus muitos débitos e encargos. O aparente bem alheio, na prática, não passava
de preocupação com a fartura do bolso/da carteira. Os equívocos, da
interpretação dos acontecimentos e fatos, encontravam-se na cabeça dos próximos
e não na mente do dono.
A bondade ou maldade
encontra-se na cabeça de quem interpreta. O indivíduo somente vê o semblante
dos próximos, porém o coração ostenta-se uma tremenda incógnita. Cuidado!
Certas bondades e favores escondem segundas intensões. O dinheiro, como sangue
do sistema econômico, move os comportamentos e propósitos humanos.
Guido Lang
“Singelas Histórias
do Cotidiano das Colônias"