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segunda-feira, 1 de julho de 2013

O matrimônio temeroso


Uma senhora moça, moradora das colônias, manteve uma ímpar infelicidade! Ela, com companheiros e maridos, carecia de maior sorte!
A fulana, amplamente conhecida no pacato lugarejo, residia como tradicional moradora. A viuvez, nos dois primeiros casamentos, fez cedo surgir propostas de novas relações matrimoniais (com um terceiro elemento).
Os filhos menores, do primeiro e segundo relacionamento, exigiam alguma presença masculina. Em quaisquer casas, da zona rural, torna-se difícil a subsistência na eventual ausência de uma mãe ou um pai.
A cidadã, por acidentes e enfermidades, perdeu o trio de maridos. A solidez de espírito, em enterrar três companheiros, mostrou-se digna de admiração e piedade. Os comentários e falatórios, da má sorte, foram muitos e variados no seio comunitário!
O curioso ligou-se ao eventual quarto pretendente. Os candidatos, em função de temores doutro azar ou tragédia, relutaram em pedir a mão. Estes, apesar dos desejos, propuseram-se a “correr literalmente da raia”.
A fulana, como “aparente pé frio”, inspirava temores de fazer outra vítima. O pessoal procurou evitar de brincar com a sorte! As famílias, de eventuais pretendentes, cobraram paciência e sensatez!
A solução, como paliativo, consistiu em buscar novos ares em estranhas terras! Cada indivíduo com seus azares e bênçãos! O santo de casa carece de fazer maiores milagres!
Uns, em certos investimentos e negócios, parecem conviver com o azar. A vida, com os anos e épocas, revela incontáveis surpresas. O insucesso de uns revela-se o “ganha pão” (sustento) de outros!
                                                                             
 Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem:http://www.capriolo.org/pagina.php?pagina=148

domingo, 30 de junho de 2013

A incômoda interrogação



Algumas municipalidades, na época dos distritos, mantinham equipes de trabalho nas subprefeituras. Os munícipes, em função da enorme extensão territorial, careciam de serviços de qualidade e quantidade.
A secretaria de obras, nos interiores, não poderia atender as muitas e variadas emergências nas chuvaradas de inverno. A solução consistiu em improvisar melhorias e reparos com eventuais equipes de trabalho.
O subprefeito, como porta-voz direto do prefeito, controlava e fiscalizava os quadros. As linhas, em esporádicos momentos, ganhavam aberturas de desvios de água, colocações de saibro, mutirões tapa buracos, operações de roçados...
O resultado, em síntese com a coisa pública, consistia: “- Pouca produção para o número de funcionários” ou “um otário labutando e quatro espertalhões, em meio à animada conversação, apreciando o empenho individual na tarefa”.
Determinado subprefeito, diante da aparente inércia, resolveu fazer uma singela pergunta ao “grupo de insatisfeitos”. Eles, em função dos baixos ganhos, mantinham-se morosos e queixosos nas penosas e suadas tarefas braçais.
A interrogação, em forma de repreensão, consistiu: “Qual a diferença entre o capataz e o preá?” O bichinho, abundante e ágil, revelava-se morador das cercas de pedra e moitas de beira de estrada de chão batido.
O grupo comentou e pensou! Nenhuma resposta a contento! Algum aparente esperto teve a ousadia de afirmar da inexistência de qualquer relação. “O chefe encontra-se doido ou louco” foi o comentário generalizado.
A autoridade, na indefinição, concluiu: “- O preá sai correndo da estrada na proporção da achegada do chefe. O funcionário público, na proporção da chegada do responsável, pula da assombrada beirada via adentro (na aparência de estar e ter trabalhado)”.
O pessoal, diante do incômodo, careceu maiores conversações e gargalhadas. Os subalternos, no pleito vindouro, mostraram-se ferrenhos adversários e opositores!
Uns podem aparentar não saber, porém os fatos denunciam as práticas. A produção massiva consiste em trabalhar de forma contínua e hábil. Certas perguntas ousadas evitam a indisposição das respostas comprometedoras!
                                                                                
  Guido Lang
 “Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://impedimento.org

A paterna sobra


Um senhor, numa vida inteira, labutou para constituir família. Este pode ter esposa e filho. Os bens foram avolumados de forma morosa e suada!
Os anos transcorreram rápidos! A velhice achegou-se antes do imaginado! A esposa antecedeu a morte! O rebento constituiu família!
O cidadão, como pessoa idosa, viu-se isolado e sozinho neste grande e velho mundo! As parcerias novas, apesar das várias tentativas, não criaram raízes nos relacionamentos!
O filho, com a idade própria, arrumou sua “cara metade” (companhia feminina). Ela, na casa do sogro, adonou-se do espaço. Os reais donos pareciam marinetes!
A convivência, em poucos meses, revelou uma dura situação. O rebento tomou o partido da companheira. Esta, na alheia casa, fazia “sobrar o dono original”.
O senhor, agora ancião, via-se rejeitado na sua própria residência. Este sentia-se inconveniente e mal. A nora, numa tremenda indiferença, negava-se a conversar e travar relações.
O filho, diante da instigação e tomada de lado, vivia a reclamar e repreender. Dias difíceis e lamentáveis ocorriam depois duma laboriosa e pacata existência. As lamúrias e relatos, diante do adverso quadro, sucediam-se junto aos amigos e parceiros!
A desconsideração e descuido, com os genitores, revelam-se um problema social! Os filhos, em função dos compromissos e concorrências, carecem de interesse e vontade à convivência familiar original.
Muitos, na juventude, esquecem da situação de algum dia igualmente ficarem velhos. Certos tratamentos impróprios, em momentos e situações, tornam-se “pesos na consciência” durante a trajetória terrena. O mau exemplo familiar serve de cobrança e protótipo à descendência!
                                                                                                                                             
 Guido Lang
 “Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://rodopiou.com.br/?m=201208

sábado, 29 de junho de 2013

A modesta anciã


A senhora, na calada da manhã, toma a esquina duma movimentada rua. Ela, nos sessenta anos e tanto, procura reforçar o orçamento com alguma esmola.
O sereno e umidade, nos ares do inverno, levam-a a cobrir com alguma manta a cabeça. Esta, na proporção da sinaleira aberta, assenta-se numa pedra (como improvisada cadeira).
Um pedestre, com idade de ser seu filho, passa no logradouro público. Ele, num momento, assusta-se com a ímpar presença. A pobreza choque-lhe o coração!
O cidadão, numa rápida auto-reflexão, interroga-se: “- Quê será que sucedeu com a fulana? Quais os infortúnios da precária condição econômico-financeira? Será que carece de receber algum benefício? Os filhos e netos onde andam?”
O camarada, com alguma sacola de frutas, oferece umas cortesias. As bergamotas, laranjas e limas, levadas como merenda particular, podem ser escolhidas a bel prazer!
Ela, num assombro com a espontaneidade, parece não acreditar na bondade e gentileza! A fulana, num rápido olhar, encara o doador! Um leve sorriso salta-lhes nos lábios!
A fala, num instante, estendeu-se: “- Moço! Deus lhe pague o favor!” Este, como anônimo e singelo anjo, alegrou-lhe o espírito! O pouco fez diferença no âmbito geral!
O dinheiro nem sempre mostra-se a melhor escolha como doação! Os donativos, do estômago, revelam a real necessidade ou não da caridade!
Faça o bem sem olhar a ninguém! “O indivíduo precisa ser muito especial com quem poderia ser sua mãe ou pai!” O amanhã, nos seus infortúnios e sortes, só Deus abençoa e sabe!
                                                                            
 Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: 
http://novooqeisso.blogspot.com.br

A melhor idade


Uma cidadã, numa vida inteira, encontrava-se submissa a terceiros. Ela, na aposentadoria, pode mudar os desígnios e objetivos!
Esta, na infância, manteve-se submissa ao mando dos pais. As proibições eram muitas! O casamento achegou-se! O marido davam as rédeas. O controle íntimo conhecera “a marcação cerrada!”
Os filhos, num toque, advieram na família. Estes aumentaram as necessidades e obrigações. O trabalho, como complemento de renda familiar, tornou-se uma realidade.
As dedicações, horários e tarefas viram-se contínuos cobranças na casa e empresa! O tempo, como descanso ou folga, vieram sempre contados nos minutos! Cobranças de todos os lados e modos advinham das chefias!
A fulana, depois de muito contribuir e descontar, conheceu finalmente o almejado benefício. A viuvez, aos sessenta anos, tinha-se igualmente sucedido!
A liberdade, com ausência do parceiro e  maioridade dos filhos, pode “tomar as asas da existência”. Esta, dono do próprio nariz, pode organizar finalmente seus louros dias!
A organização, na melhor ou terceira idade, relacionou-se a degustar boas comidas, estender as horas de sono, passear a quaisquer horários, viajar noutras paragens... Ela pode planejar e ser independente!
A fulana, em semanas e meses, ganhou fisionomia revitalizada e sadia. Anos somaram-se ao conjunto das expectativas de vida! Os sorrisos retornaram aos lábios!
A independência econômico-financeira mostra-se razão de felicidade. Umas realidades, para uns, mostram-se bastante fáceis; para outros, no entanto, ostentam-se deveres difíceis. O indivíduo, com folgas e tempo, adquire maiores ânimos e desejos de vida.
                                                                    
Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.tremdavale.org

sexta-feira, 28 de junho de 2013

A passagem do lixeiro



O migrante, das áreas de plantação de soja e trigo, sai na direção do vale dos rios. Uma mudança completa no estilo de vida verifica-se!
Os locais de colonização original, com uma grande produção coureiro-calçadista, necessitaram de mão de obra barata e massiva. O cidadão, do trabalho braçal rural, ocupou-se numa linha de produção.
Ele, numa cidadezinha típica (de forte influência germânica), instalou-se numa principiante periferia urbana. Um conhecido falou-lhe da abundância de emprego e trabalho! 
Uma dificuldade tremenda consistiu em achar alguma casinha de aluguel. A solução, com outros forasteiros, consistiu em alugar e dividir peças numa improvisada pensão.
O trabalhador, nas primeiras semanas e meses, penou para adaptar-se a dura e diversa realidade. Ele, numa dessas, procurou inteirar-se dos dias da passagem do caminhão de lixo.
O assalariado, numa casualidade, interroga um nativo e singelo ancião. Este, com forte sotaque europeu, possui dificuldades de compreender o indagado.
A pergunta, em síntese, consistiu: “- Oh senhor! Passa algum lixeiro por estas bandas?” O ouvinte, conforme o sotaque do dialeto do Hunsrück, entende outra versão!
Este, na sua franqueza e modéstia colonial, responde: “- Ligeiro não! A polícia apreende!” Criara-se outra pérola do choque de culturas (entre o migrante e nativo; latino e a germânico).
Os elementos teuto-brasileiros, educados na língua materna do dialeto local, sofreram em assimilar e racionalizar em português. As histórias e gozações são inúmeras neste sentido!
Ostenta-se sábio falar e entender duas línguas do que um único e exclusivo idioma! O fato permite um comparativo entre os modos de agir e pensar entre as culturas!
As cidadezinhas, de origem europeia, primam costumeiramente pela acentuada falta de mão de obra. Os migrantes, na proporção da achegada, trouxeram acentuadas mudanças nos hábitos e costumes regionais. O ciclo do calçado, com o dinheiro em dólares, redimensionou o espaços das antigas colônias.

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://nossojornalsc.blogspot.com.br

O resultado como propósito maior



Pai e filho, numas oportunidades, foram apreciar as corridas de cavalo. Estas, de 1910 a 1960, ostentavam-se comuns na área da antiga Colônia Particular Teutônia.
Coloniais, no interior de alguns potreiros, improvisaram hipódromos. Os moradores, nos eventos pré-determinados numas domingueiras datas, afluíam em massivos números.
Vultuosas apostas, às condições monetárias dos produtores rurais, sucediam-se no ínterim das competições. As torcidas, na “proporção de doer no bolso”, viam-se acirradas e gritadas!
O filho, vendo os esforços das corridas, torcia por determinados animais. Ele, no geral, mantinha a preferência pelos mais adiantados nas largadas!
Estes, como decepção, nem sempre venciam. Alguns, como retardatários, surpreendiam no resultado. Os donos de animais, como estratégia de competição, definiam nos metros finais as corridas!
O genitor, com o exemplo da competição, explicou uma lição existencial. A carreira profissional assemelha-se a algum turfe. O cidadão pode correr atrás e não necessariamente sempre na dianteira!
O importante, no final da história, relacionava-se a chegada. O cidadão precisa vencer no resultado. O início e meio, como primeiro na posição, pouca diferença faz no âmbito da acirrada competição.
A esperteza e paciência, no andar da carruagem, mostram-se essenciais para alcançar os louros da vitória! Os resultados, no final das contas, definem os propósitos maiores!
As impressões iniciais nem sempre demonstram a realidade dos fatos. Um singelo exemplo abrevia um conjunto de explicações. Os louros, em meio ao exercício da paciência, advêm costumeiramente com a eficiência e persistência!
                                                                             
Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem:http://fundacaoruraldecampos.com.br