O senhor, na avançada
idade, acolheu acúmulo e guarida do dinheiro. A ampliação urbana, no original distrito
e posterior município, apurou imóvel. As extensões, nas outrora roças, acresceram
somas (na analogia do ouro). O ente, em aluguéis, loteamentos e moradas, virou afamado
e aforado. As cifras, no tempo, instituíram dividendos. A riqueza, nas
analogias (sociais), originou ciúmes, invejas e receios. As amizades, no total,
caíram na sobra de dedos na mão. A morte, no ensejo do funeral, externou associação
e estima dos amigos. A meia dúzia, em gatos pingados, acorreu ao séquito. Os
familiares, no arrasto do esquife (ao último lugar), forçaram-se alocar mão. A ausência,
em acessórios, revelou-se marcante e melindrosa. O sujeito, em resumo, assistiu-se
deveras rico em dinheiro, contudo muitíssimo desprovido em relações. A grana,
na subsistência, apresenta-se indispensável, entretanto carece de significar alegria.
As pessoas, no comum, abominam e invejam
afortunados e sortudos.
Guido Lang
“Fragmentos
de Sabedoria”
Crédito da imagem: http://www.thebrasilians.com/
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