Espécies exóticas, introduzidas nos
anos sucessivos de colonização, vem mudar um cenário milenar. Estas, de forma
discreta, vão conquistando o espaço das encostas e morros quando as aves, de
forma geral, tratam de levá-los aos cantos e recantos das localidades. Os
forasteiros, com acirrado vigor de desenvolvimento, começam a tornar-se uma
aparente praga na proporção de sufocar as espécies originais. Diversas
espécies, nos resquícios da Floresta Subtropical Pluvial/Mata Atlântica,
mostram-se sufocadas, quando conheceram “a astúcia dos importados”.
Refiro-me, como espécies de árvores,
ao ligustre/sempre-verde, uva-japonesa, eucalipto, aroeira brava, canela da
Índia, cinâmomos... Os humanos, nalguma etapa da colonização, trouxeram as
espécies como árvores ornamentais, quando inicialmente viram-se transplantadas
costumeiramente nos pátios. A beleza e a qualidade da sombra foram razões
iniciais no que, em anos e décadas, tomaram dimensões do domínio. Os pássaros,
com o consumo das sementes, defecaram nos diversos espaços, quando, com o
abandono das áreas íngremes como lavouras, assumiram a predominância.
Sufocaram, em boa dose, espécies nativas, quando encontram-se
inseridas/adaptadas como nativas.
A qualidade da madeira, à combustão,
ostenta-se um aspecto positivo, quando permite o corte diante da legislação
ambiental protetora das nativas. O fato, em boa dose, leva a um empurrão do
homem, que empurra-os para um quadrante maior. As principais espécies, com
maior facilidade de difusão, relaciona-se ao ligustre/paulistana e
uva-japonesa, que encravam-se em baixadas, cercas, córregos, matos... Estes,
numa década, assumem a predominância de quaisquer espaços alcançados, enquanto
as nativas incorrem no perigo do extermínio. O verde-escuro dos sempre-verdes e
o verde-claro das uvas-japonesas, aos olhos atentos e conhecedores, salienta-as
a boas distâncias quando mostram o seu predomínio nas encostas.
A
ação antrópica, das décadas de ocupação das localidades, começa a revelar a
ação, quando, aos cenários coloniais, introduziu-se uma gama de espécies
exóticas desejadas e indesejadas. Muitos moradores dão-nas como nativas em
função da fácil adaptação quando, na prática, exterminam outras espécies
locais. O registro fica como curiosidade histórica deste fato ímpar que veio
redimensionar uma situação.
Guido Lang
Livro “Histórias das Colônias”
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