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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A atrofia mental


O ancião, com os seus setenta anos e vai pedrada, acabou recém operado. A recomendação médica, de forma expressa, aconselha ficar resguardado dentro de casa!
A proibição, depois do sútil corte, receita a abstenção de fazer força e trabalho. Uma dificuldade tremenda, para quem desde tenra idade, acostumou e criou-se na labuta!
A vivência, numa aparente hibernação animal, origina o retrocesso mental. As saídas, curtas e rápidas pelas circunvizinhanças, carecem de arejar e preencher o vazio!
O indivíduo, como passatempo, pensou em constituir rodada semanal de baralho. A dificuldade, diante dos poucos próprios da idade, consiste em arranjar parceiros!
Os jovens, de modo geral, convêm descartar. Estes, com seus variados interesses e obrigações, carecem de ânimo e tempo. A solução convém externar convite aos casais amigos!
O objetivo, em síntese, consiste em criar e estabelecer alguma companhia de carteado. A prática, como diversão e passatempo, exercita a mente e ocupa o ócio!
O rigoroso controle no jogo revela-se exigência da competição. Os cálculos matemáticos, das inúmeras e variadas combinações, evitam ou retardam a atrofia mental!
O baralho, entre amigos e familiares, possui acirrados adeptos. O forasteiro, pelos armazéns, bares e lancherias, pode apreciar o pessoal reunido ao redor da mesa de jogo!
Os problemas mudam de acordo com as idades e situações das pessoas. O jogo revela-se necessariamente nem sempre ócio ou vício!
                                                                                
Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.efecade.com.br/baralho/

Partido do Interesse Próprio


Um político, durante décadas, “mamou nas tetas duma agremiação partidária municipal”. Ele, como situação, ocupou cargos e funções do primeiro e segundo escalão das administrações. Este, “liso como sabonete”, vivia a “agradar e rodear os caciques e raposas”!
O cidadão, no ínterim, “fez o pé de meia”. Os altos salários permitiram vivenciar a mansa vida. A mansão fora edificada. Os filhos puderam cursar universidades. As reservas, como economia pessoal, puderam ser guardadas e investidas em empresas e imóveis!
A situação, numa fragorosa derrota, tornou-se oposição. Os anos de governo trouxeram o desgaste político. O camarada, a semelhança da troca de vestimenta, migrou de partido. Este, com “a maior cara de pau” de opositor, retornou à situação!
Um amigo e eleitor, diante do esdrúxulo comportamento, questionou a atitude. O fulano externou: “- A ideologia, a essa altura do campeonato, de pouco importa! Os salários extraídos do cocho prevalecem! A coerência e correção revela-se mero detalhe!”
A realidade partidária, como afronta ou lorota aos eleitores, tem sido a postura. Os ganhos financeiros norteiam os passos. A ética e ideologia, em serviços dignos aos contribuintes, vêem-se relegados! Os polpudos salários honram as contas no final do mês!
O atraso cultural reflete-se nos quadro das escolhas políticos. O comércio velado dos votos resulta nos mercenários homens públicos. O poder financeiro corrompe as virtudes. A correção e honestidade, em um mundo “onde salve-se quem puder”, ostentam-se nobre pérolas!
Uns, no máximo, conseguem olhar a distância do próprio umbigo. A política, numa legislação frouxa, tem ensinado e favorecido malandros e mercenários!

                                                            Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.sinaldetransito.com.br

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O pleno amadurecimento


O produtor, na diminuta propriedade, mantinha um capricho e dedicação especial na extração das necessidades. As bananeiras ostentavam aquele xodó e colorido excepcional!
As plantas, pelas cercanias do pátio, difundiam-se como lavoura e plantação. O autoconsumo, nas deliciosas frutas, ganhava a primazia do interesse e procura!
O embelezamento e sombreamento somava-se ao cenário colonial. A cultura integrava o conjunto da horta, jardim e pomar! Um refúgio perfeito via-se para a variada fauna!
O solo, mesmo diminuto e restrito, ganhou o racional aproveitamento. A adubação complementava eventuais carências e deficiências de nutrientes!
Os cachos, em função de modesto segredo, possuíam o divino sabor. O adocicado, comparado aos frutos amadurados dos supermercados, contrastavam na qualidade!
O mistério, a partir do comportamento dos pássaros, advinha do detalhe. A colheita dos cachos, na práxis do produtor, sucedia-se unicamente na proporção do avanço da fauna!
As aves, como naturais da terra, conhecem o pleno amadurecimento. As unidades, em desenvolvimento e maturação, alcançaram a magna perfeição na proporção dos avanços!
A apreciação dos frutos, no calor das refeições e sabor dos intervalos dos trabalhos, é saborosa. Custa achar alguma sobra. O conhecimento liga-se a época própria do corte!
Os pioneiros, como néscios da vegetação original, inspiraram-se no comportamento da fauna. Os frutos, de abundante consumo das aves, permitia a plena digestão humana!
O excessivo fracionamento dos lotes lança os começos da agricultura de jardinagem. O astuto e esperto, para aliviar encargos e somar ganhos, concilia o agradável ao útil!
                                                                                     
                                                                                   Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.significadodossimbolos.com.br/

Os fogões de lenha


O sol primaveril tomou ares do divino aquecimento e aparecimento. Os ambientes impróprios, diante da prologada carência, ganharam arejamento e secamento!
O astro rei, depois de três meses de frio, achegou-se as habitações e vilas das encostas e morros. As casas, localizadas na direção norte-sul, careciam da abençoada presença!
Os meses, de junho a agosto, produziram gelados e mofados ambientes. Os locais tiveram dificuldades com as intermináveis e prolongadas gripes e resfriados!
As habitações, nos ambientes interiores, tornaram possível a sobrevivência graças à eficiência dos fogões de lenha. Estes ganharam a primazia da serventia!
Os artefatos, durante dias e noites inteiras, valeram-se da constante combustão. O aquecimento, diante do gélido e úmido ar, tornou arejável e habitável as singelas peças!
Os calçados e roupas, nas cercanias, viram-se estendidas e secadas. As proximidades, em reunidas famílias, ganharam a convivência. As cozinhadas e fervilhadas somaram-se nas chapas!
As dificuldades, no geral de carentes ou migrantes, levou a improvisação habitacional. As casas e casebres, em meio à declividade e vegetação, ganharam campo fértil e nobre!
A especulação imobiliária e variadas taxações levaram habitações as inóspitas áreas. Os vileiros, nos centros maiores, obrigam-se a ocupação e refúgio em banhados e encostas!
As necessidades, diante das carências monetárias, conduzem as improvisações e inovações. As pessoas degladiam-se para sobreviver e viver nas inúmeras e muitas vilas!

                                                                                   Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.panoramio.com/photo/15474624
Foto de Elcio Douglas

terça-feira, 15 de outubro de 2013

As prioridades


O jovem, sem maior bonança e elegância média, precisou definir e inovar prioridades. Ele, como necessidade de reconhecimento, aprimorou dotes e vocações. A precoce descoberta redimensionou cursos e estudos!
O fulano, numa ímpar esperteza no gênero humano, conheceu cedo alguns princípios básicos das relações sociais. A convivência familiar e escolar foi essencial no aprimoramento e desenvolvimento dos dons!
A artimanha, para conquistar amizades e fazer-se ouvir, consistiu em desenvolver a habilidade de contador de piadas. Alguma havia para cada dia. As muitas formaram um acervo mental ímpar e valioso!
A estratégia, para ser lembrado e respeitado, relacionou ao aprimoramento da vocação musical. O fato, como boa pinta, oportunizava conviver nos muitos e variados ambientes festivos e  meios culturais!
A última grande artimanha, para estar cercado de mulheres, revelou-se em ser exímio dançarino. Os vários ritmos, nas escolas próprias, foram assimilados para abrilhantar e chamar atenção nos locais de dança!
A habilidade especial, como segredo de família, consistia no chamarisco para estar cercado de belas e interessantes companhias. O cidadão, nas intimidades, ostentou-se “aquele garanhão das madrugadas”!
A vida ensinou-o a ser amigo, esperto e falante. Um parceiro agradável e amigo para os inúmeros ambientes e situações. O trabalho, duro e suado, escolheu maior distância! A existência mantém-se afinal uma exclusiva e única dádiva!
O indivíduo precisa aprimorar dons e vocações para ganhar e preservar a vida. O cidadão pode nascer burro, porém jamais deve morrer imbecil!

                                                                               Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://mariowneto.wordpress.com

Passe adiante


O estudante, por uns bons meses, ficou hospedado na casa duma modesta senhora. A anciã, como companhia e segurança, interessou-se na estadia do universitário!
O jovem, como estagiário, careceu de dispender dinheiro pelas necessidades. Os confortos e mimos oferecidos assumiam ares de hotel. O consumo ficou por conta da casa!
O dia final, de retorno à universidade, achegou-se numa certa altura. O pedido, na despedida, tratou das muitas e variadas despesas e encargos!
O rapaz, em função das dificuldades, antecipou-se na condição financeira. A conta, de aproximados meio ano de estadia, seria dolorida e salgada!
Qual o valor devido pelos muitos dias de convivência? O custo de vida, como de costume, encontrava-se oneroso. As carências eram muitas para uma família humilde!
A dona, numa generosidade ímpar, surpreendeu o interrogador. Esta sentenciou: “- Fulano! Estás devendo simplesmente nada! Passa adiante a gentileza para quem precisa!”
O estudante ficou de boca aberta e agradeceu de todo o coração. O fato, por décadas, “martelou na cabeça” do agora senhor. Este, nas noites, relembrava da dádiva e débito!
Um primo, num certo dia, precisou duma área para edificar o asilo de idosos. O cidadão, tendo um punhado de terras, careceu de pensar num segundo pedido!
O camarada, de imediato, colocou a disposição à doação de mil metros quadrados. A sua melhor área foi destinada para o nobre e ousado empreendimento!
A recomendação, de lá adiante, renovou-se de repassar a gentileza. O fato levou a ajuda a inúmeros amigos e desconhecidos idosos. Um aconchegante prédio criou-se no local!
O combinado, nalgum momento, precisa ser cumprido. O bem ofertado, com amor e satisfação, multiplica-se em centenas ou milhares de benefícios!
Deus Pai, de inúmeras maneiras, vale-se para enaltecer e enobrecer a grandiosidade da criação. O cidadão não leva nada deste mundo, porém só deixa ensinamentos e lembranças!
                                                                                  
Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.mundodeflores.com/

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A doação


O proprietário, há dezena de anos, iniciou a colheita do eucalipto. As árvores, a beira da estrada geral e próximas a rede elétrica, assombravam forasteiros e moradores pelo tamanho!
Os cálculos, em meio a variadas previsões de rendimento, consistem em centenas de metros. Os compradores, aos poucos, aconchegam-se para arrematar a matéria-prima!
A quantidade, em pedaços de madeira, revela uma incrível produção. O indivíduo, a título de brincadeira, pode caminhar de um a outro pedaço de lenha por longa distância!
Um aparentado e vizinho, em meio a abundância e fartura, quis meia dúzia de varas. O colonial, junto aos cortadores, pediu pelo corte e valor da mercadoria!
O proprietário, de bom coração e humor, foi gentil: “- Custam simplesmente nada! Como vou lhe cobrar os modestos metros! Veja o milagre divino! As tenras mudas produziram essa maravilha! Acerta unicamente o dispêndio dos cortadores!”
O beneficiado ficou boquiaberto e estático com a generosidade e grandiosidade de espírito. Este, no sistema onde todos querem comercializar e ganhar, desconhecia este tipo de procedimento!
O cidadão, na real, carece de criar e produzir. Este, no máximo, reforma ou reproduz! Os artigos decorrem da criação e doação divina!  O trabalhador, como instrumento, mostra-se ferramenta das evoluções e realizações maiores!
“Uma mão, como cortesia, lava a outra; as duas, no cotidiano, abençoam muitas outras”. O dinheiro, apesar de ser imprescindível à vivência, carece de ser a essência dos relacionamentos!

                                                                           Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://imagensface.com.br/