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sexta-feira, 26 de julho de 2013

A mudança populacional


Um morador, durante trinta e dois anos, ausentou-se da localidade de nascença. A mudança de endereço, em função do casamento e trabalho, tornou necessária a migração.
A admiração e o espanto ocorreram no ato do retorno. Poucos conhecidos, velhos amigos e parceiros, viviam ainda no lugarejo. Pessoas novas ocuparam o espaço!
Os tradicionais patriarcas, com raríssimas exceções, haviam perecido. As crianças e jovens, na época da saída, tinham no ínterim constituído suas famílias.
Alguns filhos dos filhos daqueles tinham igualmente famílias e rebentos. Alguns novos, com os casamentos e vendas de lotes, haviam afluído e se instalado no espaço.
Os parceiros, da assemelhada idade e convivência escolar, tinham-se como contar nos dedos duma mão. A dificuldade consistiu em ter gente para conversar sobre os idênticos assuntos e interesses!
O jeito, como sabedoria, consistia em aprender a conviver com as novas gerações. Alguns velhos companheiros, próprios da idade, viviam enclausurados nos cantos e recantos. As companhias mostravam-se desinteressantes e inviáveis!
O cidadão, na infância ter profetizado a situação, acabaria tachado de louco pelos amigos. O imaginado, numa completa diferença, transcorreu com os fatos e vivências!
As mudanças, há cada dia ou semana, revelam-se constantes e rápidas. A idade avançada, para quem alcança, advém antes do imaginado e previsto! A vida, unicamente com o tempo, ensina certas realidades e vivências!

                                                                                             Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem:http://www.solosedieblog.com

A imperfeição divina


Um produtor, a título de forragem, plantou uma imensa lavoura de cana. A plantação, às intempéries do tempo, via-se como reserva alimentar do gado!
A área, numa encosta de morro, ostentava uma caprichosa e produtiva lavoura. Um colorido ímpar, no seu verde claro, via-se externado no cenário geográfico rural!
Um curioso, numa ocasional visita, admirou-se do tamanho da cultura. Uma dimensão ímpar às metragens existentes nas propriedades minifundiárias de subsistência!
O cidadão, a título de intrometido, perguntou: “- Quantos dias levas para capinar toda essa extensão? Pouco tempo não deve ser para tamanho capricho e dedicação à produção!”  
O plantador, em termos gerais, disse: “- Aproximados sete dias de persistência e suor! O idêntico número de dias que Deus Pai levou para criar o mundo!”
O camarada, num questionamento ímpar, rebateu: “- O Criador, em função da pressa, criou errado a geografia. O cidadão pode reparar os equívocos no grande número de águas, baixadas, crateras, cumes, encostas, pedreiras, praias, vales... Uma buraqueira e ondulação danada!”
Certas conversas e respostas carecem de maiores explicações e referências. O indivíduo, por melhor que realiza certas tarefas, depara-se com acirradas críticas e questionamentos! As realizações de uns, incomodam os outros!
Uns arriscam-se a divergir e questionar as concepções divinas. O Homem, em função da extrema inteligência e racionalidade, atribui-se desígnios divinos. A natureza, despreocupada com os atropelos e querelas humanas, segue sua meta e sina!

                                                                                              Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Obs.: História narrada por Lirio Klein/Boa Vista Fundos/Teutônia/RS.

Crédito da imagem: http://experiencepc.wordpress.com/caterorias/wallpapers/

quinta-feira, 25 de julho de 2013

A caçada amorosa


Um jovem, ao cidadão tarimbado, pediu a manha de chegar às meninas. Elas, nas colônias, mantinham-se escassas e exigentes!
O fulano, morador das colônias, mantinha poucas chances de arrumar uma em especial (diante das incursões e ousadia da gurizada das cidades). O embaraço via-se como um tremendo empecilho!
O senhor, com muita quilometragem (rodada nas colônias e cidades), explicou-lhe o segredo. Este deveria nortear-se pelo exemplo da caçada aos pombos do mato.
As aves, num protótipo de ousadia e vigilância, revelam-se deveras xucras! Os caçadores, audazes e experientes, conseguem unicamente abatê-las!
O senhor, em síntese, explanou: “- O caçador, diante da ave deveras arredia, coloca algum alimento próximo ao córrego ou nascente. Insiste, por alguns dias, no ato. Este, na hora do abate, fica de tocaia. Os pombos vem comer e ele dá o certeiro tiro!”
Este, na sequência, concluiu a explicação: “O enamorado, à menina escolhida, seiva com agrados, elogios, sorrisos... Ela, aos poucos, aconchega-se e cai na manha. A inteligência e paciência mostram-se primordiais”.
Quê uns tem demais, outros tem de menos! O difícil de uns, mostra-se fácil a outros! O cidadão, nas ambições e desejos, precisa arriscar a sorte e colocar de lado a timidez!
Cada qual com as espertezas e inteligências para atingir os objetivos. As dúvidas e perguntas do povo explicam-se com linguagens acessíveis e exemplos concretos. O óbvio, dos adultos, precisa ser explicado e exemplificado às crianças e jovens!
                                                                                 
Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem:http://1ms.net

A velada gozação


Um colono, morador das proximidades da venda, procurou comprar e pegar um saco de farelo. Os suínos, junto à lavagem, precisariam de algum complemento alimentar.
O colonial, em função da distância e exclusiva unidade, procurou carregar nas costas. O percurso, de aproximados quinhentos metros com cinquenta quilos, permitia carregar no lombo.
O trabalho de cangar os bois. Colocá-los na carreta. Abrir cancelas do potreiro. O serviço parecia demorado e oneroso. O rápido seria carregar de próprio punho!
O carregador, no meio do trajeto, depara-se com um velho conhecido. Este, a título de descuido e propósito de não alevantar o saco, manteve o peso estático nas costas.
O parceiro, no ínterim, conta uma novidade em cima da outra (com vista de amarrar e demorar). O indivíduo, com o peso alevantado nas costas, dá vazão à chacota dos conhecidos e clientes da casa comercial.
O ingênuo, por uns bons quinze minutos, ficou parado com a meia centena de quilos no lombo. A imitação de algum burro mostrou-se um cenário próprio!
Os antigos, a título de gozação, tinham o hábito e passatempo de aplicar peças e trotes. Alguma tolice, a título de boa nova, via-se difundido aos quatro ventos!
Quem não teve ou tem as suas burrices e idiotices? O indivíduo, nalgum momento, cai nalguma artimanha ou “fria” como chacota ou lorota!
Os humanos, a exemplo dos símios, adoram rir-se dos próximos e semelhantes! A burrice e idiotice alheia revelam-se razão de boas gargalhadas e gozações!
Uns custam a safar-se das esdrúxulas e incômodas situações. O esperto previne-se a certos acontecimentos e apertos! A vida, nalgum momento, prega-nos nobres e sublimes ensinamentos e trotes!
                                                                            
Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

 Obs.: História narrada por Lothário Dickel/Boa Vista Fundos/Teutônia/RS.

Crédito da imagem: globomidia.com.br

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Uma explicação paterna


Um pai, entre às sete e oito horas da manhã, precisou levar a filha à rodoviária. Eles, pela estrada geral e ruas principais da cidade, depararam-se com o amontoado de gente!
Os dois, no ínterim, puderam reparar as pessoas num dia normal de trabalho. Muitos deslocando-se aos locais das fábricas. Outros a labutar pesado na construção civil.
O frio, no sabor do inverno, deixou de ser empecilho ao trabalho. Horários, das jornadas, precisaram ser cumpridos. A produtividade, para custear os salários, necessitou ocorrer!
O genitor, a jovem, explicou: “- Filha! Aprende para ganhar o dinheiro mais fácil. Quem estuda, ostenta certas regalias. A cabeça ajuda a quem se ajuda! A oportunidade não pode transcorrer em branco! A chuva nem sempre cai na horta da gente!”
A obrigação paterna, nos anos de experiência e vivência, consiste em ensinar e explicar as entrelinhas da existência. Os bons exemplos, para o entendedor, ensinam e falam por si próprios!
Quaisquer pais almejam um melhor aos seus filhos. Felizes aqueles que têm pais espertos e pacienciosos. A conversação e convivência revelam-se primordiais para conhecer e preservar as histórias e tradições familiares!

                                                                                            Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem:http://observatoriodiasporas.org

O intruso da encosta


Um morro, a longa distância, revela a presença dum ousado forasteiro. Uma planta, em meio à vegetação natural, dá os ares da sua diferença, graça e vigor!
Os coloniais, donos da propriedade, admiram-se da sua excepcional presença. As perguntas persistem: - Como acabou naquele íngreme espaço? Quem a introduziu?
A circulação humana, naqueles obstáculos naturais (de encostas e morros), ostenta-se esporádica ou nula. A espécie, nas cercanias, inexiste como cultura de reflorestamento!
Alguma modesta semente, Deus sabe donde, acabou introduzida e germinada entre nascentes, pedras e plantas. Um milagre da multiplicação da vida! Uma maravilha do vigor vegetal!
O curioso, como espécie rejeitada, relaciona-se a carência de consumo pela fauna silvestre. Os animais e aves, no cardápio, renegam o Pinus Elliottii (conhecido como pinheiro americano).
Alguma causalidade, com razão desconhecida, introduziu a espécie. A planta, como exótica da América do Norte, faz concorrência acirrada com a vegetação nativa.
Outras árvores, junto as amoreiras, sempre verdes e uva japonesas, prometem infestar baixadas e encostas. Milenares e valiosas espécies naturais incorrem no extermínio! Os visitantes cedo acabam mandando no campinho!
Os matos naturais, diante do vigor das exógenas, encontram-se no sério desafio da sobrevivência. A natureza possui seus segredos da difusão e preservação. Quem quer sobreviver, obriga-se a se adaptar aos diversos ambientes!

                                                                          Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Obs.: História contada por Edson Dickel e Lothário Dickel/Teutônia/RS.

Crédito da imagem:http://www.conifers.org

terça-feira, 23 de julho de 2013

O segredo do mel


Os antigos, após os primórdios da colonização da Colônia Teutônia (1868), mantinham limitados recursos. A solução consistia em conhecer, observar e praticar!
Um colonial, a título de exemplo, não gostava do mel açucarado. Este, no frio de inverno, tratava de endurecer. O produto, no entender particular, deixava de ostentar aquele charme e qualidade natural.
O cidadão, conhecendo o calor do milho (amontoado em forma de espigas no paiol), resolveu inovar. O mel, armazenado em tachos, via-se guardado e introduzido no interior do amontoado do cereal!
O calor, repassado ao produto, mantinha a doçura e frescura natural. O açucarado deixou de haver com a singela prática. O açúcar de cana, com a carência monetária, via-se artigo de luxo ou remédio!
A inteligência consistia em achar uma prática e sabia solução aos dilemas. O propósito, como paliativo, advinha de unir o útil ao agradável.
O cidadão, nas adversidades, precisa aprender a virar-se. A inteligência consiste em achar saídas espertas as dificuldades imediatas! As soluções costumeiramente encontram-se na própria casa ou cercanias!
A modernidade, com o desenvolvimento e instalação das tecnologias, suplantou velhas práticas. Quaisquer exemplos e ideias, por mais malucas, encontram adeptos e seguidores. Os jovens, criados em meio às muitas facilidades, ousam ainda criticar e reclamar!

                                                                             Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.entrenalinea.com.br