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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

As cigarras mecânicas


O barulho, de forma ininterrupta, espalha-se no cenário colonial. O tempo ensolarado e seco ostenta-se propício à colheita. O sistema precisa produzir para honrar encargos!
Os produtores, no contexto das idas e vindas de máquinas, enfurnaram-se nas lavouras. O objetivo, no calor e pressa, consiste em colher a abundância de milho!
O cereal verde, como silagem, precisa da extração. O armazenamento, em grossas lonas, ocorre nas imediações das instalações. O trato vê-se resguardado das intempéries!
O produto, na conserva animal, ostenta-se a principal alimentação às vacas. A corrida, por dias, sucede-se contra o tempo. O solo úmido, na chuva, poderia atrapalhar a empreitada!
Os plantadores, depois da adubação, querem as terras à nova safra. As três, no único ano, tornaram-se necessárias para angariar lucro. O sistema exige cobrir muitas obrigações!
As cigarras, na propícia época, labutam dia e noite. A ideia, tempo ser dinheiro, prevalece nas concepções. O aproveitamento, do milho inteiro, revela-se mais em conta!
As pessoas, no sol quente de rachar, submetem-se em acirradas e penosas jornadas. O milho em grão, no trato de escassas criações, tornou-se restrito alimento nas propriedades!
A silagem revela a modernidade na agricultura familiar. A revolução agrícola achegou-se nas pequenas propriedades. O lema consiste em produzir muito em pouca área!
O acirrado capitalismo implantou-se nas pacatas lavouras. O massivo trabalho tornou-se obrigação para cobrir os empréstimos e financiamentos!

Guido Lang
“Crônicas das Vivências”

Crédito da imagem: http://colinasrs.com.br/site/noticia.php?id=2266

A solidão coletiva


Os indivíduos, nas aglomerações, andam cercados de semelhantes. As pessoas, nas casas, ruas e trabalhos, revelam-se aos milhares. Gente por todos os cantos e recantos!
O cidadão, na curiosidade, mostra-se mero indivíduo no conjunto. Outro número somado na documentação. Um dado estatístico apontado nos órgãos de levantamento!
A preocupação essencial consiste em sobreviver e viver no contexto da selva de pedra. A dificuldade, “em meio aos galhos secos”, consiste em extrair alimentos e pagar encargos!
Os amigos e conhecidos ostentam-se escassos. As pessoas, na multidão, carecem de criar afinidades e relações. Conversas esporádicas e superficiais ocorrem com alguns próximos!
Os semelhantes, nas carências de convivência, perpassam como estranhos ambulantes. O comprometimento lê-se contrapartidas. O tempo sepulta quaisquer afinidades!
Os indivíduos, nos agrupamentos, convivem no isolamento. A multidão cerca, porém blinda aproximações e diálogos. O descaso e solidão predominam nas existências e vivências!
Pessoas, na apatia e indiferença, circulam como objetos ou sombras. As aproximações e relações ostentam-se dilema. As “amarradas e fechadas caras” inspiram temores!
As cidades, na história “tudo por dinheiro”, desumanizam o gênero humano. A selva de pedra, na desconfiança e insegurança, inimiza ou rivaliza os semelhantes!

Guido Lang
“Crônicas das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.jb.com.br/

domingo, 26 de janeiro de 2014

A infindável fila


Outra batida e morte sucederam-se na estrada. O engarrafamento, em minutos, instalou-se na principal rodovia. Veículos, nos dois sentidos, avolumaram-se as centenas!
A interminável fila estendeu-se de perder de vista. A via, no sentido contrário, poderia ter inexistido no problema. O congestionamento tomou igual confusão!
A balbúrdia transcorreu do singelo detalhe. Curiosos trataram de parar para averiguar o sucedido. Outra infeliz vítima, como rapaz, mostrou-se ceifada na dura sina das estradas!
Jovens são ceifados como se fossem soldados numa guerra. Os pais, na dor e lamúria, enterram a própria carne. A loucura descreve a necessidade dos constantes deslocamentos!
O detalhe: os ousados, nos celulares, acentuaram o caos para extrair fotos. O objetivo, em primeira mão, consiste em postar na internet. O fato reforçou perigos e tranqueiras!
Humanos, a princípio, gostam da anomalia e tragédia. Pessoas, em estranhas posturas, adoram averiguar e registrar desgraças. Semelhantes, no trânsito, perecem como formigas!
As anomalias, em instantes, avolumam multidões nas cidades. As pessoas, no irreparável, enxergam em primeira mão. O diverso e variado desperta atenção!
O indivíduo, de longa vida, tornou-se sinônimo de sabedoria. Os congestionamentos, na carência do transporte coletivo, descrevem o desperdício e irracionalidade das sociedades contemporâneas!

Guido Lang
“Crônicas das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.valor.com.br/internacional/2770850/apagao-piora-na-india

O ocasional achado


O cliente, na porta de entrada da agência bancária, deparou-se com extraviado cartão. A surpresa mostrou-se com o descuido. A sã consciência clamou pelo ajuntamento!
O trio de clientes, no temor do comprometimento, externou indiferença. Este, na proposital forma, passou por cima do perdido artefato. A ideia era não perder tempo!
O cidadão, no achado, ajuntou como educado cavalheiro. O procedimento, no momento, consistiu em interrogar pela propriedade. A pergunta careceu de resposta!
A expressa olhada, no nome, revelou a propriedade da cliente. Os presentes, à surdina, acompanharam o caso. O curioso: estes na real quiseram averiguar o desfecho!
O camarada, na ausência, enfiou debaixo da porta principal de acesso da agência. O gerente, na casualidade, achegou-se nos sucessivos instantes. O fato acabou comunicado!
As filmagens reforçaram a clareza e transparência. Os agradecimentos advieram pela nobreza de espírito. Os indivíduos, da criminalidade, revelam-se desconfiados e temerosos!
A pessoa, correta e justa, auxilia nas dificuldades e problemas. O cidadão, em momentos, perpassa como anjo. A devolução, do extraviado, ostenta-se dádiva e obrigação!
A sabedoria externa-se na esperteza dos procedimentos! A boa índole revela-se nas gentilezas e gratidões!

Guido Lang
“Crônicas das Vivências”

Crédito da imagem: http://familiahore.com/wp-content/uploads/2013/11/Quais-s%C3%A3o-os-servi%C3%A7os-gratuitos-do-banco.jpg

sábado, 25 de janeiro de 2014

A cobertura dos dispêndios


O rebento, estudante universitário na grande cidade, achegou-se às férias. A família, como filha das colônias, abriga e hospeda com alegria e satisfação. “O bom filho a casa retorna!”
O pré-estabelecido, como manda a tradição comunitária, relaciona-se a aprendizagem e encargos. O rebento, depois do descanso e folga, dedicou-se na ajuda das tarefas!
A escassez de mão de obra, no meio colonial, obriga a contribuir. Ele, a título de aprendizagem e cobertura das despesas, auxilia nas rotineiras atividades de sobrevivência!
A jornada, na propriedade, ostenta-se prolongada e variada. As tarefas, no exemplo, envolvem arrumações no pátio, cultivos na horta, roçados na vegetação, tratos de animais...
A disseminada ideia subsiste: “mostrar interesse e produzir para ganhar o pão”. A variedade, nas jornadas e ocupações, alivia mente, desliga rotinas, reforça nervos...
Os filhos, na tenra idade, assimilam a importância e valor do trabalho. O indivíduo, na autoprodução dos alimentos, agrega qualidade e sabor! Um bom suor lê-se como saúde!
A dificuldade de ganhar o dinheiro leva despendê-lo com esperteza e moderação. A labuta enobrece o espírito e fortifica o corpo!

Guido Lang
“Crônicas das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.toczek.com.br/

A alheia mesa


A filha, com o namorado, achegou-se a família. Ela, por estudo e trabalho, ausentou-se por longas semanas. A ausência acentuou as diferenças de crenças e princípios!
A presença, na hospedagem, entendeu-se por alguns dias.  A ceia, em alta conta, consistia na reunião familiar. “A família que trabalha unida, permanece reunida!”
O cardápio, na base da alimentação, eram os artigos cultivados e extraídos da propriedade. Esparsas compras somaram-se nos almoços, cafés e jantas!
A visita, na reclamação ímpar, ousou na ceia: - “Sempre o mesmo”. A paterna resposta, no exato tom e momento, discorreu: “- Pega teu dinheiro e vá comprar o preterido!”
As afrontas exigem contrapartidas em respostas. O cidadão, na alheia mesa, aceita o ofertado. A cara de pau chega a ofender em situações. “Cavalo dado não se olha os dentes!”
O mal educado, dos alheios, cobram carências. Os limites, na ocasião própria, ostentam-se antídoto aos desbocados. Os pais precisam impor-se na petulância dos rebentos!
As repreensões na juventude abreviam maus tratos na velhice. O silêncio, em momentos e situações, ostenta-se bela e nobre resposta!

Guido Lang
“Crônicas das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.blogrealizandoumsonho.com.br/

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O desconhecimento


Os colegas, no trabalho, labutaram anos como parceiros. Um, nas dificuldades do outro, auxiliava nas tarefas. Aquele velho princípio reinava: “uma mão lava a outra”!
As convivências, em momentos, permitiram as vãs conversas. Uma pessoa externava comentários da existência. As fofocas, situações, corriam igualmente na rotina!
Outros colegas, no conjunto, somaram-se na convivência. Uns detalhes, de certo aspecto, jamais foram comentados. Estes ligavam-se as crenças pessoais, formação escolar, relações amorosas...
Os indivíduos, no contexto urbano, ignoram fatos significativos. A realidade descreve a realidade das indiferenças. Cada qual trate de cuidar da própria vida!
Os amigos existem na proporção da abstinência do envolvimento de dinheiro. As amizades veem-se limitadas a punhado de pessoas, porém a muitos conhecidos!
Os relacionamentos e visitas envolvem dispêndios e favores. Alguma singela troca de palavras ostentam-se os contatos!

Guido Lang
“Crônicas das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.nadamal.com.br/