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domingo, 20 de outubro de 2013

O matadouro


O ancião, depois de penosas décadas de trabalho, precisou tomar o indesejado caminho. A atrofia mental e o dolorido corpo encaminharam a derradeira moradia!
Os filhos, estudados e laboriosos, tomaram a direção das cidades. Eles, como profissionais liberais, possuíam famílias e obrigações!
O tempo, a reparos aos idosos pais, apresentava-se limitado e inviável! O jeito, com a disponibilidade de dinheiro, consistia em apelar a terceiros!
As dificuldades e fraquejos, a contragosto, obrigaram a abandonar a familiar casa. A situação ostentava-se a maneira de resguardar das necessidades e solidões!
O senhor, uns dias antes e junto aos amigos íntimos, comentou o detalhe da partida. O resumo, numa informal conversa, comparou a partida a história vivenciada juntos as criações!
Ele, a semelhança dos seus outrora bois de canga, tomaria o rumo do abatedouro. Os domesticados bichos, de forma mansa e resistente, dirigem-se ao matadouro!
Os animais, de forma velada, sabiam que dali jamais sairiam vivos! O lugar seria a última estada. Um alívio das agruras dos doloridos e sofridos ossos!
O indivíduo, no ancionato, tinha o idêntico caminho. Este, de bom senso,  sabia da impossibilidade de sair vivo da hospedagem!
A última viagem revelaria-se o caminho do cemitério! A abençoada e longa existência, com tamanhas experiências e vivências, achegaria ao desfecho dos dias!
O indivíduo, na proporção do avançar dos anos e fraquejar das forças, sabe dos reais limites da vida. A necessidade de prestar contas aconchega-se nalgum momento!

                                                                                 Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano das Vivências” 

Crédito da imagem: http://www.clasf.com.br/q/junta-de-bois-zebu/

sábado, 19 de outubro de 2013

A natural anomalia


Os anciões, reunidos na tradicional conversa informal, trocaram informações das muitas e variadas experiências e vivências. As criações e plantações, como homens apegados a terra, revelaram-se o centro das atenções e preocupações!
Os naturais, conforme os relatos dos antigos, desconfiam do detalhe da natureza. A sabedoria colonial, testada por gerações e vivenciada por séculos, estranha o florido e a frutificação de tradicionais espécies!
O ipê roxo, nas encostas e morros, deixou de ostentar o excepcional florido. O colorido, entre árvores e pedras, ostentou-se mixo no corrente ano! O desfalque, no contexto da vegetação, prejudicou o embelezamento natural e rural!
A jabuticabeira, na safra setembro/outubro, careceu de ostentar a tradicional fartura. O descompasso revelou-se acentuado aos passados anos. As frutinhas mantiveram ausência ou carência! As aves sentiram o fraquejo!
A amoreira, em épocas passadas, fazia a alegria e festa dos sabiás. Os resultados, comparado aos anos passados, revelaram-se isolados e minguados! A produção mal avolumou sementes à manutenção da espécie!
Os prenúncios, pela tradição oral, assinalam dificuldades nas anuais safras. Os sinais precedem os resultados. A revelação indica prováveis problemas de aquecimento, germinação ou frutificação! A estiagem soma-se certamente ao quadro natural!
O produtor precisa precaver-se às dificuldades. O trato animal necessita ser antecipado no cultivo! Os investimentos fazem-se necessários em estufas, irrigações e reservatórios! A produção, de frutas, hortaliças e verduras, precisa de cuidados redobrados!
O homem precavido antecipa-se as dificuldades e problemas! Os rurais, a partir dos detalhes naturais, extraem conclusões dos desígnios produtivos!
                                                    
                                                                             Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.assisramalho.com.br/

O cheque


Os bancários, por reposição salarial, encontram-se em estado de greve. O dinheiro, ao manejo diário, saca-se nos caixas eletrônicos e lotéricas!
Os pagamentos, de certas contas, mostra-se uma dificuldade! O comércio, em geral, teme prejuízos enormes com a diminuição das vendas!
A fulana, ao aparente amigo, pede a gentileza. O pedido, por dinheiro vivo, consiste em trocar o cheque! O valor mantinha-se de aproximados duas centenas de reais!
O beltrano, diante da esdrúxula solicitação, admira-se da cara-de-pau e ousadia. Um prato cheio, para eventual falta de fundos, obrigar a correr atrás do próprio prejuízo!
Os favores financeiros, no ambiente urbano, mostram-se valiosas pérolas. Os calotes, a todo instante, sucedem-se nas relações! Brigas homéricas, por grana, revelam-se comuns!
As pessoas, por mixarias, arriscam e praticam barbaridades. Valiosas vidas, pelo poder do papel moeda, ceifam-se no cotidiano das vivências!
A linguagem monetária revela-se a efetiva e única universal! Qualquer nécio, por mais doido ou malandro, conhece a força e o poder do dinheiro!
A solução, de forma sútil, consiste em esquivar-se das cedências e empréstimos. Os favores, como quebra-galhos, resultam em aborrecimentos e inimizades!
Certos pedidos assemelham-se a afrontas. “O cidadão carece de ser macaco para ficar quebrando galho”. Os créditos, sem as devidas garantias, revelam-se sinônimos de perdas!
Os indivíduos, falando em dinheiro e patrimônio, mudam os discursos e fisionomias. Cada qual, como prudente e sábio, antecipa adversidades e necessidades!

                                                                                     Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://wikioso.org

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A oportunidade


Uma senhora, migrante do interior à cidade grande, precisou de emprego. Esta, como cozinheira, empregou-se num restaurante! Oito pesadas horas de labuta diária foram à rotina!
O trabalho, por uns bons meses, enobreceu o estabelecimento. A diminuição da clientela obrigou a racionalização de custos. O enxugamento tornou-se uma sina!
A empresa, em função de encargos e salários, dispensou dos préstimos. O desemprego, em função das muitas e variadas contas, tomou conta do íntimo e ser!
As generalizadas despesas foram oneroso fardo. O indivíduo, numa cidade, vive exaurindo recursos. O luxo, de não labutar e produzir, conduz o trabalhador a falência!
A solução consistiu em bater na porta das empresas de serviço. A desenfreada procura estendeu-se pelo bairro e centro. A sorte, numa felicidade ímpar, ajudou nas necessidades!
A cidadã conseguiu trabalho próximo a casa. A cozinha revelou-se o especial dom. À distância, comparado aos outrora dispêndios, economizou deslocamentos e desgastes!
Alguns males vem para o próprio bem. O ser, de bom coração e sincera fé, vê-se atendido nos clamores e pedidos! O Todo Poderoso escreve certo em linhas tortas!
O trabalhador, caprichoso e dedicado, revela-se bem vindo em quaisquer funções, lugares e tarefas. “Deus fecha uma porta, porém abre duas outras”!

                                                                             Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://imagensgratis.com.br/imagens-de-bolos/3

A desconsideração


Um casal, como achegados amigos e conhecidos, encontrava-se a conversar no intervalo do baile. Os assuntos e temas banais da existência foram os enfoques principais!
O ambiente social encontrava-se repleto de gente. Os frequentadores, entre forasteiros e naturais, reuniam gente de inúmeras classes e procedências!
O doutor, sendo velho conhecido da moça, aconchega-se para cumprimentar e estender a mão. O floreio, de velhos carnavais, adveio certamente à mente!
O boa pinta, formado no estudo das leis na universidade, ignorou de completo o beltrano. O propósito, em função da aparente formação e humildade, parecia intencional!
O jovem, junto à moça, comentou o descaso. A fala resumiu: “– Reparastes a desconsideração? Eu, nalguma necessidade, recorreria jamais aos seus préstimos. Desaconselho junto aos meus eventuais serviços”!
O cidadão, nas conversas informais, relatou o sucedido aos vários amigos. A apresentação e atitude, por completo, chocou-se com a formação e postura!
A afronta, nalgum inesperado momento, pode igualmente ser aplicada. O objetivo consistiria em fazer “experimentar e retribuir do próprio veneno”!
O cidadão, como um idêntico e semelhante, precisa relacionar-se com os próximos. A condição social de pouco importa. Uns, no aspecto financeiro, tem mais ou menos sorte!
Quem apronta cedo esquece; quem leva, guarda e repassa a desfeita”. Os humanos, por dinheiro e ideias, combatem, matam e rejeitam uns aos outros!

                                                                                                  Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://produto.mercadolivre.com.br/

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A atrofia mental


O ancião, com os seus setenta anos e vai pedrada, acabou recém operado. A recomendação médica, de forma expressa, aconselha ficar resguardado dentro de casa!
A proibição, depois do sútil corte, receita a abstenção de fazer força e trabalho. Uma dificuldade tremenda, para quem desde tenra idade, acostumou e criou-se na labuta!
A vivência, numa aparente hibernação animal, origina o retrocesso mental. As saídas, curtas e rápidas pelas circunvizinhanças, carecem de arejar e preencher o vazio!
O indivíduo, como passatempo, pensou em constituir rodada semanal de baralho. A dificuldade, diante dos poucos próprios da idade, consiste em arranjar parceiros!
Os jovens, de modo geral, convêm descartar. Estes, com seus variados interesses e obrigações, carecem de ânimo e tempo. A solução convém externar convite aos casais amigos!
O objetivo, em síntese, consiste em criar e estabelecer alguma companhia de carteado. A prática, como diversão e passatempo, exercita a mente e ocupa o ócio!
O rigoroso controle no jogo revela-se exigência da competição. Os cálculos matemáticos, das inúmeras e variadas combinações, evitam ou retardam a atrofia mental!
O baralho, entre amigos e familiares, possui acirrados adeptos. O forasteiro, pelos armazéns, bares e lancherias, pode apreciar o pessoal reunido ao redor da mesa de jogo!
Os problemas mudam de acordo com as idades e situações das pessoas. O jogo revela-se necessariamente nem sempre ócio ou vício!
                                                                                
Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.efecade.com.br/baralho/

Partido do Interesse Próprio


Um político, durante décadas, “mamou nas tetas duma agremiação partidária municipal”. Ele, como situação, ocupou cargos e funções do primeiro e segundo escalão das administrações. Este, “liso como sabonete”, vivia a “agradar e rodear os caciques e raposas”!
O cidadão, no ínterim, “fez o pé de meia”. Os altos salários permitiram vivenciar a mansa vida. A mansão fora edificada. Os filhos puderam cursar universidades. As reservas, como economia pessoal, puderam ser guardadas e investidas em empresas e imóveis!
A situação, numa fragorosa derrota, tornou-se oposição. Os anos de governo trouxeram o desgaste político. O camarada, a semelhança da troca de vestimenta, migrou de partido. Este, com “a maior cara de pau” de opositor, retornou à situação!
Um amigo e eleitor, diante do esdrúxulo comportamento, questionou a atitude. O fulano externou: “- A ideologia, a essa altura do campeonato, de pouco importa! Os salários extraídos do cocho prevalecem! A coerência e correção revela-se mero detalhe!”
A realidade partidária, como afronta ou lorota aos eleitores, tem sido a postura. Os ganhos financeiros norteiam os passos. A ética e ideologia, em serviços dignos aos contribuintes, vêem-se relegados! Os polpudos salários honram as contas no final do mês!
O atraso cultural reflete-se nos quadro das escolhas políticos. O comércio velado dos votos resulta nos mercenários homens públicos. O poder financeiro corrompe as virtudes. A correção e honestidade, em um mundo “onde salve-se quem puder”, ostentam-se nobre pérolas!
Uns, no máximo, conseguem olhar a distância do próprio umbigo. A política, numa legislação frouxa, tem ensinado e favorecido malandros e mercenários!

                                                            Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.sinaldetransito.com.br