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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Benzeduras



Os colonos, jogados no interior das florestas, precisaram encontrar soluções aos seus problemas. Os órgãos públicos, mantiveram-se ausentes ou distantes nos serviços oferecidos. Os recursos médicos encontraram-se distantes (horas de deslocamento em montarias ou transporte de carroça) e onerosos (diante da falta completa de dinheiro). A solução foi encontrar paliativos às emergências. Moradores, nas conversas informais, davam sugestões de receitas caseiras. Outras, diante de sua ineficiência, acabaram apelando a uma prática milenar.
Remédios caseiros, à base de banhos d’água, emplastros e unguentos, resolviam incômodos com acidentes e saúde. Estes poderiam advir de cortes (com ferramentas), espinhos e resfriados. O trabalho, em meio a lavouras e matos, resultaram em inconveniências. Feridas e mordidas (de insetos), mantinham-se realidades corriqueiras. A solução, no meio às tarefas, foi aplicar remédios caseiros. Estes extraíam dores e inflamações.
Outra velha prática, trazida de legado das florestas da Germânia, relaciona-se às benzeduras. Certos males, como bicheiras, enxaquecas, ericibeia, invejas, maus olhados, quebrante, verrugas, viram-se solucionadas com excepcionais benzeduras. Alguns moradores, existentes/semeados como sementes raras, ostentavam os dons das forças espirituais/faziam-se instrumentos dos poderes sobrenaturais. Estes, em meio à discrição e pronúncia para si, apelavam às forças/instâncias supremas. Elas, através das entidades máximas (Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo), viram-se invocados. Alguns mais, em função do desconhecimento, diziam ser obra de instâncias maléficas.
O curioso: as reais eficiências. Elas, em inúmeros exemplos, faziam as curas necessárias. A real explicação do sucesso foge à compreensão humana. Conta-se às centenas as histórias de curas e milagres. Os  mistérios do sobrenatural, acréscimo da extrema fé do benzido, acabaram em curas. Versa a tradição: o descrente nem precisa apelar e nem pode estar presente no ato do benzer. Ele afasta/espanta os poderes. O dom supremo advém como dádiva e precisa ser propagado como serviço.
Certos malefícios, como sérios incômodos, cedo mudaram de fisionomia (diante da primeira prática; o rotineiro consistia em três bênçãos alternadas em espaço de dias). Parecia, aos descrentes e néscios, coisa do outro mundo. Religiosos, de maneira geral, combatiam a prática milenar. Ela, para uns, confundida com bruxaria; para outros era resquício do poder divino em cada qual. Os imigrantes, sobretudo de procedência da região do Hunsrück/Reno/Prússia, trouxeram a prática e disseminaram-na entre famílias e localidades.
Uns benzedores/as, pelo poder mental e psicológico, criaram fama na história oral. Inúmeros moradores, conforme as necessidades, afluíam de longe para valer-se dos préstimos. Eles eram administrados de forma gratuita e a recompensa, no máximo, era dada em forma de mimo (da vontade do doador/paciente). A eficiência, do ensino da prática, poderia dar-se somente entre sexos opostos. Explica-se: o homem ensina o segredo alguma mulher e esta a algum homem. O dom, em síntese, advinha da natureza da pessoa.
A prática sobrevive à ação do tempo, porém perdeu expressão com os modernos recursos medicinais. Certos mistérios extrapolam as concepções humanas. As palavras, do Mestre Jesus (em meio às curas), afirmavam: “- Tua fé te curou”.


                                                                                                           Guido Lang
                                                                                 Livro “História das Colônias”
                                                                     (Literatura Colonial Teuto-brasileira)

Crédito da imagem: http://ventosnaprimavera.blogspot.com.br/2010/06/casa-no-campo.html 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O teste




O indivíduo, com a idade e profissionalização, torna-se um professor! Ensina aqui e acolá na proporção de administrar e inovar empreendimentos. Qualquer pessoa, nalgum item, ostenta-se um exímio conhecedor de área/tarefa. O principal, nisso tudo, consiste em propagar/perpetuar esse conhecimento para filhos e jovens. O exemplo, pela convivência, fala mais do que mil palavras.
Um certo colono, como plantador rural, precisou investir muito em equipamentos e maquinário. Cada vez mais caros, eficientes e maiores! Este, com um único filho, precisou continuamente de complemento de profissionais. Eles andam muito escassos nas atividades primárias. Prevalecem a ideia dos bons e renumerados empregos somente existirem nas cidades. Os jovens, de maneira geral, não querem comprometer-se com trabalhos nos finais de semana. Estes fazem vistas grossas e riem de algum patrão falar em labutar, em momentos ímpares, nalguns feriados, sábados e domingos. A agricultura e pecuária, com a época e tempo próprio, não permitem esperar. Certas tarefas, com uma boa chuva, obrigam a realização no tempo hábil/dia propício.
O senhor, investidor agrícola, obriga-se, volta e meia, contratar alguns assalariados. Jovens interessados em continuar nos manejos do campo e da lavoura. O curioso: as escolas pouco acrescentam/formam nesta área. Os ensinamentos dão-se na prática do cotidiano. O investidor precisa ensinar as artes e manhas da direção e manutenção das máquinas, eficiência e segredos do plantio, cuidado e trato de animais... A necessidade, em inúmeras situações, tornaram-no um professor (empírico).
O cidadão, no momento das explicações, descobriu um critério de avaliação. O ensinado para dar certo ou não (no proposto). Ele precisa ter noção e interesse à tarefa, levar cuidado/jeito e gosto (caso contrário não pode manejar “artefatos milionários”). O aprendiz, como interessado/vocacionado, fica com “os olhos vidrados”, assimila e refaz o externado (com facilidade), ostenta alguma noção de direção e mecânica... O elemento, desligado e direcionado (a outros interesses), cedo mexe no celular, olha para os lados, repara horas, desatento em detalhes... O senhor, de imediato, detecta o real desinteresse. Observa a carência de maior vocação (no que dispensa). Recorre a outro com razão de fazer os devidos investimentos e oferecer chances de formação.
O difícil consiste em esconder/trapacear quem conhece certas realidades do trabalho. Onde muitos querem ir, outros poucos encontram-se no retorno (a um bom tempo). O jeito vocacionado, para certos negócios, revela-se de imediato aos olhos atentos e treinados. Quem coloca fortuna nas mãos de aprendizes e novatos incorre em grandes riscos de perdas monetárias. Inúmeros adultos, na compreensão dos jovens, são chatos e inconvenientes (na proporção de cobrarem eficiências e resultados). O indivíduo, nas muitas atividades, mostra-se continuamente avaliado e reparado.

Guido Lang
Livro "Histórias das Colônias"
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)
                                                                                                   
Crédito da imagem: http://www.fotosbonitas.com.br/campos/campo-casa/

A grandeza

Há muitos anos uma professora na Inglaterra pediu à sua classe que fizesse uma composição sob o tema "a grandeza". Entre os estudantes havia uma menina de família pobre, sem cultura, e assim a mestra não esperava que ela escrevesse nada excepcional sobre o assunto.
No entanto, o que a menina escreveu impressionou-a tanto que ela enviou o trabalho ao jornal local para ser publicado. O artigo logo suscitou notável interesse. Jornais em todo país publicaram e republicaram o que essa jovenzinha escrevera. Ninguém mais se lembra do seu nome. Mas o que ela escreveu continua sendo verdade até nossos dias.
Eis aqui alguns parágrafos:
"Uma pessoa jamais consegue a verdadeira grandeza esforçando-se por obtê-la. Você a alcança quando não a procura. É bom andar bem vestido. Dessa maneira é mais fácil impor respeito, mas é um sinal de verdadeira grandeza quando você, apesar de pobremente trajado, consegue o mesmo resultado".
"Quando mamãe era criança, havia um passarinho em sua casa chamado Guilherme, o qual quebrou a perna. Eles pensaram que teriam de matá-lo, mas na manhã seguinte encontraram-no apoiado sobre a perna boa, cantando. Aquilo era verdadeira grandeza”.
"Certa vez havia uma mulher que lavava muita roupa e dependurava no varal. O varal quebrou. Mas ela, sem dizer palavra, lavou-a toda novamente e desta vez a estendeu sobre a grama, de onde não poderia cair. Mas naquela noite um cachorro passou por cima das roupas, deixando as marcas das patas enlameadas. Quando ela viu o que acontecera, sentou-se e não chorou nem um pouco. Tudo o que disse foi: - Não é interessante que o cão não tenha deixado uma peça sem suas marcas? Aquilo era verdadeira grandeza, mas só os que lavam roupa sabem disso”.
Domínio próprio é fundamental na vida. É o que faz a diferença entre o líder e o liderado.

Alf Lohne (?)

Crédito da imagem: http://coderms-jesuseverdade.blogspot.com.br/2011/07/oracaoindicador-seguro-da-nossagrandeza.html

domingo, 16 de dezembro de 2012

Vinci, Leonardo da.

  1. Quem pouco pensa, engana-se muito.
  2. Pobre é o discípulo que não excede o seu mestre.
  3. Quem não sabe o que quer, queira o que não pode.
  4. Jamais o Sol vê a sobra. Fácil coisa é fazer-se universal.
  5. Repreende o amigo em segredo e elogia-o em público.
  6. A necessidade é a melhor mestra e guia da natureza.
  7. Quem não estima a vida não a merece.
  8. A vida bem preenchida torna-se longa.
  9. Onde há muito sentimento, há muita dor.
  10. A coragem põe a vida em perigo, o medo protege-a.
  11. Quem não castiga o mal, ordena que ele se faça.
  12. Tudo que é belo morre no homem, mas não na arte.
  13. Um bom artista copia, um grande artista rouba.
  14. Não é preciso estar junto para estar perto, e sim dentro.
  15. Os cinco sentidos são as guias da alma.
  16. Pede conselho aquele que a si próprio sabe corrigir-se.
  17. Em primeiro lugar vem a dedicação, depois a habilidade.
  18. Não se pode amar ou odiar quem não se conhece  ainda.
  19. O tempo dura bastante para aqueles que sabem aproveitá-lo.
  20. A simplicidade é o último grau da sofisticação.
  21. As mais lindas palavras de amor são ditas no silêncio dum olhar.
  22. Não há coisa que mais nos engane do que o nosso juízo.
  23. Quem quer ficar rico num dia estará enforcado num ano.
  24. O conselho é muito mal recebido pelos que dele mais necessitam.
  25. O olhar de quem odeia é mais penetrante do que o olhar de quem ama.
  26. O ódio revela muita coisa que permanece oculta ao amor.
  27. Não há conselho mais leal do que é dado num navio em perigo.
  28. O conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice.
  29. Melhor do que ter uma grande beleza, é ter um grande coração.
  30. Se tens que lidar com água, consulta primeiro a experiência depois a razão.
  31. Todo o nosso conhecimento se inicia com sentimentos.
  32. Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende.
  33. Quando eu pensar que aprendi a viver, terei aprendido a morrer.
  34. Que o teu trabalho seja perfeito para que, mesmo depois da tua morte, permaneça.
  35. Nunca imites ninguém! Que a tua produção seja como um novo fenômeno da natureza.

Fontes: extraídos de livros e sites.

Leonardo da Vinci (1452-1519) foi pintor, escultor, arquiteto e engenheiro (italiano) do Renascimento.

Crédito da imagem: http://www.idadecerta.com.br/blog/?tag=leonardo-da-vinci

Reunião de animais



Os bichos, convidados por uma comissão provisória, resolveram organizar-se numa assembleia geral. Queriam discutir e determinar resoluções sobre a preocupante situação das florestas. Elas, com o avanço da agricultura e pecuária, viram-se arrasadas e devassadas. A ideia original consistiria em organizar alguns atos de protesto. A moda, no momento, era fazer barreiras (nas estradas), caminhadas (diante dos palácios governamentais), invadir órgãos ambientais... Externar, de forma visível, o descontentamento e discordância (diante da ganância e insanidade humana).
Escolheu-se, no interior duma clareira (de mato), o local da reunião. Estabeleceu-se e divulgou-se dia e hora do acontecimento. As inúmeras partes atingidas/interessadas poderiam dialogar e expor ideias. O cenário, com o afluxo da diversidade das espécies, cedo ostentou-se ímpar. Algo indescritível e inimaginável na compreensão humana. “Cada um soube, em meio às necessidades e perigos, onde o sapato apertava!”. A ameaça da sobrevivência havia ajuntado partes amigáveis e divergentes! Uns seguranças, destacados entre as pacíficas aves, trataram de manter afastados adversários e inimigos históricos.
As confabulações, depois de quinze minutos de tolerância, começaram no ambiente. Os gatos e graxains, como aparentes maiorais (na Floresta Pluvial Subtropical/Mata Atlântica), coordenaram os trabalhos da assembleia. Adversários tradicionais, de imediato, externaram suas ladainhas (de desconfianças e queixas). Uns aplaudiram e outros vaiaram as conversas e falas. A anarquia, de forma incontrolável (diante da ausência duma força bruta maior), tomou conta entre os participantes. Acusações, de velhas desavenças e rixas, viram um momento oportuno para aflorar.
As cobras ajuntaram-se para querer abolir acusações/fama de serem traiçoeiras. As raposas almejavam trégua das implacáveis perseguições da cachorrada. Os pássaros queriam fim das caçadas dos gatos. Os ratos exigiram a abolição dos venenos. Os cachorros queixaram-se dos espinhos dos ouriços. Ouriços lamentaram as espingardas nas lavouras de milho. Saracuras mostravam sua indignação com os milhos envenenados como sementes... Cada espécie, sem nenhuma exceção, tinha suas lamúrias e reclamações. A bagunça e confusão instalaram-se. Os muitos participantes/todos, sem exceções, falaram e gritaram nos idênticos momentos. Ninguém dava ouvido a outrem.  Cada espécie preocupava-se simplesmente com seus dilemas e preocupações. O interesse comunitário havia sido renegado ao plano secundário. A sina, como solução final, continuou como de rotina: uns sendo alimentos a outros (na cadeia alimentar). As florestas conhecem a diminuição de tamanho ou sofrendo danos irreparáveis (com a proliferação da espécie humana).
Reuniões, onde todos falam e pedem, apresentam-se como nulidade. Os seres, na proporção das necessidades, possuem a tendência de só pensar nos seus interesses. Certas adversidade e divergências ostentam-se irreconciliáveis. Encontros, onde ninguém almeja ceder, mostram-se de pouca serventia. Certos assembleias/congressos, neste mundo afora, assemelham-se a belas reuniões de animais.

Guido Lang
Livro ”História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)

Crédito da imagem:http://lecycpicorelli-bioarquitetura.blogspot.com.br/2011/05/dia-nacional-da-mata-atlantica.html#axzz2FBiB2WbO 

sábado, 15 de dezembro de 2012

A porta negra


Há algumas gerações atrás, durante uma das mais turbulentas guerras no Oriente Médio, um general persa capturou um espião e o condenou à morte.
O general, um homem de grande inteligência e compaixão havia adotado um estranho costume em tais casos. Ele permitia ao condenado que escolhesse. O prisioneiro podia enfrentar um pelotão de fuzilamento, ou podia atravessar a "porta negra".
Um pouco antes da execução, o general ordenava que trouxessem o espião à sua presença para uma breve e final entrevista, sendo seu principal objetivo saber qual seria sua resposta: o pelotão de fuzilamento ou a "porta negra".
Esta não era uma decisão fácil e o prisioneiro vacilava e preferia invariavelmente o pelotão ao desconhecido e aos espantosos horrores que poderiam estar por detrás da tenebrosa e misteriosa "porta negra". Momentos após se escutava o rajar das balas que davam cumprimento à sentença.
O general da nossa história, com os olhos fixos em suas bem polidas botas, voltava-se para o seu ajudante de ordens e dizia:
"- Eis ali o que é o homem, prefere o mal conhecido ao desconhecido. É uma característica dos humanos temer o incerto. Você vê, eu disse à ele para escolher".
- Afinal, o que existe atrás da "porta negra?" - perguntou seu ajudante de ordens.
"- Liberdade" - respondeu o general - "e poucos têm sido os homens que tiveram o valor de decidir-se por ela".

Autoria desconhecida

Obs.: Se algum leitor souber o nome do autor do texto, favor informar ao autor do blog, para  que os devidos créditos possam ser concedidos a esta pessoa.

Crédito da imagem: http://cabecadeblog.blogspot.com.br/2010/06/porta-negra.html

A forragem


        
           Um certo produtor, deveras detalhista nas suas atividades, comprou rações. O tambo, para manter a produção (das vacas), exige cuidados e inovações (complemento de nutrientes). Uns animais, na prática, mostram-se mais reparados como certos humanos. Os investimentos e valor genético, no sistema capitalista, justificam os excepcionais cuidados e reparos. A realidade inveja certos semelhantes e afronta o princípio cristão “do amor ao próximo”. Os humanos com suas contradições e hipocrisias!
O rural, como de hábito, foi adubar suas lavouras e pastagens. A silagem e o pastoreio exigem uma frequente reposição de nutrientes caso contrário o solo não comporta o manejo excessivo. Os estercos, de aves, gado e suíno, reforçam a fertilidade. O produtor, reparando o desenvolvimento das plantações (adubadas), observou um detalhe. Uma forragem nova, num único pé, advenha trazida entre os dejetos dos animais. Este, de forma contínua e paciente, observou o desenvolvimento da nova forragem. Tinha, na certa, sido trazido entre rações.
A forasteira adequara-se deveras bem ao novo habitat. O ambiente parecia-lhe próprio em função do massivo desenvolvimento. O produtor observou o ciclo e procurou deixá-la criar sementes. Este daí colheu-as e replantou-as em nova área (preparada própria à função/bem adubada e corrigida). As dezenas de grãos, colhidas com esmero, deram origem a dezenas de plantas. Estas, noutro ciclo, ocuparam um raio de dois metros quadrados. Um único pé, de algum centímetro quadrado, multiplicara-se em medidas bem maiores. A dedicação e paciência, com a espécie, estendeu-se para o terceiro ano. A multiplicação, no momento atual, já poderia encher uma lavoura (com as sementes disponíveis). Testou-se, ao longo do processo, a qualidade da forragem. O gado degustava-o de forma excepcional.
O morador, no ambiente da localidade, tinha sido instrumento da introdução de nova cultura. Outros colegas, produtores, ouviram referências e solicitaram exemplares. Ganharam-nos, como cortesia e precaução de perpetuar a espécie, diante da casualidade de algum eventual desastre. A colheita, do quarto ano consecutivo, possibilitaria encher a propriedade (por inteira) com a quantidade de sementes auferidas. Cultivou mais alguma área e propagou, entre o círculo dos muitos próximos (familiares e vizinhança), sua majestosa planta.
O exemplo demostra a preocupação colonial com o melhoramento genético. Novas culturas, bem mais produtivas, sempre são bem vindas. A domesticação das plantas, ao longo dos séculos, trouxe o milagre da produção. As rações, disseminadas nas últimas décadas, difundiram uma gama de espécies. A maioria, na prática, constituiu-se em belos inços. Alguns, só com herbicidas potentes, para eliminá-los no contexto das lavouras. Costumeiramente a natureza sempre resguarda alguma planta para manter viva a espécie.
O capricho e a dedicação enobrecem o trabalho. Os homens, com os modernos meios de deslocamento e transporte, tornaram-se grandes disseminadores de espécies assim como flagelo em função da introdução de impróprias. Um modesto grão, muitíssimo singelo, pôde revolucionar toda uma realidade. Os grandes feitos costumeiramente iniciam com modestas práticas.

Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)

Crédito da imagem: http://br.viarural.com/agricultura/defensivos-agricolas/basf/pastagem.htm