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sábado, 9 de março de 2013

Os temores dos investidores


Os proprietários de terras, durante anos, deixaram crescer a macega e o mato. O eucalipto criou belos e volumosos troncos. A produção de lenha mantinha-se massiva e grandes são as estimativas em metros. Os cortadores precisam cortar, pontar, empilhar, carregar e transportar toda essa matéria-prima. O trabalho, de maneira geral, mantém-se braçal e primitivo. Cada pedaço, até chegar nos fornos de carvão ou nas caldeiras das empresas, perpassa várias mãos. O processo de produção absorve enormes custos e esforços.
Os plantadores, diante da carência da mecanização agrícola (nas encostas e morros), obrigaram-se a investir em silvicultura. As promessas de dinheiro fácil e volumoso eram grandes com a acácia e o eucalipto. Os proprietários, nos anos subsequentes, pensaram ganhar umas boas somas (“deitando na cama e deixando o pau crescer”). As lavouras, junto as culturas de milho, foram enchidas com o encalipto. A planta aproveitou a adubação do cereal (como possibilidade de desenvolvimento). As árvores, num ano, cresciam vários metros de altura (algo digno de excepcional admiração). Um desenvolvimento ímpar comparado aos brejos e matos (nativos). Estes, no máximo, davam algum capim ou macega (no tempo dum ano) na área da antiga lavoura de subsistência familiar.
Os investidores agrícolas, durante uma aproximada década, deixaram a terra imóvel/parada. Os dividendos abstiveram-se de ser angariados A necessidade de tempo, para deixar crescer as espécies (acácia e eucalipto), foi necessária até render madeira. Os encargos, como manutenção e taxas, continuaram recaindo sobre as propriedades. Os donos, como micro-empresários, não puderam descuidar dos direitos. A necessidade foi extrair dividendos doutras atividades (com razão de financiar a cultura de árvores). Algum desbaste e seleção foi próprio no intervalo do tempo. Dez aproximados longos anos, num compasso de espera entre o plantio até o corte/colheita, foram exigidos.
A época dos cortes achegaram-se numa determinada ocasião. Os proprietários não teriam a mão de obra disponível/própria. Estes precisaram apelar aos cortadores de mato (muito escassos). Os leigos, como profissionais, aconchegaram-se com as meras motosserras em punho (acrescido de litros de combustíveis) para tarefa/trabalho. Estes, sem nada arriscarem nos custos/investimentos e esperar em tempos, reivindicam a metade da produção. Os serradores, trabalham de segundas/terças até sextas, no corte. Eles daí “querem ver o dinheiro cair na mão”. Os donos obrigam-se mais uma vez financiarem as empleitadas. Os proprietários recolocam dinheiro limpo no negócio. A madeira cortada, avolumada e empilhada, faz surgir a romaria para arrumar mercado da matéria-prima. Os eventuais compradores, feito as vendas, obrigam-se a atrasos ou calotes nos pagamentos.
O resultado: inúmeros proprietários encontram a terra imobilizada com a história da silvicultura. Outros derrubam o mato e nem querem ouvir falar em replantar. Alguns ganharam dinheiro, porém poderiam ter ganhado bem mais nas culturas anuais. Os investidores, na compreensão de muitos assalariados/diaristas, são encarados cedo como aproveitadores e exploradores. Os donos, no ínterim dos cortes, rezam aos céus para pedir proteção contra eventuais imprevistos ou infortúnios. Os atropelos colocam em risco a totalidade dos patrimônios (em função de indenizações previdenciárias e salários no Ministério do Trabalho) por esparsos dividendos. As nuvens negras, sobre eventuais percalços, pairam sobre a cabeça dos investidores.
Alguns investimentos perpassam a ideia de ser uma espécie de loteria. Os investidores, na proporção de ganhar algum dinheiro, cedo vêem crescer o olho alheio. Quem pouco tem, pouco teme perder em reparos (“onde nada tem, não tem como subtrair dividendos”). O país, nestes termos das cobranças e direitos, vai carecer de empregos e investidores. A legislação criou uma sensação: aquela ideia do sistema favorecer os desprotegidos e desvalidos e punir os ousados e investidores.

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano das Colônias”

Crédito da imagem: http://hugomaioconsultoriaambiental.com

sexta-feira, 8 de março de 2013

O segredo da verdade


A verdade anda a passos lentos e sua reputação nem sempre é das melhores. Uns falam dela  “andar a pé na proporção da mentira andar a cavalo”. Poucos alimentam-a em estima e consideração como princípio e valor. Muitos valem-se dela na proporção da vantagem e descartam-na na dimensão da desvantagem. Ela, aos desonestos e corruptos, aterroriza e contrasta com a mentira. Poucos, ao ouvi-la, agradecem pela sinceridade (apesar da mágoa momentânea).
A tradição oral, em forma de singela história, conta um segredo da existência. A verdade, numa imensa estrumeira, via-se desperdiçada e perdida como ímpar pérola. Esta, com discreto tamanho e volume,  mantinha-se enterrada em meio ao material. Os cheiros, da merda e urina da injustiça e imprudência, mantinham-a bem escondida e guardada. As quantidades de material, dum acumulado de décadas, pareciam jamais revelá-la. As pessoas, com raras exceções, imaginavam-a definitivamente morta e sepultada. Alguma tremenda casualidade, com excepcional sorte,  seria unicamente capaz de localizá-la e  utilizá-la.
As ingênuas galinhas, com sua ânsia e fome por vermes, ciscavam continuamente nas  imundícies. Elas, dia após dia, mexiam e remexiam nas outroras fezes. Uma aparente paixão e vocação inabalável de revolver. Elas, neste cisca aqui e acolá, acabaram revirando uma montanha de material. No joga prá cá e prá lá a terra sucedia-se durante semanas e meses. A surpresa, num momento inédito, adveio em forma dum achado. A pérola surgiu a luz do dia. A verdade, por um e outro momento totalmente esquecida e perdida, ressurgiu das cinzas e do pó para vida.
Alguém, aqui e acolá, lembra e relembra acontecimentos e histórias. Os equívocos e falcatruas, no sonho dos autores, pensam estar bem esquecidos e enterrados. Estes, nalgum momento menos esperado, surgem a luz dos comentários e falas. Alguém, há semelhança da pérola da verdade, guardou o enterrado e impróprio. Estes, podendo ter ocorrido a sete gerações, acabam desvendados e recordados. A verdade, mesmo escamoteada e frágil, nalgum momento dá a sua graça. O melhor, para evitar aborrecimentos e transtornos, consiste em andar no caminho da correção e retidão.
A memória comunitária, através da tradição oral, guarda e recorda as experiência e vivências. Certos equívocos dá para perdoar, porém não tem como esquecer e ignorar. O conselho consiste em fazer o bem sem jamais olhar a quem. O indivíduo não precisa muito para viver, portanto, nada de matar e roubar para sustentar-se. O dito popular afirma: “a verdade perpassa o mundo”.

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano das Colônias”

Crédito da imagem:  http://blog.groupon.com.br

quinta-feira, 7 de março de 2013

Os colonizadores da Colônia Teutônia - VIII parte


Johann Zimmermann comprou a colônia n° 31 (esquerda) da Picada Hermann (atual Germana) com 76.000 b2, a 12 réis a b2, por um total de 912$000 réis em 10/07/1872 - concluiu o pagamento com juros em 22/06/1872. Peter Fuhrmann adquiriu a colônia n° 28 a da Boa Vista com 53.000 b2 por 636$000 réis em 24/09/1872 e concluiu o pagamento, com juros, em 30/06/1875. Wilhelm Tiggemann comprou o lote colonial n° 1 b da Picada Clara com 50.000 b2 por 500$000 réis em 30/09/1872 - a companhia colonizadora emprestou-lhe em 05/10/1872, 18$560 réis para custear o transporte de Taquari a Teutônia e 9$700 réis de Porto Alegre a Taquari - assumiu uma dívida total de 528$260 réis, que pagou, com juros, até 01/07/1874 - Wilhelm iria inicialmente adquirir toda a colônia n° 1 da Clara com 95.000 b2 por 950$000 réis em 30/09/1872. Friedrich Wiethöelter comprou as colônias n° 21 a  e 22 (esquerda) da Picada Franck com 120.000 b2 por 960$000 réis em 01/04/1870 e pagou 8 réis pela b2 - continuou pagando a dívida, com juros, em 01/06/1875. Wilhelm Freitel adquiriu a colônia n° 28 b (esquerda) da Boa Vista  com 54.000 b2, a 12 réis a b2, por um total de 648$000 réis em 20/10/1872 - concluiu o pagamento, com juros, em 30/06/1875. Heinrich Nieland adquiriu a colônia n° 10 a da Picada Welp com 50.000 b2, a 16 réis a b2, por um total de 800$000 réis em 22/10/1872 - pagou a dívida, com juros, em 30/06/1875 - este lote inicialmente seria destinado a Valetin Dörr. Carl Schmidt II comprou a colônia n° 38 (esquerda) da Picada Franck com 90.000 b2 por 720$000 réis em 18/10/1870 - continuou pagando a dívida com juros em 25/05/1875. Heinrich Joehnk comprou a colônia n° 31 a (esquerda) da Boa Vista com 57.500 b2, a 12 réis a b2, por um total de 690$000 réis em 08/12/1872  e concluiu o pagamento, sem juros, em 03/02/1873 -  adquiriu nesta ocasião o lote colonial n° 33 (esquerda) da Boa Vista com 126.000 b2, a 12 réis a b2, por um total de 1.512$000 réis e continuou pagando a dívida, com juros, em 30/06/1874 - Heinrich iria adquirir inicialmente o lote n° 31 (esquerda) da Boa Vista com 115.500 b2, a 12 réis a b2, por um total de 1.386$000 réis em 08/11/1872. Heinrich Korte comprou a colônia n° 23 (direita) da Picada Schmitt com 50.000 b2,  a 12 réis a b2, num total de 600$000 réis em 16/11/1872 - este concluiu o pagamento, com juros, em 30/06/1875 - o lote n° 23 esteve inicialmente destinado a Bertram Dreimeier.  Jacob Beier (Bayer) adquiriu a colônia n° 31 b (esquerda) da Boa Vista com 58.000 b2, a 12 réis a b2, por 696$000 réis em 19/11/1872 - continuou pagando a dívida, com juros, em 01/07/1874 - Jacob parece registrado inicialmente como Friedrich Jacob Beier e o Friedrich foi posteriormente riscado (N.A.: o sobrenome Beier necessita ser na grafia correta Bayer). Eberhard Horst comprou o lote colonial n° 10ª (esquerda) da Picada Schmitt com 51.500 b2 por 412$000 réis em 28/11/1869 - a companhia emprestou-lhe, em 05/10/1872, 13$560 réis para custear o transporte de Taquari a Teutônia e 9$700 réis de Porto Alegre a Taquari - assumiu uma dívida total de 435$260 réis, que foi paga, com juros , em 30/06/1875.  Rudolph Ahlert adquiriu a colônia n° 22 (direita) da Picada Schmitt com 65.000 b2 por 520$000réis em 14/07/1870 - pagou a dívida, com juros, em 11/03/1875. Christian Ahlert comprou a colônia n° 12 (esquerda) da Picada Schmitt com 105.025 b2 por 840$000 réis em 02/01/1870 - comprou também o lote colonial n° 11 b (esquerda) da Schmitt com 55.650 b2 por 445$200 réis em 28/11/1869 - assumiu uma dívida total de 1.285$000 réis e pagou a dívida, com juros, em 20/06/1874. Jacob Porn comprou a colônia n° 8 a da Picada Glück-auf (Canabarro) por 346$000 réis em 24/12/1872 -pagou a dívida, com juros, em 25/11/1875 - não aparece a área total do lote colonial, que deve ter sido uns aproximados 34.600 b2. Peter Hatje adquiriu a colônia n° 25 b (esquerda) da Boa Vista com 65.000 b2 por um total de 650$000 réis em 10/02/1873 - a companhia emprestou-lhe, em 01/02/1873, a quantia de 200$500  réis para custear o transporte de Porto Alegre a Taquari  e 29$500 réis de Taquari a Teutônia e 3$360 réis como gastos em Taquari- assumiu uma dívida total de 703$360 réis, que continuou sendo paga, com juros, em 01/07/1875. Heinrich Dammann adquiriu a colônia no 11 a da Picada Catharina com 75.000 b2 por 750$000 réis - a companhia, em 01/02/1873, emprestou-lhe, para custear despesas de transporte,  5$910 da Taquari a Teutônia,  4$100 réis de Porto Alegre a Taquari e 680 centavos de réis de gastos em Taquari - assumiu a dívida total de 760$690 réis, que foi paga, com juros, em 20/06/1875. Caecilie Bremer não adquiriu terras - a companhia custou-lhe, em forma  de empréstimo em 01/02/1873, o transporte de Taquari a Teutônia por 8$860 réis, de Porto Alegre a Taquari por 6$400 réis e 1$010 réis com despesas em Taquari - assumiu uma dívida total de 16$270 réis, que foi paga, sem juros, em 27/04/1873. Claus Dammann comprou a colônia n° 11 b da Picada Catharina com 75.000 b2 por 750$000 réis em 10/02/1873 - a companhia cedeu-lhe como empréstimo , em 01/02/1873, 5$910 para custear o transporte de Taquari a Teutônia, 4$100 de Porto Alegre a Taquari e 680 centavos de réis como despesas em Taquari - assumiu uma dívida total de 760$690 réis, que foi paga, com juros, em 20/06/1875.  Marcus Schneider não adquiriu terras - a companhia emprestou-lhe, em 01/02/1873, 5$910 réis para custear o transporte de Taquari a Teutônia, 4$100 réis de Porto Alegre a Taquari e 680 centavos de réis como despesas em Taquari - assumiu uma dívida total de 10$690 réis, que foi custeada, com juros, em 20/06/1875.  Nicolaus Nielsen comprou a colônia n° 12 da Picada Catharina com 75.000 b2 por 750$000 réis em 10/02/1873 - a companhia emprestou-lhe para o transporte, em 01/02/1873, o valor de 5$910 réis para custear viagem de Taquari a Teutônia, 4$100 réis de Porto Alegre a Taquari e 680 centavos de réis de despesas em Taquari -  assumiu uma dívida total de 760$690, que foi paga, com juros, em 20/06/1875...

Autor: Guido Lang. O Informativo de Teutônia n° 116, dia 09/11/1991, pág. 02.

Crédito da imagem: http://www.panoramio.com/photo/4240306

Os 3 pedidos

Familiares e amigos carregam caixão de ouro contendo os restos mortais de Carl Williams, em Essedon. Foto: Reuters

Perto de morrer, um homem fez 3 pedidos: 
1) Que seu caixão fosse carregado pelos melhores médicos da época. 
2) Que os tesouros que tinha, fossem espalhados pelo caminho até seu túmulo. 
3) Que as suas mãos ficassem no ar, fora do túmulo e a vista de todos. 
Alguém surpreso perguntou: - Quais são os motivos? 
Ele respondeu: 
1) Eu quero que os melhores médicos carreguem meu caixão, para mostrar que eles não têm o poder de curar na face da morte. 
2) Quero que o chão seja coberto pelos meus tesouros, para que todos possam ver que os bens materiais aqui conquistados, aqui ficam. 
3) Eu quero que minhas mãos fiquem para fora do caixão, de modo que as pessoas possam ver que viemos com as mãos vazias, e saímos de mãos vazias, para morrer você não leva nada material... 
Tempo é um tesouro precioso que nós temos. Podemos produzir mais dinheiro, mas não mais tempo!

Autor desconhecido

Crédito da imagem: http://noticias.terra.com.br

quarta-feira, 6 de março de 2013

Os Colonizadores da Colônia Teutônia - VII Parte


Luis Lier iria adquirir as colônias n° 19, 20, 21 e 22 (direita) da Picada Hermann com 214.800 b2 por 2148$000 réis – desconhecemos as causas da desistência. Adolph Eggers comprou a colônia n° 7 da Picada Catharina (parte da atual Boa Vista Fundos) com 154.000 b2 por 1540$000 réis em 09/03/1872 - adquiriu também o lote colonial n° 35 (direita) da Boa Vista com 96.100 b2 por 1.153$200 réis em 27/11/1873  –  continuou pagando as dívidas, com juros, em 11/03/1874 - este espaço, no Livro Colônia Teutônia, inicialmente esteve destinado a Adam Eckert que iria adquirir as colônias n° 2 e 7 da Picada Catharina com 215.600 b2 por 2.156$000 réis em 09/03/1872. Friedrich Kussler comprou a colônia n° 6 da Picada Catharina com 308.000 b2 por 3.080$000 réis em 09/03/1872 – este pagou à vista em 02/05/1872. Jacob Lang adquiriu n° 8 da Picada Catharina com 308.000 réis em 09/03/1872 – pagou a dívida à vista em 02/05/1872. Jacob Dockhorn comprou o lote colonial n° 34 (direita e esquerda) da Boa Vista (atual Boa Vista Fundos) com 214.650 b2 por 2.916$500 réis em 09/03/1872 – estes lotes foram calculados numa área total de 316.00 b2 e seria comercializados por 3.160$000 réis – Jacob pagou a dívida à vista em 27/04/1872. Friedrich Trennepohl Júnior comprou a colônia n° 5 (esquerda) da Picada Clara com 102.700 b2 por 812$600 réis em 20/01/1872 (pagou 8 réis a b2) e continuou pagando a dívida, com juros, em 01/07/1875 – este lote inicialmente fora destinado a Gustav Britzki. Christian Schneider comprou a colônia n° 14 (direita) da Picada Clara, por 8 réis a b2, num total de 101.500 b2 por 812$000 réis em 20/01/1872 – continuou pagando a dívida, com juros, em 01/07/1875. Wilhelm Sostmeier adquiriu a colônia n° 7 (esquerda) da Picada Clara com 116.950 b2, por 8 réis a b2, num total de 935$600 réis em 31/01/1872 – pagou a dívida total, com juros, até 06/06/1875. Christiam Zimmermann adquiriu terras na Boa Vista e Franck num total de 576.750 b2, a 6 réis a b2, num total de dívida de 3.460$000 réis em 20/02/1872 – pagou a despesa, sem juros, em 24/04/1872. Friedrich Schneider comprou o prazo colonial n° 1 (esquerda) da Picada Clara com 100.000 b2 por 800$000 réis em 20/01/1872 e pagou a dívida, sem juros, em 26/01/1874. Carl Arnt II comprou a colônia n° 45 (direita) da Picada Franck com 59.250 b2 por 474$000 réis em 20/01/1872 e pagou a dívida, sem juros, em 24/06/1872. Rudolph Tirp adquiriu o lote colonial n° 20 (direita) da Picada Schmitt com 91.600 b2 por 732$800 réis em 20/09/1870 - continuou pagando a dívida, com juros, em 01/07/1875. Friedrich Driemeier comprou a colônia n° 2 (direita) da Picada Clara com 104.000 b2 por 832$000 réis em 01/10/1871 - a companhia colonizadora cedeu-lhe, sob a forma de empréstimo,  28$920  para custear o transporte de Rio Grande a Teutônia e 30$000 réis de Hamburgo - assumiu uma dívida total de 890$920 réis, que continuou pagando, com juros em 01/07/1875 - aparece riscado na denominação, isto é, caso contrário, o seu nome seria Friedrich Driemeier II. Gottfried Borchardt comprou as colônias n° 24 e parte do n° 25 da Picada Boa Vista com 119.250 b2 por 1.192$250 réis em 09/10/1871 - pagou a dívida, com juros, em 01/04/1872 - aparece registrado uma transação imobiliária entre Edward Carl Schmidt e Gotthief Schorhordt referente ao lote n° 25 com 40.000 b2 por 400$000 réis. Friedrich Lautert Senior adquiriu o prazo colonial n° 32 (esquerda) da Boa vista com 121.500 b2 por 1.215$000 réis em 28/02/1872 - o pagamento, sem juros, ocorreu em 08/05/1872 – este inicialmente iria adquirir as colônias n° 32 e 33 (direita) da Boa Vista com 172.000 b2 por 1.720$000 réis em 28/02/1872. Carlos Friedrich Voges comprou as colônias n° 26 com 98.500 b2 por 985$000 réis e n° 30 com 114.500 b2 por 1.145$000 réis num total  de 2.130$000 réis da Boa Vista em 28/01/1872 - pagou a dívida, sem juros, em 03/05/1872. Carlos Schüler comprou a colônia n° 40 da Picada Franck com 90.000 b2, a 11 réis a b2, por total de 990$000 réis em 13/04/1872 - continuou pagando a dívida, com juros, em 01/07/1873. João Zarth adquiriu os lotes coloniais n° 40, 41, 42, 43, 44 (direita)  da Picada Franck com 211.500 b2, a 9 réis a b2, por um total de 1.903$500 réis em 13/04/1872 - continuou pagando a dívida, com juros, em 30/06/1875. Christian Fett adquiriu meia colônia da n° 2 a (direita) da Picada Schmitt com 60.000 b2 por 900$000 réis em 13/04/1872 - concluiu o pagamento, com juros, em 01/07/1874 - este lote inicialmente esteve destinado a João Zarth. Carlos Schmitt I comprou a meia colônia n° 29 (direita) da Picada Schmitt com 60.000 b2 por 900$000 réis em 13/04/1872 e concluiu o pagamento, com juros, em 26/10/1872 - parece que Carlos Schmitt comercializou este lote com Rudolph Dahmer em 14/11/1875. Richard Dreckler adquiriu as colônias n° 30 (direita) e 23 (esquerda) da Picada Schmitt com 200.000 b2 por 1.600$000 réis em 28/07/1871 e concluiu o pagamento, com juros,  em 01/07/1874.  Otto Dreckler comprou as colônias n° 31 (direita) e n° 24 (esquerda) da Picada Schmitt com 200.000 b2 por 1.600$000 réis em 28/07/1871 - concluiu o pagamento, com juros, em 01/07/1874. Wilhelm Etgeton adquiriu o prazo colonial n° 13 (direita) da Picada Clara  com 104.000 b2 por 832$000 réis em 01/01/1872 - concluiu o pagamento à vista. Friedrich Hunsche adquiriu a colônia n° 10 da Picada Welp com 100.000 b2 por 1.600$000 réis em 02/03/1872 -  concluiu o pagamento à vista. Manoel Lautert comprou a colônia n° 32 da Boa Vista com 86.000 b2 por 860.000 réis em 28/02/1872 e concluiu o pagamento à vista em Porto Alegre em 08/05/1872. Friedrich Lautert Júnior adquiriu o lote colonial n° 33 da Boa Vista com 86.000 b2 por 860$000 réis em 28/02/1872 - concluiu o pagamento, à vista, em Porto Alegre, em 08/05/1872. Carl Arnt Senior adquiriu a colônia n° 16 (direita) da Picada Franck com 100.000 b2 em 08/05/1872 - não aparece o valor do negócio. Heinrich Beckmann comprou a colônia n° 29 (esquerda) da Boa Vista com 110.000 b2 por 1.320$000 réis em 09/07/1872 - concluiu o pagamento, com juros, em 31/05/1874...

Autor: Guido Lang. O Informativo de Teutônia n° 115, dia 02/10/1991, pág.02. 

Crédito da imagem: http://www.skyscrapercity.com

A transparência contábil


As entidades comunitárias, como associações esportivas e sociedades de cantores, confrontam-se com o dilema da sobrevivência. Poucos membros, de maneira geral, se mantém ativos. Os jovens, como quadros novos, pouco se empolgam com dedicações e obrigações. As localidades, com a massiva migração campo-cidade, depararam-se com a evasão populacional. Algumas linhas/localidades possuem ainda um punhadinho de coloniais. Estes, num quadro restrito de associados, desdobram-se para ver em funcionamento algumas poucas entidades comunitárias.
As associações, nalgum passado (anos de 1950 a 1980), mantinham-se ativas nas diversas localidades. Cada qual, numa data pré-fixada e reconhecida pelas entidades co-irmãs, ostentava sua data magna (do evento cultural anual). Esta, na data de fundação, ia sendo esperada para avolumar público e engordar divisas. Estas, junto as mensalidades dos membros, era o meio de sobrevivência financeira. A diretoria dava o norte nestes eventos, enquanto todos os associados, com ativo trabalho, faziam-se participantes em tarefas pré-determinadas. Eles trabalhavam de forma voluntária e ainda pagavam os ônus de eventuais consumos.
O interessante, nestes eventos, mantinha-se relacionados a transparência contábil. Os membros da diretoria, noutro dia, reuniam-se para o balanço/contabilidade das entradas e saídas. Os registros do balanço escreviam-se nalgum caderno e, no final, afixava-se uma cópia, num papel transcrito, na porta frontal do prédio do salão. Qualquer morador poderia analisar e avaliar o balancete. Este, como modelo de transparência, demonstrava o desfecho da festa assim como era marca da efetiva honestidade.
A separação de caixas, de forma clara, havia entre o comunitário e o privado. Qualquer morador, sobretudo os associados, poderia debruçar-se sobre os números. Estes podiam inteirar-se de dispêndios, investimentos e lucros. As partes, diretoria e membros, abstinham-se de lançar dúvidas mútuas e evitar maiores falatórios. O orgulho e reputação do sobrenome, no meio comunitário, era digno de admiração, crédito e respeito.
As entidades atuais, em inúmeros exemplos, desconhecem-se de maneira geral a velha fórmula/prática. Os inúmeros eventos tomam vulto e nada de maiores acertos, comentários e referências dos desempenhos financeiros. Os membros e públicos, como colaboradores dos eventos (na proporção de frequentar), desconhecem lucros, ignoram dispêndios, privam-se de investimentos... Resultado: o descaso instalou-se com a sobrevivência de inúmeras sociedades. Uns poucos, adeptos abnegados, lutam arduamente pela manutenção.
Inúmeros moradores, com novas opções de lazer, frequentam outros ambientes e locais festivos. Alguns passaram a fazer descaso com as promoções locais. O caminho, como paliativo, parece juntar entidades menores para constituir alguma maior. A carência, de maior transparência (numa mistura do privado com o público), são causa primordial dos descasos e indiferenças. Os membros, de maneira geral, esquivam-se de participar em diretorias. Estes querem distância de atropelos e compromissos.
Honestidade e transparência ostentam-se sinônimos de credibilidade e orgulho. O morador, como filho da terra, convém reforçar suas entidades. Localidades, com carência de associações, costumam ser tachadas de atrasadas e retrógradas. A constituição de diretorias tornou-se uma problemática (em função de ninguém querer maiores obrigações e responsabilidades).

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano das Colônias”

Crédito da imagem: http://reavivamentoereforma.com

terça-feira, 5 de março de 2013

O excepcional osso



Um colonial, numa hora imprópria, achegou-se na casa do velho amigo e ferreiro. Este, próximo ao almoço, adveio para solicitar um serviço. O dono, em função de muitas negociatas e visitas, não poderia fazer a desfeita de deixá-lo de convidar para o almoço. O indivíduo, vindo de longe e duma grota,  certamente estaria esfomeado e sedento. As lancherias e restaurantes, naquele localidade do interior, inexistiam em vista de adquirir alguma merenda. A eventual possibilidade consistia em ir na venda e solicitar alguma bolacha, linguiça e refrigerante (um lanche típico nos armazéns de outrora).
A família, nas quartas-feiras, mantinha o hábito da degustação da tradicional sopa. Esta, a base de hortaliças e verduras (complementadas com cuca ou pão), mantinham-se de fácil digestão e seguiam alguns pratos quentes. O ingrediente básico do cozido era algum osso (de carne de gado) somado da tradicional massa caseira. Alguma carne, junto ao osso, mantinha-se muitíssimo apreciada. O visitante, como intruso ocasional, ganhou a cortesia de degustar a parte. Este, bastante esfomeado (da longa viagem de carroça puxada a boi), careceu de fazer maior charme. Ele tratou de extraí-lo do caldo e colocá-lo no seu prato. Procurou apreciar a esparsa carne, na companhia do proprietário, externou daí uma queixa/reclamo.
O cidadão, na sua santa burrice e ingenuidade (acrescido da cara de pau), exclamou em boa e viva voz: “- Este osso não tem maior carne!” O dono, sem maiores floreios e rodeios, não teve dúvida. Ele, num ato brusco e rápido, apanhou a peça no prato alheio. Ele, com a mão nua, jogou-o pela janela afora (na direção da cachorrada). Eles, em segundos, fizeram a maior algazarra e briguedo. As partes, convidado e proprietário, continuaram a refeição na aparente  e maior normalidade. A novela do reclamo, da gentileza alheia, tinha terminado a bom termo. Outros pratos, como complemento alimentar, viram-se acrescidos de reforço a refeição. A história do osso cedo espalhou-se no meio comunitário. O forasteiro, tão cedo, não fora mais convidado para alguma refeição familiar.
O hábito e princípio de não reclamar da bondade e gentileza alheia revela-se uma velada norma. A cara de pau de uns ofende o bom senso e a ética (perpassa aquela ideia da inconveniência). O convidado ocasional, de furão, não pode externar maiores comentários e reclamos sobre os sucedidos. “Cavalo dado de presente não se olha os dentes”.
Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano Colonial”

Crédito da imagem: http://kitsparecanto.com.br