As entidades
comunitárias, como associações esportivas e sociedades de cantores, confrontam-se
com o dilema da sobrevivência. Poucos membros, de maneira geral, se mantém
ativos. Os jovens, como quadros novos, pouco se empolgam com dedicações e obrigações.
As localidades, com a massiva migração campo-cidade, depararam-se com a evasão
populacional. Algumas linhas/localidades possuem ainda um punhadinho de
coloniais. Estes, num quadro restrito de associados, desdobram-se para ver em
funcionamento algumas poucas entidades comunitárias.
As associações,
nalgum passado (anos de 1950 a 1980), mantinham-se ativas nas diversas
localidades. Cada qual, numa data pré-fixada e reconhecida pelas entidades
co-irmãs, ostentava sua data magna (do evento cultural anual). Esta, na data de
fundação, ia sendo esperada para avolumar público e engordar divisas. Estas,
junto as mensalidades dos membros, era o meio de sobrevivência financeira. A
diretoria dava o norte nestes eventos, enquanto todos os associados, com ativo trabalho,
faziam-se participantes em tarefas pré-determinadas. Eles trabalhavam de forma
voluntária e ainda pagavam os ônus de eventuais consumos.
O interessante, nestes
eventos, mantinha-se relacionados a transparência contábil. Os membros da
diretoria, noutro dia, reuniam-se para o balanço/contabilidade das entradas e saídas.
Os registros do balanço escreviam-se nalgum caderno e, no final, afixava-se uma
cópia, num papel transcrito, na porta frontal do prédio do salão. Qualquer
morador poderia analisar e avaliar o balancete. Este, como modelo de transparência,
demonstrava o desfecho da festa assim como era marca da efetiva honestidade.
A separação de
caixas, de forma clara, havia entre o comunitário e o privado. Qualquer
morador, sobretudo os associados, poderia debruçar-se sobre os números. Estes
podiam inteirar-se de dispêndios, investimentos e lucros. As partes, diretoria
e membros, abstinham-se de lançar dúvidas mútuas e evitar maiores falatórios. O
orgulho e reputação do sobrenome, no meio comunitário, era digno de admiração,
crédito e respeito.
As entidades atuais, em
inúmeros exemplos, desconhecem-se de maneira geral a velha fórmula/prática. Os
inúmeros eventos tomam vulto e nada de maiores acertos, comentários e referências
dos desempenhos financeiros. Os membros e públicos, como colaboradores dos
eventos (na proporção de frequentar), desconhecem lucros, ignoram dispêndios,
privam-se de investimentos... Resultado: o descaso instalou-se com a
sobrevivência de inúmeras sociedades. Uns poucos, adeptos abnegados, lutam
arduamente pela manutenção.
Inúmeros moradores,
com novas opções de lazer, frequentam outros ambientes e locais festivos.
Alguns passaram a fazer descaso com as promoções locais. O caminho, como
paliativo, parece juntar entidades menores para constituir alguma maior. A
carência, de maior transparência (numa mistura do privado com o público), são
causa primordial dos descasos e indiferenças. Os membros, de maneira geral,
esquivam-se de participar em diretorias. Estes querem distância de atropelos e
compromissos.
Honestidade e transparência ostentam-se sinônimos de
credibilidade e orgulho. O morador, como filho da terra, convém reforçar suas
entidades. Localidades, com carência de associações, costumam ser tachadas de atrasadas
e retrógradas. A constituição de diretorias tornou-se uma problemática (em
função de ninguém querer maiores obrigações e responsabilidades).
Guido Lang
“Singelas Histórias
do Cotidiano das Colônias”
Crédito da imagem: http://reavivamentoereforma.com
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