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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

O segredo


A família, como produtora rural, mantinha o hábito do plantio das hortaliças e verduras. A horta ostentava-se uma contínua ocupação e preocupação feminina!
O cultivo, entre a gama de espécies, incluía a apetitosa e saudável cenoura. A planta, de maneira geral, via-se cultivada nalgum momento entre a Lua Minguante a Lua Nova!
As culturas, com produção debaixo da terra, ostentavam o plantio neste período lunar! O reflexo, nas copas, fazia diferença na produção da massa verde na Crescente e Cheia!
Um conhecido, como segredo, sugeriu semear no exato dia do começo da Lua Minguante. A formação dos frutos ganharia um colorido e desenvolvimento maior!
A informação, a título de experiência, foi testada no campo prático. Os resultados, depois de semanas, revelaram-se em admiráveis e robustas cenouras!
Os graúdos frutos contrastavam na elegância das semeaduras de outrora! Um fato inacreditável, num singelo detalhe de Lua, fazer tamanha diferença e formosura!
O segredo, daquela experiência em diante, foi acatado como definitiva norma rural. As cenouras angariaram a abundância e referência no torrão comunitário!
As famílias coloniais, junto às criações e plantações, possuem seus segredos de multiplicação e produção! O progresso e sucesso, dentro do profissionalismo rural, decorrem dos conhecimentos e habilidades!

                                                                        Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://segredosdepandora.wordpress.com/tag/segredo/

terça-feira, 24 de setembro de 2013

A maquilagem


O consumidor, como de práxis, foi comprar suas tradicionais balas de funcho. Aquela preta original, comum para adoçar a boca, revela-se remédio à gripe!
O cidadão, no bazar da esquina do grande centro, pagou os costumeiros um e noventa e nove reais! O valor este, há muito tempo, relegado a plano secundário!
O troco de um centavo, a bom tempo, careceu de receber! Uma afronta gritante aos direitos do Código do Consumidor!
A artimanha, como detalhe da inflação, relacionou-se ao peso. Este, dos rotineiros trezentos gramas, reduziu para duzentos e cinquenta (saudades dos outrora quinhentos).
Um aumento de preço, na surdina, revelou-se expressivo! O comprador, na artimanha comercial, adquiriu bem menos em quantidade pelo idêntico valor!
Um aumento, a grosso modo, de aproximados vinte por cento de uma só tacada! Inúmeros consumidores, pelo detalhe, nem tomaram conhecimento do superfúgio!
As empresas, diante do acirrado mercado, encontram paliativos aos problemas. Os consumidores, como parte final do processo, pagam os ônus do processo inflacionário!
A maquilagem comercial revela-se uma prática econômica rotineira. A corda, não tem jeito ou maneira, arrebenta sempre na parte mais fraca do conjunto!
                                                                           
Guido Lang
                 “Pérola do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://novohamburgo.org/

As contas


O beltrano, originário duma família carente, casou com a filha do abonado empresário. Ela, como única filha, tinha o desejo e obrigação de continuar a administrar a empresa!
A recomendação paterna consistia em arrumar um ativo e bom genro. Os negócios, depois de décadas no ramo, necessitariam da continuidade familiar!
Os enamorados, com a velhice dos pais, deveria assumir o empreendimento. Este, com dedicação e trabalho, daria bom dinheiro e qualidade de vida!
A filha, educada numa rígida disciplina estóica, mantinha dificuldades de desligar-se das obrigações e tarefas. A firma, em função da subsistência, ganhava a primazia das atenções!
O parceiro, como maridão, queria mesmo viver frouxo a vidinha. A preocupação essencial, na flor da idade, consistia em ser ativo e namorador!
A companhia feminina, nos momentos íntimos, carecia de colaborar naquele fogo da paixão! A esposa, nos momentos derradeiros, preocupava-se em pagar as muitas contas!
O comentário, em inúmeras situações, consistia em falar dos vencimentos d’água, luz, impostos, telefone... Os fornecedores aconchegar-se-iam com mercadorias e queriam dinheiro!
O casamento, com uma filha, durou modestos anos. O amor perdeu-se em meio à diária labuta! A solução, como pessoas civilizadas, consistiu em cada qual seguir seu caminho!
O descaso e desleixo dos despreocupados aborrecem e inquietam os responsáveis! Os interesses e problemas mudam conforme os gostos e negócios!

                                                                              Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.eloizanetti.com.br/

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A preocupação


O ancião, num baile da terceira idade, arrumou parceria. A dança, com os admiráveis noventa e oito anos, tomou sentido na congestionada e disputada pista!
Um conhecido, diante da alheia coragem e ousadia, preocupou-se com as intimidades. O comentário, junto aos estranhos, sucedeu-se nos sanitários!
A crucial pergunta foi: Como o fulano, com essa avançada idade, iria atender a sua cara metade? As energias e o libido, na compreensão, encontrar-se-iam certamente atrofiados!
Algum estranho, como intrometido, complementou: o atendimento dar-se-ia certamente de forma mecânica! A gente nunca conhece todas as habilidades humanas!
Outro ouvinte, colocando lenha na fogueira, reforçou: Será que satisfaz plenamente os desejos? Algum mais refletiu: Depende da idade e vontade da parceria?
O cidadão precisa deixar os alheios serem felizes dentro das carências e limitações. Cada qual sabe certamente dos desejos e necessidades!
Abençoados aqueles que chegam sãos e salvos a avançada idade! Qualquer idade possui suas dificuldades e felicidades! O encanto encontra-se em quem sabe levar a existência!
As pessoas possuem dificuldades de aceitar a velhice. Os anos, no mundo com tamanho número de mortes prematuras, deveriam significar sabedoria!
As pessoas, diante dos exageros, possuem necessidade de externar o espanto. Uns preocupam-se onde menos precisam!

                                                                            Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.365diasviajando.com/

Um princípio


Um colono, como leigo e improvisado veterinário, atendeu milhares de animais pelas propriedades rurais! Algum animal doente advinha o chamado do atendimento!
Os produtores, de longas distâncias, chamavam-no para aplicar os conhecimentos. Os profissionais formados, nos anos de 1930 a 1970, eram pérolas raras nas colônias!
O cidadão, com a maleta, andava e montava pelas linhas para atender os muitos chamados. O trabalho, com o manejo dos animais domésticos, reforçou-lhe a velha lógica!
Os bichos, mais ativos e saudáveis, mantinham-se os andarilhos/nômades. Estes, como magrelas no geral, ostentavam o ativismo na sexualidade e proles numerosas!
Os domesticados e enjaulados apresentavam-se obesos e escassos filhos. O acúmulo de gorduras, como reservas alimentares, revela-se um tremendo empecilho à agilidade!
O princípio, como lição de vida no geral, aplica-se ao gênero humano. Os indivíduos ativos e magrelas revelam-se costumeiramente mais acirrados no sexo e trabalho!
As comilanças, sobretudo a base de carnes (apesar de boas ao paladar), mostram-se impróprias aos homens! Quaisquer exageros e sedentarismos revelam-se imprudência!
Os humanos, dentro das necessidades naturais, distinguem-se pouco dos animais. Sábio aquele que vive em harmonia com as leis da natureza!

                                                             Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.baixaki.com.br/papel-de-parede/18367-vaca.htm

domingo, 22 de setembro de 2013

O fazer chover


O estranho, como conhecido, foi levar os especiais convites. Este, para o encontro de família, envolveu uma viagem excepcional (junto aos parentes de longe).
O mensageiro, como cidadão curtido, ostentou um discreto cuidado. Ele procurou conversar com o beltrano! Este encaminharia os convites para os demais membros!
O cidadão, numa espécie de líder familiar, revela-se a pessoa certa. A causa relacionar-se-ia “a fazer chover”. Os combinados e tratados tomariam o cumprimento!
Os intermediários, como atores coadjuvantes, viram-se descartados. O camarada, como velado chefe, sabe dar as devidas coordenadas ou pinceladas às decisões!
O beltrano, conhecendo os diversos elos, possui a habilidade de ajuntar as partes adversas. A corrente, nas várias peças, vê-se reconstituída!
Os irmãos recorrem a ele para pedir opiniões! Os pontos chaves, nas questões familiares, passam necessariamente pelo sua análise e crivo!
A fonte, no brotar do líquido, ostenta a melhor frescura d’água! Os segredos, aplicados à prática, espelham qualidade e resultados aos empreendimentos!
O cidadão, como sabedoria, precisa dirigir-se a quem realmente decide as resoluções. A liderança e respeito impõem-se com as atitudes e decisões!

                                                                                   Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://meioambiente.culturamix.com/natureza/o-que-e-chuva-invisivel

A tradicional senha


O indivíduo, na meteórica passagem terrena, deixa alguma marca. Os próximos, como amigos, familiares e parentes, lembram-se do fato até os dias finais!
Um pacato cidadão, morador das grotas, ostentava-se um ousado e refinado contador de vantagens. Este, nos acontecimentos, criações e plantações, sabia sempre melhor as coisas!
O azar, como “doutor na lábia”, levou unicamente em não ganhar a subsistência com a fala! Ele poderia ter sido algum especial conferencista, político, professor, religioso...
O pessoal, no seio comunitário, sabia tratar-se do excepcional mentiroso. Alguma singela formiguinha, na sua boca, assumia o tamanho especial de galinha ou pato!
As estórias, nas rodas da família e venda, ganhavam o público. O pessoal, em função da fala mansa, sabia tratar de mentira. Eles, no entanto, davam-se o tempo de escutar!
O morador, na proporção das criações e invenções, externava a senha: “- Isto, com certeza, revela-se verdade!” O ouvinte, de antemão, sabia tratar-se de mais outra lorota!
Os anos transcorreram! O cidadão pereceu! As referências perpetuaram-se no meio comunitário! Alguém, volta e meia, fazia referência as suas peripécias!
Uns aproveitam realmente muito mal suas reais vocações. As mentiras, em função das incoerências, possuem a inconveniência da auto-traição. Os maiores absurdos, em meio aos adeptos e seguidores, encontram ressonância!

                                                                                    Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://cerejafina.com/