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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Palavras indígenas


       "Soube que pretendem colocar-nos numa reserva perto das montanhas. Não quero ficar nela. Gosto de vaguear pelas pradarias. Nelas sinto-me livre e feliz. Quando nos fixamos, ficamos pálidos e morremos. Pus de lado a minha lança, o arco e o escudo, mas sinto-me seguro junto deles. Disse-lhes a verdade. Não tenho pequenas mentiras ocultas em mim, mas não sei como são os comissários. São tão francos como eu? Há muito tempo, esta terra pertencia aos nossos antepassados. Mas, quando subo o rio, vejo acampamentos de soldados nas suas margens. Esses soldados cortam a minha madeira, matam o meu búfalo e, quando vejo isso, o meu coração parece partir-se. Fico triste… Será que o homem branco se tornou uma criança, que mata sem se importar, e não come o que matou? Quando os homens vermelhos matam a caça, é para que possam viver, e não morrer de fome.”  


(Satanta, dos Kiowas)

Crédito da imagem: www.josephfama.com

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

A carta ao supremo chefe


Um camarada, durante as ditaduras militares da América Latina (num país vizinho ao Brasil), mantinha uma querela de terras. Um certo elemento, como militar, invadiu  alguma área escriturada. Ele, com a complacência da Justiça, não queria desocupar o espaço alheio. A disputa, por anos, arrastava-se no Judiciário e nada de despejar o invasor. O registro do imóvel, como comprovação de direitos assegurados, parecia inócuo perante o poder da ordem instituída.
O proprietário, com a escritura em punho, procurou as instâncias maiores da República. Gastou somas expressivas com deslocamentos, impostos e taxas para resolver a disputa. O processo, nesta altura, tornou-se uma questão particular. As partes, de ambos os lados, mediam forças para angariar os direitos. O dono com a escritura em dia; o ocupante como posseiro rural. Uma questão litigiosa e de difícil conclusão.
O dono, como empresário e investidor agrícola, foi convidado para um evento do empresariado rural. O chefe maior da nação, o Presidente da República, far-se-ia presente ao evento. O Estado, com dificuldades de caixa (como sempre), precisava de empreendedores e investidores. Gente para gerar divisas e, consequentes, impostos. Oportunidades novas gerariam empregos e trariam maior fartura material.
O evento, numa determinada data, aconteceu num centro de convenções. Os participantes, inclusive o dono da querela judicial, foram enfileirados para o cumprimento da autoridade suprema. Este, como velho marechal, perpassou a classe. Ele, a cada qual, deu um cordial aperto de mão (como mandava a boa educação e a formalidade do protocolo). Uma ocasião ímpar de conhecer pessoalmente o séquito das autoridades maiores do país.
O marechal, num momento, achegou-se no cidadão. Ele, numa linguagem rápida, perguntou ao chefe: “- Posso entregar-lhe uma carta?” A resposta foi positiva! Ele, numa correspondência bem redigida, explicou o caso do processo indefinido. O ditador, dias depois, perguntou referências sobre a pessoa e do processo aos subalternos. Os oficiais de justiça cedo advieram para trazer o ultimato. A ordem de despejo seria executada caso o camarada, em tal número de horas, não abandonasse a propriedade. O cidadão, como posseiro, foi ao mundo e nada de levar vantagem na improvisação de espertezas. A ordem estabelecida, para manter a confiança nas instituições, precisava ser cumprida.
O empresário, no contexto do espanto dos amigos, falou do interesse de relatar o ocorrido ao chefe maior. Estes duvidaram de forma veemente a possibilidade (em função da “blindagem da autoridade”). Ele, de forma escrita, comunicou/falou o necessário, porém conseguiu o acesso e a atenção do militar presidente. O marechal, na hora da entrega, apanhou, de imediato, a correspondência e guardou-a no bolso interno do paletó.
A astúcia e esperteza, bem empregada e usada, mostra-se uma pérola nas extremas necessidades. Os sábios, de forma engenhosa, sempre encontram uma maneira de resolver seus dilemas. As dificuldades sempre tem uma solução e a inteligência consiste de vislumbrar a maneira mais viável de resolvê-las.

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano da Vida”

Crédito da imagem: produto.mercadolivre.com.br

Traje da alma


       O médico conversa descontraído com o enfermeiro e o motorista da ambulância, quando uma senhora elegante e, de forma ríspida, pergunta:
            - Vocês sabem onde está o médico do hospital?
            Com tranquilidade, o médico responde:
            - Boa tarde, senhora! Em que posso ser útil?
            Impaciente, a mulher indaga:
- Será que o senhor é surdo? Não ouviu que estou procurando pelo médico?
            Mantendo-se calmo, contesta ele:
            - Senhora, o médico sou eu. Em que posso ajudá-la?
            - Como?! Senhor?! Como esta roupa?
           - Oh, senhora! Desculpe-me! Pensei que a senhora estivesse procurando um médico e não uma vestimenta...
          - Oh! Desculpe, doutor! Boa tarde! É que... vestido assim, o senhor nem parece um médico...
          - Veja bem como as coisas são – disse o médico – as vestes parecem não dizer muitas coisas mesmo... Quando a vi chegando, tão bem vestida, tão elegante, pensei que a senhora fosse sorrir educadamente para todos e depois daria um simpaticíssimo “boa tarde!” Como se vê, as roupas nem sempre dizem muito...

Autor desconhecido


domingo, 3 de fevereiro de 2013

Paz interior


Aconteça o que acontecer na sua vida, não perca a sua paz interior, ela é a força que você precisa para manter-se em equilíbrio mesmo durante as piores tempestades.
Nessa época de pessoas atormentadas por pesadelos, por frustrações e sonhos desfeitos, manter a paz é fundamental para não cair nas armadilhas da depressão.
A carga de informação que você recebe durante o seu dia, a pressão do trabalho, dos estudos e dos relacionamentos, acaba deixando seus nervos em pedacinhos.
Se você não estiver com o pensamento voltado para o seu bem estar, você não consegue manter o equilíbrio e ai, o seu fígado começa a sofrer as primeiras consequências, daí para as doenças do estômago como a gastrite, a úlcera e outros nomes não muito recomendáveis, é um passo.
É preciso que você coloque filtros em sua vida, e ao receber as notícias, sejam elas quais forem, analisar e rapidamente descartar o que não for realmente importante para sua caminhada.
Manter-se em paz é um exercício diário, porque muitos obstáculos estarão presentes no seu dia a dia, a começar pelo seu lar, onde sob o mesmo teto reúnem-se pessoas que não compartilham as mesmas ideias que você.
No trabalho outros problemas nos aguardam.
Manter o emprego esta cada vez mais difícil, devido a enorme competição imposta pelas empresas entre os funcionários, tornando o clima às vezes "infernal e insuportável".
Para complicar tem o seu relacionamento que anda às vezes tão complicado por coisas tão bobas, que você fica pensando, será que vale a pena?
E quando você está a sós, fica imaginando que não nasceu para amar e ser amado, que os anjos te esqueceram e outras besteiras que a solidão causa.
Tudo isso e mais aqueles amigos que acreditam que você é poderoso e usam seu ombro como se fosse um grande muro das lamentações e deixam você mais carregado de energias nada boas.
Cuide-se enquanto é tempo.
Para que sua paz continue, use estas regrinhas básicas:
- Use o bom senso ao ler as notícias.
- Pare de ir no embalo dos alarmistas de plantão.
- Ao entrar no local de trabalho, faça uma prece em silêncio e cumprimente a todos com alegria.
- Respeite-se, se não estiver com vontade de falar com ninguém, retire-se e pare de fingir que está tudo bem.
- Peça ajuda. Para ajudar alguém precisamos estar muito bem. Se você não estiver bem, esqueça, você vai prejudicar a você e a quem pediu ajuda. A paz é uma conquista daqueles que se amam.
- Ame-se pelo amor de você mesmo! Ninguém tem o direito de invadir a sua paz e se o estão fazendo é porque você está permitindo.
- Reveja seus atos. Para manter a sua paz vale tudo: banhos relaxantes, orações, terapias, e muito amor. A paz é um exercício diário.
- Sorria mais, relaxe, busque um cantinho dentro de você para ser feliz. Você é responsável pelo seu bem estar. Estando feliz, o outro seguirá o seu exemplo.
- Acredite em você.
- Valorize-se. Você merece muito mais do que tem hoje, e vai conquistar se mantiver seu pensamento voltado para suas conquistas, sonhos e desejos.
Só existem dois dias no ano em que nada pode ser feito. Um se chama ontem e outro amanhã. Portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer, e principalmente viver.

Crédito da imagem: www.yosoyhialeah.com

A raiz do problema


Um trabalhador assalariado, nos dias úteis, ausentava-se da família. Ele, de segundas a sextas, labutava no interior duma ferraria (duma localidade distante). Uma jornada estafante, com a ausência de maior maquinário (sofisticado), em função do massivo emprego da força braçal. A solda, com o manejo e remendos dos aços e ferros, deixava exaurido os poucos funcionários.
O empregado, numa oportunidade, achegou-se ao dono. Ele, na metade da semana, pediu uma folga (para retornar ao lar). O empregador, na sua tradicional franqueza colonial, perguntou as razões. Este, em forma de auto-reflexão, ainda interrogou: “- O amigo, a casa/residência, vai sempre nas sextas-feiras e não na metade da semana. Qual a causa do retorno antecipado?”
O funcionário, na sua aparente ingenuidade, explanou sua preocupação e  problema. Este, ao patrão, disse: “- Desconfio da honestidade e sinceridade da minha senhora. Essas ausências prolongadas estão causando conversas e falatórios. Penso haver ‘alguma cachorrada’ frequentando o seio da minha casa. Quero conferir o fato in loco e de uma forma discreta“.  O proprietário, tendo o cidadão como bom empregado, liberou-o da jornada.
Os moradores, das redondezas/vizinhanças, sabiam do fato a algum bom tempo. Algum conhecido, “com razão de adicionar gravetos a fogueira” ou “ver o circo pegar fogo”, deu alguma sutil indireta (sobre a visitação imprópria, porém concedida pela parte feminina). O camarada, nesta altura do campeonato, era razão das chacotas e falatórios. “O corno, como de práxis, ostenta-se o último a saber da traição”.
O patrão, diante da esdrúxula narrativa, precisou dar sua pitada/palpite. A figura de linguagem, da cachorrada, deixou-o admirado e reflexivo (porém ostenta-se numa fala corriqueira nas colônias). Ele ouvira alguma referência dos cochichos e comentários dos acontecimentos. Este, numa sentença ímpar, acabou dando a solução ao caso. O conselho, de forma curta e grossa, consistiu: “- A cachorrada encontra-se atrás da fêmea! Ostenta-se difícil eliminar a gama de machos! A solução consiste em descartar a cadela!”
A alternativa, diante da realidade dos fatos, viu-se tomada cedo como resolução.  O descarte adveio em forma de separação. O casal desfez o contrato matrimonial. Cada qual retomou sua vida.  Ele manteve-se como solteirão e ela refez outro matrimônio.
Um princípio básico: os males convém eliminar a partir da raiz dos problemas (nada de querer atacar as consequências). A franqueza ostenta-se uma pérola, porém poucos têm o bom senso de querer ouvi-la. Agradeça, de todo o coração, quem tem a coragem e a ousadia de dizer-lhe a verdade. As pessoas, de maneira geral, adoram falar e fazer chacotas e conversas (pelas costas).

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano das Colônias”

Crédito da imagem:  tatiele-tatiele.blogspot.com

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Um sonho ímpar


Um colonial, numa certa altura da existência, teve um sonho ímpar. Este, em função deste, organizou e planejou seu modo de vida. Os comportamentos e trabalhos direcionaram-se em função da obsessão (de algum dia ser “marajá”). As ideias ligaram-se a numerologia. A sorte rondava a casa, porém nunca achegava-se. A vida, no tempo, “escorria entre os dedos” e a concretização do sonho: nada.
O camarada, na época das estradas de chão e carona de leiteiro (anos de 1940 até 1980),  percorria extensos percursos (aproximados 35 km de ida e outros tantos de volta).  Chegou, em centenas de oportunidades, a tirar dias para achar determinados números. Ele, na sua residência, passava horas e dias em cima de cartela. Queria, como fator de sorte, descobrir e entender a lógica dos números. Os dados sorteados, de semanas e meses, guardava de cor. Este, em determinado horário (às 18:30 horas), estacionava diante do rádio. Alguma emissora, naquele momento, transmitia a numeração (recém sorteada das loterias). Estas, do primeiro ao quinto prêmio, viam-se criteriosamente anotados (em caderno especial) e estudados.
O indivíduo, apaixonado pelos jogos das loterias (estadual e federal), tinha sonhado, nalguma oportunidade, ter ganho a sorte grande. Este, aproximadas quatro décadas, passou em função de cartelas e prêmios. Residia no interior e, portanto, caminhava distâncias enormes, pegava caronas/leiteiros ou ônibus para comprar os bilhetes semanais na rodoviária (da sede municipal). As lotéricas, com suas facilidades, ainda nem tinham dado os ares da sua graça. Os moradores, nas suas idas e vindas, sabiam: o fulano foi apostar no bicho e comprar seus jogos (“fazer sua fezinha”). Uma fidelidade sagrada com os números e temor ímpar de que fossem sorteados e não tê-los comprado.
O curioso relacionou-se aos recursos financeiros pessoais. Ele, a partir do trabalho familiar, direcionou todas as divisas a esta finalidade. O tema, das conversas informais, concentrava-se nas cartelas sorteadas. Absorvia horas na narração de numerações premiadas. O tempo transcorreu e dedicou a vida a obsessão dos jogos. Algum prêmio grande/graúdo  jamais ganhou e, no máximo, algumas poucas notas no bicho. Gastou, nas milhares de apostas, algum prêmio grande “nas lotéricas da rodoviária”. Poderia tê-lo tido na proporção das economias.
A lição de vida ensina: de pouco adiante querer forçar a sorte. A obsessão cega o bom senso. Jogos, de maneira geral, favorecem os donos das bancas (razão do governo angariar as muitas loterias). As pessoas, em função do enriquecimento fácil, insistem em paulatinamente jogar fortunas. As possibilidades de ganhos são ínfimos, porém alguns sortudos levam a grana (colocando a segurança pessoal e familiar em cheque).
Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano da Economia”

                                                          Crédito da imagem:   exclusividadeebeleza.blogspot.com

O caminho da vida



Cada um de nós caminha pela vida como se fosse um viajante que percorre uma estrada. 
Há os que veem margens floridas e os que somente enxergam paisagens desertas. 
Há os que pisam em macia grama e os que ferem os pés em pedras pontudas e espinhos. 
Há os que viajam em companhias amigas, assinaladas por risos e alegria. 
E há os que caminham com gente indiferente, egoísta e má. 
Há os que caminham sozinhos – inclusive crianças - e os que vão em grandes grupos. 
Há os que viajam com pai e mãe. E os que estão apenas com os irmãos.
Há quem tenha por companhia marido ou esposa. 
Muitos levam filhos. Outros carregam sobrinhos, primos, tios. Alguns andam apenas com os amigos. 
Há quem caminhe com os olhos cheios de lágrimas e há os que se vão sorridentes. 
Mas, mesmo os que riem, mais adiante poderão chorar. Nessa estrada, nunca se conheceu alguém que a percorresse inteira sem derramar uma lágrima. 
Pela estrada dessa nossa vida, muitos caminham com seus próprios pés. Outros são carregados por empregados ou parentes. 
Alguns vão em carros de luxo, outros em veículos bem simples. E há os que viajam de bicicleta ou a pé. 
Há gente branca, negra, amarela. Mas se olharmos a estrada bem do alto, veremos que não dá para distinguir ninguém: todos são iguais. 
Há gente magra e gente gorda. Os magros podem ser assim por elegância e dieta ou porque não têm o que comer. Alguns trazem bolsas cheias de comida. Outros levam pedacinhos de pão amanhecido. 
Muitos gostam de repartir o que têm. Outros dão apenas o que lhes sobra. Mas muita gente da estrada nem olha para os viajantes famintos. 
Há pessoas que percorrem a estrada sempre vestidas de seda e cobertas de joias. Outros vestem farrapos e seguem descalços. 
Há crianças, velhos, jovens e casais, mas quase todos olham para lugares diferentes. 
Uns olham para o próprio umbigo, outros contemplam as estrelas, alguns gostam de espiar os vizinhos para fofocar depois. 
Uma boa parte conta o dinheiro que leva e há os que sonham que um dia todos da estrada serão como irmãos. 
Entre os sonhadores há os que se dedicam a dar água e pão, abrigo e remédio aos viajantes que precisam. 
Há pessoas cultas na estrada e há gente muito tola. Alguns sabem dizer coisas difíceis e outros nem sabem falar direito. Em geral, os sabichões não gostam muito da companhia dos analfabetos. 
O que é certo mesmo é que quase ninguém na estrada está satisfeito. A maioria dos viajantes acha que o vizinho é mais bonito ou viaja de forma bem mais confortável. 
É que na longa estrada da vida, esquecemos que a estrada terá fim. 
E, quando ela acabar, o que teremos? 
Carregaremos, sim, a experiência aprendida durante o tempo de estrada e estaremos muito mais sábios, porque todas as outras pessoas que vimos no caminho nos ensinaram algo. 
A estrada de nossa existência pode ser bela, simples, rica, tortuosa.
Seja como for, ela é o melhor caminho para o nosso aprendizado. 
Deus nos ofereceu essa estrada porque nela se encontram as pessoas e situações mais adequadas para nós. 
Assim, siga pela estrada ensolarada. Procure ver mais flores. Valorize os companheiros de jornada, reparta as provisões com quem tem fome. 
E, sobretudo, não deixe de caminhar feliz, com o coração em festa, agradecido a Deus por ter lhe dado a chance de percorrer esse caminho de sabedoria.

Autor desconhecido

Crédito da imagem: ondeasondasquebram.wordpress.com