Guido Lang
A
Colônia Teutônia (atual Teutônia/RS), em 15 de maio de 1894, conheceu seu maior
combate, quando tropas federalistas (conhecidas como maragatos) e republicanas
(conhecidas como pica-paus), degladiaram-se na Revolução Federalista
(1893-1895).
Centenas
de homens enfrentaram-se sobre a ponte do Arroio Boa Vista (entre Glück-Auf e
Neuhaus – atual Languiru e Teutônia Várzea), onde os revolucionários
federalistas entrincheiravam-se na residência de Júlio May (quartel-general) e
moradias circunvizinhas.
Os maragatos,
conhecendo o tamanho da tropa governamental, passaram a fugir, sem disparar o
primeiro tiro, em direção aos matos. Os tiros dos pica-paus assumiram a
semelhança duma chuva em direção aos fugitivos, que foram abonando arreios,
bagagens, cavalos e munições aos inimigos. Quatorze combatentes, em meio ao
combate de Teutônia, tombaram mortos. Dois eram governamentais e doze,
maragatos.
Os federalistas,
curando as feridas e desorganizados nos matos, passaram a ser caçados como animais,
com razão de abandonarem o quartel-general teutoniense.
Estes,
depois de meses de acampamento e inúmeros atos de pilhagem, assim como do
incêndio de diversas casas comerciais, precisaram procurar novas bases.
Diversos
combatentes, depois de dias de esconderijo, necessitaram “colocar o pé na
estrada” com a finalidade de reaglutinar-se e reencontrar-se com seus
simpatizantes.
A tradição
oral conta-nos a história dum federalista que bateu esfomeado numa residência colonial.
Soldados
republicanos ainda estavam no seu encalço, pois almejavam abatê-lo ou
eventualmente prendê-lo.
Este,
em meio ao maior pavor e estado deplorável, chegando na moradia, solicitou água
e pão. A família atendeu prontamente ao pedido do inimigo, quando o
revolucionário retomou fuga. Os perseguidores, minutos depois, chegaram e
pediram informações. Relatou-se sobre sua passagem, mas ignorou-se sua direção
e o solicitado por ele.
O maragato
era um ser humano, por isso não merecia ser caçado como animal.
O colonial
não nega um pedido de água e alguma comida a forasteiros, que, costumeiramente,
são recebidos amistosamente.
(Texto extraído de “Contos do Cotidiano Colonial”, página
87, de Guido Lang).
Crédito da imagem: https://www.extraclasse.org.br/cultura/2013/04/chimangos-x-maragatos/
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