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domingo, 6 de janeiro de 2013

Um galo


      O malandro, ao trouxa do chacareiro, trouxe um galo de rinha. Este, tendo mais exemplares da espécie, tratou de fazer algum escambo. Procurou, num primeiro instante, deixar a ave adaptar-se ao ambiente. O ingênuo impressionar-se com o bicho. Transcorreu, algumas horas, pediu trocar por galinhas (caipiras). O morador, bom vizinho e gentil, aceitou a proposta “na santa fé”.
Os dias transcorreram e o dono notou o estranho comportamento. O galo ostentava-se indiferente as galinhas. Os machões, rivais, abstinham-se de temores dele; nada de maiores confrontos. O animal, de forma incomum as aves, andava sólito pelo pátio. Outra atitude imprópria: nada de constituir e dormir com seu harém. O proprietário dizia: Que ave mais estranha! Nunca vi um galo desses! Tem algum “coelho ensacado” nessa história!
A família, numa certa ocasião, assentou-se à conversa informal e o tradicional chimarrão. Objetivo: “colocar as conversas em dia e trocar umas  e outras fichas” (informações). Procurou curtir o ambiente calmo e natural da chácara. As galinhas, no pátio, ciscavam e descansavam (no sabor do calor). Uma poedeira, numa altura, assentou-se para “querer receber os serviços masculinos”.  O aparente chefe alisou  e roteou, porém nada de sua instintiva e nobre missão. Ele mantinha a “indiferença e impotência diante da fruta”. O criador primeiro, como rinhadeiro, tinha aplicado uma (para impossibilitar difundir a variedade e tirar cria).
O dono,  noutro dia,  não teve a menor dúvida: abateu o galo  “para colocar na panela”. A situação revelou o impensado: galo castrado/infértil. O rinhador, com razão de não difundir sua  especial criação,  havia pregado uma astuta peça. Ele comercializou “a semente infértil!” A ave consumiu um punhado de trato e nada de maior proveito. O comprador compreendeu a razão das chacotas (de amigos e  conhecidos). Estes faziam referências em querer comprar ou trocar o galo. Eles sabiam da falcatrua e aproveitaram a situação para tirar zarro. Umas boas gargalhadas fruto da ignorância alheia.
As interrogações futuras, diante dos gozadores, foi no sentido da destinação. O proprietário falou da sua comercialização a outro criador (distante). Ele fez referência ao recebimento de excepcional preço. O antigo dono, diante da ganância e mentira, ainda lamentou pelo negócio. O carneador deu-se conta das “transações viciadas de certos elementos”. Estes estragam-se por mixaria e desprezam a memória futura. Ostentam-se desonestos e inconfiáveis. Desperdiçam valiosas chances e oportunidades de eventuais  novos/outros negócios.
Quem se estraga por pouco, o muito não merece. Certos ganhos injustos e momentâneos, na prática, causam descréditos e prejuízos maiores (em função da perda da confiança e dos falatórios). O que não queres para ti,  trate de não repassar aos alheios! Certas práticas vêem-se perdoadas porém jamais esquecidas. Um singelo detalhe, no âmbito geral, pode fazer uma tremenda diferença.

                                                                        
    Guido Lang
                                                           “Singelas Histórias do Cotidiano Colonial”

Crédito da imagem:http://papasbolosetolos.blogspot.com.br/2009/08/o-campones-resolve-trocar-o-seu-galo.html 

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