Convento São Boaventura - Imigrante/RS, construído todo em pedra-grês.
As pedras, por
milênios, jaziam adormecidas nas brutas e cobertas minas. Os materiais, na
profundidade do tempo, achavam-se numa aparência de eternas (nas inércias e reservas).
Uns forasteiros, no
contexto dos primórdios da colonização e ocupação colonial, achegaram-se numa certa
ocasião. Estes senhores, com habilidade finita e paciência ímpar, passaram a
destacar e rachar lascas (em forma de variadas peças e tamanhos). Umas escassas
ferramentas (a base do aço e ferro maciço), manipuladas por milagrosas e
práticas mãos, extraiam estranhos e variados quadrados. Estas peças, conforme
as finalidades de uso, mantinham dimensões e formatos diversificados (de
algumas dezenas de centímetros em altura, comprimento e largura). Os objetivos
das extrações consistiam numas nobres funções e missões nas construções.
Os conjuntos de
milhares de peças, em dias, semanas, meses, anos e décadas de extrações, viam-se
destacados e selecionados (conforme as necessidades próprias). Os pedaços das
lascas, umas caricaturas e miniaturas comparadas as minas de pedras grês, foram
sendo arrastados e carregados. O trabalho animal e humano, na direção dos
espaços das obras, conheceram dedicação, habilidade e inteligência. Os locais,
costumeiramente um pouco distantes das estradas gerais e no interior das
propriedades, ganharam dimensões de instalações diversas. Alguma visão
panorâmica, como encostas das colinas (na proporção de haver água), tinham preferência nos locais de montagem.
Algumas centenas de
milhares de unidades, destacados do
conjunto, foram sendo amontoados e empilhados cuidadosamente e pacientemente
nas muitas picadas (localidades). Algumas peças, as mais robustas e volumosas, tiveram
as funções de alicerces. Elas, no contexto geral, precisaram comportar as mais
leves. As mais leves ganharam a dimensão de paredes. Umas quatro, com
subdivisões no centro, tomaram sentido das moradias. Edificações sólidas,
desafiadoras do tempo, fizeram-se em função da dureza dos materiais. Os calores,
chuvas, frios e ventos viam-se
suavizadas no contexto dos abrigos (edificados nas matas subtropicais). Umas
três a quatro gerações abrigaram-se e criaram-se nas construções (durante um
período de muitas décadas).
As construções
obsoletas, em função das peças, foram desmontadas e remontadas. A modernidade
adveio para enterrar modelos de vida do passado. Os materiais, de modo
paciencioso, foram novamente desmontados. Umas mãos, agora da descendência,
trataram de carregá-las em potentes veículos. Elas, em lugarejos variados,
foram descarregados e reconstruídos. Estas, como no passado, mantiveram suas
funções.
Outros humanos, como
velhas cozinhas e salas, adquiriram-os por míseros trocados. Alguns enamorados,
como jovens casamenteiro, continuaram a epópeia humana (de edificar casas e
constituir famílias). Estes, com ajuda de auxiliares e pedreiros, refizeram a
metódica labuta da montagem e reconstrução. As preocupações, como na origem,
consistiam em fazer mais com o menos dos recursos (com razão de fazer render o dinheiro).
Outras semanas e meses, de esforço e suor, foram necessários para fazer brotar
habitações em novos moldes.
As pedras, legados
dos ancestrais, continuaram sua nobre e sublime missão de abrigar das intempéries do
tempo. As moradias, noutras três a quatro gerações, certamente tem a função de
cuidar e guardar humanos. Estes materiais vêem-se encaixados e readaptadas as necessidade
da modernidade. Algum reboco, para esconder o cru, escondem as muitas e
variadas peças. As pesadas e sólidas rochas, no contexto dos manejos das
construções, mostraram-se judiadas e penosas.
As pedras
reformuladas, umas vez empilhadas, formaram um conjunto ímpar. Umas robustas
edificações desafiam o tempo e dão conforto e segurança aos proprietários. Os
quebradores, no processo da colonização, passaram no silêncio do anonimato (na
proporção da ausência ou carência de registros). A tradição oral, nas décadas
sucessivas de sucessão das gerações, iriam esquecendo nomes e práticas dos
autores das façanhas.
Se as
peças, num conjunto de roda viva, pudessem falar da história. A grandiosidade
do gênio humano, no seus muitos anonimatos, seriam dignos de admirações e
registros. Como ocorreram as extrações? Quais as ideias e filosofias das pessoas envolvidas? Que
modo de vida ostentavam? Quem eram os reais construtores? Algumas funções, nos
sucessivos futuros, continuarão sendo dadas às pedras. Estas, umas vez
destacadas e selecionadas, ganharam uma serventia ímpar. Estudiosos, nas
posterioridades, elaborarão teorias e tratados sobre técnicas de construção.
Uma realidade, comum nas colônias, consiste em desmontar
antigas construções e remontar os materiais em novas edificações. As pedras, no
tempo, desafiam as gerações na proporção
de servirem a muitas humanos. As peças, talhadas com habilidade e paciência,
tem uma continua serventia nas propriedades coloniais.
Guido Lang
“Singelas Histórias
do Cotidiano das Colônias”
Crédito da imagem:http://www.turismo.rs.gov.br
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