Os pastores, de
determinada confessionalidade religiosa, advinham da Europa. Outros, filhos da
terra, eram enviados ao Velho Continente para o estudo universitário. A colonização,
com suas muitas carências de toda ordem, não tinha como estabelecer entidades
de formação teológica. Esta, nas décadas sucessivas, conheceu sua fundação (como
estabelecimento à formação pastoral).
A tradição oral, em
mais umas das suas muitas e variadas histórias, conta o relato de determinado
religioso. Este, saindo jovem das colônias e passando anos nas cidades
europeias, acabou destacado à determinada comunidade do interior. Este, num lugarejo (distante de
maiores centros urbanos), tornou-se uma espécie de autoridade. Ele, na
compreensão de muitos fiéis, era o elo/ente estabelecido entre o divino e o
profano. Os pastores, pela consideração em relação aos moradores e pela sua
especial formação, ganhavam a maior admiração, consideração e respeito. As
palavras do religioso, em geral, ostentavam-se uma espécie de velada lei.
O fulano,
como jovem esbelto e solteiro, foi recepcionado em determinada família. Um
hóspede muito especial e ímpar. A moça do clã, sabendo das condições de desimpedido,
mantinha-o como um bom par. Os familiares, de alguma forma, facilitaram no
relacionamento e eventuais intimidades. O religioso, pela formação e seriedade,
não oferecia maiores perigos à jovem da família.
Ela, num domingo a
tarde, foi destacada para mostrar o patrimônio familiar e uma visão panorâmica
da localidade. O casal/as partes, de forma descompromissada, saíram a cavalgar
pela estrada geral. Os potreiros, de modo geral, estendiam-se nas beiradas e
percursos da via. Imensos gramados, com amplas criações (aves, bovinos, ovinos
e suínos), reafirmaram o progresso
colonial.
Estes, num
determinado ponto, depararam-se com alguma vaca em cio e o touro predisposto a
fazer sua função (máscula). O jovem, como curioso nato, perguntou: “- Como o
touro sabe dos desejos da vaca?” A
menina moça, criada entre criações e plantações, rebateu: “- Este sabe pelo
cheiro e o líquido escorrendo na parte vaginal!”
Estes, numa certa
altura, foram andando nos seus pingos. A jovem moça, num trajeto das andanças,
não aguentou o descaso e indiferença da parceria. Esta, de forma curta e seca,
interrogou: “- Não cheiras nada de diverso?” O religioso, na sua astúcia e
temor (de comentários e comprometimentos futuros), replicou: “- Não! Quê
poderia cheirar de diverso?” Aí a moça, numa explanação ímpar, externou seu espanto
e desejo: “- Mostras-te mais burro e inexperiente como o touro?”
Certas ofertas, numa
determinada época e contexto social, eram compromissos e obrigações na certa. A
carne dos desejos, em todas as épocas e situações, ostenta-se fraca e
predisposta a tentação.
As afinidades humanas afinam-se e unem-se no contexto da
convivência. O cidadão, para amar e gostar, precisa ter afinidade e desejos
amorosos com o próximo (caso contrário convém abster-se de certas iniciativas e
práticas). Alguém, no contexto das intimidades e relacionamentos, precisa tomar
a iniciativa da ação.
Guido Lang
“Singelas Histórias
do Cotidiano das Colônias”
Crédito da imagem: http://www.algarvehousing.net
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