Um certo colonial,
pacato morador das colônias, viu-se contratado para abrir um buraco. Este, como
senhor e solteirão, fazia trabalhos manuais. Diversos moradores, em meio às necessidades
das propriedades, contrataram-no de forma esporádica nos serviços. O curioso:
sabia fazer uma gama de atividades e não relegava tarefas.
O cidadão, como
diarista braçal, mostra-se um trabalhador em extinção nas colônias. Eles, no
cotidiano das localidades, fazem muitíssima falta. A legislação trabalhista
inibe estes contratados ocasionais. Qualquer percalço pode acabar em sérios
aborrecimentos e indenizações no ministério. Muitos preferem deixar crescer o
mato a incorrer em aborrecimentos e transtornos trabalhistas. A inviabilidade
econômica, de contratar por um e outro dia/serviço, não compensa o vínculo
efetivo. A vantagem do profissional, no final do expediente, consiste em sair
com o dinheiro na mão e sem maiores encargos/descontos.
O fulano, num
determinado momento, aceitou em fazer mais outro “bico” (serviço). A tarefa
consistia em abrir um buraco. Este, como finalidade, serviria para instalar algum
poste. As antenas da internet ganhariam espaço no cenário colonial. As ondas da
modernidade, como norma geral, aconchegam com rapidez na tranquilidade do
interior. Os moradores querem as benesses das cidades e vivem em meio à
calmaria das localidades. Dignidade e qualidade de vida tornaram-se uma
obsessão.
O cidadão, nas lidas
manuais, foi abrindo a cratera. A pá de corte e cavadeira manual, como
artefatos, eram as ferramentas próprias à tarefa. Uma circunferência de meio
metro cúbico de superfície foi ganhando a fundura de um metro e meio. O
trabalhador, depois de duas horas (entre esforços e descansos), tinha concluído
a nobre missão. O contratante admirou-se do belo trabalho e tamanho do buraco. Acertou,
concluído a tarefa, o valor pré-combinado. Meia centena de reais pagou no ato.
O camarada, na auto-reflexão e dom de brincadeira, externou a seguinte frase:
“- Um buraco desses por cinquenta reais! Outros bem menores também custam esse
preço em bem menos tempo!” Alguma gargalhada e nada de maiores comentários.
Valores de serviços variam conforme a especialização e
procura. Cada qual gasta o seu suado dinheiro conforme melhor lhe convém. Uns
ganham difícil, outros de maneira fácil a grana da sobrevivência. Dinheiro
serve para atender aos nossos desejos e sonhos! Os pensamentos alheios inúmeras
vezes nos surpreendem de forma deveras.
Guido Lang
“Singelas Histórias
do Cotidiano das Colônias”
Crédito da imagem:http://nandapiovezani.blogspot.com.br/2011/02/cade-o-buraco.html
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