As pessoas, num
domingo ensolarado, gritam e torcem no estádio. Uma excepcional partida, pelo
campeonato amador, sucede-se na localidade. Imprensa, escrita e falada,
encontra-se a registrar e transmitir o jogo. Os torcedores, de inúmeras
localidades, afluem ao evento. O estacionamento encontra-se tomado de veículos.
As cercanias do campo tomadas pelos apaixonados torcedores. Outro acontecimento
esportivo ímpar na história do clube e da pacata localidade.
Um pai e filho, neste
ínterim, não puderam desgrudar-se dum objetivo maior. Eles, com a umidade dos
desfechos do inverno e lunação própria, fixaram algum propósito maior. Este
objetivo tinha cotas. Precisariam, como trabalhadores urbanos (improvisados de
colonos nos finais de semana), transplantar mudas. O tempo, naquele final de
semana, favorecia a atividade agrícola. A dupla, numa determinação ímpar e
teimosia própria, colocou mãos a obra. Eles inspiravam-se na fartura econômica
futura.
Alguns espaços
íngremes de morro foram enchidos com o eucalipto. Uma antiga lavoura, com a
migração massiva campo-cidade, fora relegada das culturas anuais e reavaliada
na sua função social. O mato, dessa vez reflorestamento, retoma o seu lugar
tradicional. O dono, com o auxílio do filho, obriga-se a tarefa de cultivar. O
genitor abre os buracos e o rebento coloca/fecha as mudas.
O sonho, daqui a décadas,
consiste em produzir toras e ostentar florestas. Uma poupança familiar alheia “as
manipulações bancárias e maquiagens dos índices econômicos/estatísticos dos
governos”. A família, com os dividendos
almejados, espera nalgum dia “sentar na sombra na proporção de outros
trabalharem”. Os propósitos, determinados e obcecados, impulsionaram a tomar o
final de semana como dia qualquer. As mil mudas, da cota da safra, precisava
conhecer a destinação própria. As desculpas, em meio às necessidades, não
funcionaram de outros compromissos e ocupações. A ideia encontrava-se
direcionada a poupança do futuro.
Idênticas realidades,
em todos os finais de semana, ocorrem no meio colonial. Os donos de máquinas
ocupam-se na confecção de silagens. Proprietários trabalham na semeadura de
lavouras (recém colhidas). Carvoeiros cortam matos para abastecer fornos. Os
leiteiros recolhem a produção colonial. Colonos reparam as criações (aves,
porcos e vacas). Os fornos ganham a contínua vigília dos queimadores de lenha...
Trabalhadores
anônimos, alheios aos benefícios trabalhistas (adicionais, horas extras e
férias), labutam de forma contínua e persistente nos seus empreendimentos. O
sistema não pode parar e alguém precisa cuidar da sua manutenção. Alguns, em
meio aos maiores eventos ou velórios, encontram-se a labutar. O meio rural assemelha-se
a ares de empresas familiares. Os colonos ganham na proporção de seus
investimentos e trabalhos.
Os propósitos determinam as atividades e comportamentos.
O pensamento, direcionado ao futuro, ostenta-se característica marcante do homem
rural. O dono, como sendo seu próprio empregado/funcionário, ostenta-se
dedicado e eficiente no trabalho da empresa. Os encargos trabalhistas vêem-se
renegados como proprietário.
Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano
Colonial”
Crédito da imagem:http://aguasamericanas.com/ecom.aspx/Produto/eucalipto-toras--citrodora-arapongaspr
Nenhum comentário:
Postar um comentário