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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

O Pinheirinho de Natal


         Rudolfo mostrou-se um pacato morador colonial, quando dedicou a vida para realizar o bem. As dificuldades econômicas mantiveram-se continuamente presentes, todavia não o impediam de realizar boas ações. Auxiliava onde podia e dava sua contribuição na impossibilidade.
Procurou na juventude, em uma determinada ocasião, cultivar diversas sementes de pinhão. Cultivou-as próximas ao pátio e numa divisa. A função era ceifá-las para pinheirinho de Natal. A magia cristã, da lenda do pinheiro natalino, fascinava-o e o maior sonho, nunca realizado, consistia em edificar uma igreja na sua localidade. Os moradores, tendo parte numa comunidade próxima em outra linha, “nunca mobilizaram-se e abriram mão de contribuir à edificação”.
Os anos transcorreram e os pinheiros cresceram. Árvores próprias com a altura para a nobre missão de transmitir a magia do Menino Deus.  Rudolfo, no contexto comunitário, prontificou-se a doação dos pinheirinhos de Natal à escola comunitária. Este, a cada final de ano, mantinha um próprio, quando a diretoria e professora sabiam a quem pedir. A alegria e satisfação mantinham-se a máxima, quando todos os moradores sabiam da nobre doação. A gratificação maior consistia em ver a árvore enfeitada, com luzes, crianças correndo ao redor, alunos apresentando peças teatrais natalinas, comunidade toda reunida... A comunidade escolar, como consideração a contribuição, dava-lhe um singelo pacote do Papai Noel, que era o real reconhecimento da sublime obra.
Os anos transcorreram; Rudolfo pereceu, porém as reminiscências passam gerações. Forasteiros e parentes, a cada Dia dos Finados, quando diante da sua tumba perpassam, dizem: “- Aqui jaz o doador dos pinheirinhos de Natal!” Outros, a cada ano, doam o pinheirinho, mas relembram-se das doações do Rudolfo.
As pessoas, diante de forma grandiosa ou modesta, escrevem sua odisseia terrena, quando deixam histórias e lembranças. Ações comunitárias enobrecem indivíduos e gerações. Os singelos atos, praticados de forma desinteressada, costumeiramente acabam sendo os mais relembrados, daqueles que continuam nas jornadas.
Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura colonial teuto-brasileiro)


Crédito da imagem: http://fashiontagconsultoria.com/tag/significados/

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