A
sorte todos almejam e procuram nesta vida! Certos sinais parecem anteceder essa
crença. Ela, no meio colonial, manifesta-se por singelos sinais. Os fatos, na
casualidade, sucedem-se em meio às inúmeras tarefas do cotidiano. Alguém cedo
repara e diz: “prenúncio de sorte”, “alguma boa notícia será comunicada”,
“dinheiro forrando o poncho”, “necessidade de jogar no bicho ou loteria”...
Os
coloniais, no passado, mantinham suas plantações de alfafais. Ela, a alfafa,
como feno ou pasto verde, mantinha-se num trato excepcional. Ela, ceifada com
foice ou gadanho, era periodicamente cortada e carregada para o trato.
Sucedia-se, em meio à colheita, um achado especial. Relacionava-se a alguma
folha de quatro ou cinco pontas. Esta era recolhida com esmero e levado para
casa. A tarefa consistia em secá-la e armazená-la no interior de algum livro.
Uma espécie de marcador de páginas e podia ficar guardado por anos. A sorte
ostentava-se armazenada/resguardada, no contexto familiar, em meio ao somatório
da produção científica/intelectual humana.
Algo
idêntico acontecia com o trevo. Ele era uma pastagem de inverno (época de
carência de forragens verdes). Os coloniais tratavam de cortar
balaios/carroçadas e carregá-los ao estábulo (como trato às vacas) O pasto era
administrado no momento específico da ordenha. Os animais, em meio à comilança,
acalmarem-se para serem ordenhadas. Achava-se, num espaço muito fértil,
esporádicas folhas quatro pontas (norma é três). Extraía-se, como estratagema
da sorte, para guardá-lo como relíquia (nalguma publicação). Secava e
deixava-se armazenado por meses/anos. O leitor, nalgum momento, revisava o livro
e deparava-se com a excepcionalidade. Ótimas reminiscências, desta especial
época da vida, advinham à mente.
Outro
prenúncio da sorte ligava-se aos pássaros da sorte. Estes, como beija-flores,
coiviras, joão-de-barros, tico-ticos, eram os alvos. Entravam casa adentro dos
moradores. Ficam desnorteados, por uns bons momentos, até localizar alguma
janela ou porta (de saída). Os coloniais encarram o fato como sinônimo da uma
crendice de sorte. Acreditam receber boas notícias (familiares e financeiras).
Estes cuidam costumeiramente dos gatos (com razão de não apanhar a ingênua
vítima desnorteada). Uma realidade muito comum na primavera (na proporção de
procurarem/vasculharem lugares para ninhos). As crianças, no interior da
chácaras/propriedades, cedo aprendem o significado desse desvio de rota. Passam
gerações, vêm gerações e a crendice perpetua-se (no seio das famílias rurais).
Os
sinais, com algum trabalho, reforçam os bens estares dos moradores. Muitos não
podem ostentar maiores dividendos (monetários), porém revelam-se riquíssimos na
alegria, felicidade, harmonia, saúde, paz... O ambiente, em meio ao ar puro,
silêncio e tranquilidade, favorecem essa sorte. O indivíduo, “dono do próprio
nariz e tempo”, ostenta uma dádiva/riqueza ímpar (comparado aos ambientes
maçantes das excessivas aglomerações humanas). Precisa, a cada dia, dar suas
graças (elevando as mão na direção do céu) pelas dádivas divinas recebidas.
Certas crenças elevam a moral e os sentimentos de felicidade. Colhemos aquilo
que plantamos na seara da existência. Aquilo que bem faz, nunca convém renegar.
Inúmeras crenças e crendices norteiam nossas ações e pensamentos. Melhor
ostentar alguma fé do que mostrar-se cético e desesperançoso.
Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)
Crédito da imagem: http://megaarquivo.com/2012/03/28/5618-por-que-o-trevo-de-4-folhas-e-simbolode-boa-sorte
Nenhum comentário:
Postar um comentário