Existem indivíduos de
todos os tipos neste mundo. “Cada louco com suas manias e segredos” versa a
sabedoria popular. Uns moradores escondem-se em casa! Estes almejam maior
distância dos curiosos e faladores.
Alguns poucos, muito
discretos e eficientes nos negócios, escondem-se no anonimato. Estes poucos
procuram manter a discrição dos seus empreendimentos e posses. Deixam de
comentar, junto aos familiares e estranhos, detalhes da sua vida pessoal.
Evitam uma gama de aborrecimentos e falatórios (na proporção de adotar a
postura). Ostentam-se, como postura de vida, deveras reservados. Fala-se, na
gíria, “escondem o jogo”. Esta prática desperta a curiosidade alheia.
A tradição, pelas
boas relações comunitárias, reza pelo cumprimento, recepção e convite (para entrar/sentar
no interior das residências). O visitado convida/pede para entrar, sentar e
colocar algumas conversas em dia. O visitante, nesta entrada, faz ideia dos
bens e modo de vida familiar. As crenças transparecem nas arrumações e
decorações. Descobre-se os gostos e manias daquele morador. O ambiente revela
as energias existentes naquele seio!
Os anônimos fazem
descaso com a visita. Os reservados carecem de oferecer alguma cadeira, externar
o convite para sentar, possibilidade de vislumbrar o interior da residência... Os
visitantes são tratados numa aparente indiferença. A discrição evita revelar
gostos e paixões, modo e qualidade de vida, teor dos bens duráveis e
leituras... Eles, no entender do morador, não interessam a estranhos e daí a
reserva efetiva. Reza a tradição oral, pela fala, serem pessoas perigosas. Os
próximos nunca conhecem/sabem as reais ideias e pensamentos destes. Ignoram com
quem estejam realmente falando/relacionando. O excesso de resguardo e reserva
atiça um mistério (em função do desconhecimento de estar ou não agradando).
Outros moradores,
conhecendo o espírito alheio, evitam maiores proximidades e carecem de visitá-los.
Sentem-se afrontados na proporção de não ver oferecido uma cadeira (para
sentar), desconhecem a retribuição de alguma visita, evitam gentilizas de
escambos (sobras de produtos)... Uns, como vizinhos, residem próximos (há décadas),
porém nada de maior intimidade. Um relacionamento distante e frio como aparentes
desconhecidos. Esporádicas conversas, nalgum encontro ocasional, sucedem-se. Pode-se,
numa emergência, unicamente contar com seu auxílio (para fins humanitários).
Os moradores, por residirem em singelas comunidades,
conhecem-se pelos hábitos, histórias e nomes. Uma boa vizinhança revela-se uma dádiva!
O segredo de ostentar bons vizinhos consiste em ser uma boa vizinhança. Versa a
sabedoria colonial: “Melhor um vizinho próximo que algum irmão distante!” e “cada
cabeça uma sentença!”.
Guido Lang
Livro “Histórias das
Colônias”
(Literatura Colonial
Teuto-brasileira)
Crédito da imagem: http://www.webluxo.com.br/menu/imoveis/2009/elegante-mansao-marbella.htm
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