Numa certa ocasião
ocorreu o imprevisto! A morte não precisa esperar. Ela chega por si só! As pessoas vão para o
descanso e cedem o lugar aos mais novos. Os finados retornam ao lugar de
procedência. Os familiares compreendem a situação como chamado divino. A missão
terrena cumprida em bons termos. Os exemplos servem de lição para quem fica.
Sábios são aqueles que conseguem passar muito dias nesta jornada e vivem momentos
ímpares.
As casas mortuárias,
a partir de 1980, ganharam importância no cenário colonial. Diversas entidades
religiosas trataram de edificar seus prédios. Os religiosos queriam terminar
com os velórios nas casas dos finados. A falta de estrutura, no momento impróprio,
dificultava as coisas (cerimônia) com espaço. Um exemplo clássico
relacionava-se a falta de assentos. Uma borbúdia com o afluxo de uma centena de
moradores (entre aparentados, conhecidos e vizinhos). O religioso, no fundo, interpretava
como transtorno deslocar-se às inúmeras casas/residências coloniais. Este, em
situações, obrigava-se a fazer caminhadas em meio a brejos, cercados e
potreiros. A construção, junto ao campo santo, abreviaria e facilitava os atos
de encomendação e sepultamento.
Outra casa mortuária,
junto ao cemitério, foi edificada pelos lados de Teutônia/RS. Um certo morador,
como comerciante (duma localidade), ostentava-se deveras curioso. O cliente, à
venda, mal achegara-se e este tratava de comentar, narrar e ouvir as últimas da
comuna. Passou, umas cinco décadas, sendo o cidadão muitíssimo esclarecido,
informado e propagador das boas novas/ocorrências comunitárias. Na história da edificação
da casa mortuária não foi diverso. Ele, como ex-presidente da entidade, acompanhava
os vários passos do empreendimento. Os membros-doadores, na proporção de haver
materiais, gostavam de ver os trabalhos deslancharem.
A curiosidade, com a
conclusão dos trabalhos, relacionava-se com a inauguração. Quem seria a
primeira vítima? As obras avançavam e as conversas iam na direção do fulano e
beltrano. Estes, adoentados a um bom tempo, recaiam as suspeitas. A construção,
numa data, ostentava-se concluída. Podia ser inaugurada. Quem seria a vítima?
Algumas semanas transcorreram nessas conversações. Os adoentados arrastaram-se
no tempo. Nada de corpo! O mistério estendia-se
na “surdina das conversas informais”.
Os sinos, numa certa
manhã, tocaram e anunciaram o derradeiro. “Faleceu alguém” foi à conversa. Quem
seria o paradeiro? Qual membro da comunidade? A casa mortuária ganharia sua
utilidade? Acabaria inaugurada! O anunciado correu os quatro ventos! Achegou cedo
aos muitos lares! A surpresa foi de admiração e espanto: o sicrano. O
comerciante era a vítima. Um mal súbito, aqueles tradicionais ataques do
coração, levaram-no a inaugurar o prédio. O destino havia pregado outra peça.
Levou o mais curioso! Aquele mais interessado em saber quem era o primeiro!
Quê peça a vida nos reserva? Uns parecem adivinhar seus
infortúnios! Os excessos de curiosidade resultam em chacotas. Os moradores, em
meio ao seio comunitário, costumam deixar algumas histórias como doces
reminiscências.
Guido Lang
Livro “História das
Colônias”
(Literatura Colonial
Teuto-brasileira)
Crédito da imagem: http://aguidyannedelonge.blogspot.com.br/2011/02/hey-hey-eu-amo-cemiterios.html
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