(Guido Lang)
Os religiosos, padres e pastores, precisam fazer apontamentos
das suas atividades pastorais. Estes registram para as comunidades, os
batismos, casamentos e óbitos, que, num primeiro momento, assemelham-se a um
amontoado de datas e nomes. Os estudos criteriosos, num segundo passo, revelam
preciosos subsídios históricos, que são primordiais para conhecer a evolução
comunitária, resgatar elementos da identidade histórico – cultural e reaver
elementos da genealogia.
A população colonial não possuía o hábito de registrar
sua história, que, no máximo, incorria nos perigos dos equívocos da tradição
oral. Os moradores rurais mantiveram-se preocupadíssimos com as atividades
agropecuárias, que lhes asseguravam e ofereciam dignidade e sobrevivência.
Outras atividades produtivas, junto às criações e plantações, constituíam-se
nalgum trabalho da indústria artesanal, que pudesse exprimir nalguma
especialização e vocação artesanal assim como complementar os rendimentos. A
prática da leitura e atividades literárias esporadicamente ganharam algum
espaço, quando lia-se (almanaques, anuários e jornais) e escrevia-se alguma
correspondência. Os esporádicos registros, com a passagem dos anos e gerações,
acabaram extraviados e perdidos. Muitas comunidades interioranas praticamente
não possuem registros da evolução histórica, porque apontamentos e atas das entidades
culturais - recreativas e famílias, igualmente acabaram desaparecendo e
perecendo em meio à mentalidade progressista e renovadora.
As recentes pesquisas históricas, dentro da abordagem
da História das Mentalidades, ganham destaque e expressam o estudo dos grupos
minoritários que, por exemplo, podem ser colonos, presidiários, prostitutas,
sindicalistas, etc. Os micro-historiadores, estudiosos de assuntos
aparentemente insignificantes da história, englobam-se nesta linha de pesquisa,
quando ampliam e aprofundam os conhecimentos e informações de comunidades
(religiosas e rurais) e grupos minoritários. Estes, juntamente com os
genealogistas, recorrem à correspondência, diários, entrevistas, escrituras,
registros pastorais, relatos, para encontrarem fontes e subsídios históricos,
que possam elucidar e enriquecer as pesquisas. Os registros pastorais, devido à
escassez de fontes primárias, ganham importância, pois as anotações de
batismos, casamentos e óbitos acabam sendo estudadas minuciosamente.
Os livros de registros comunitários encontram-se
geralmente nas comunidades religiosas, aos quais os genealogistas e
micro-historiadores recorrem. Os estudiosos e pesquisadores passam a ler e
anotar os dados que relacionam-se as datas dos ofícios, locais dos eventos,
nome e paternidade dos envolvidos, testemunhas dos acontecimentos, observações
diversas (como exemplo: data de imigração, números de filhos, nome da esposa,
participação na vida comunitária), etc. Os dados e informações, analisados e
listados, no seu conjunto, oferecem valiosos subsídios, que acabam espelhando a
realidade comunitária e familiar. Os estudiosos listam as diversas anotações,
que facilitam enormemente a análise e compreensão dos acontecimentos. A
preciosidade dos registros amplia-se à medida que os religiosos forem
criteriosos nos seus apontamentos. Estes indivíduos, veículos da palavra
divina, deveriam receber algumas orientações dos estudiosos, nas quais aprofundassem
a clareza e o teor dos seus registros. Apontamentos estes, no futuro ‘’tão
valiosos como o ouro e a prata’’, pois complementam e postergam o auxílio
pastoral prestado aos membros.
A importância dos registros pastorais, na atualidade,
ganha tamanha envergadura e espaço, que passa a existir a preocupação de reuni-los
em disquetes e livros. A finalidade é facilitar o acesso dos estudiosos e
resguardá-los do extravio. Sínteses e resumos dos dados são elaborados em
artigos, que acabam publicados em jornais e revistas, a fim de ampliar os
estudos da genealogia e história regional.
Os registros comunitários - pastorais, portanto, são
relíquias histórico-comunitárias, guardam e preservam as escassas informações de
numerosas comunidades, famílias e grupos sociais. Estes ‘’tesouros escondidos’’
precisam receber a máxima atenção e resguardo, pois não podem ser consumidos
pela ação do descuido e do tempo. Os registros precisam ser preenchidos com
conhecimentos e zelo, pois amanhã, completarão as informações de documentos e
jornais. O conjunto de escritos formam os subsídios históricos que guardarão os
nossos momentos históricos e a vida do esquecimento e insignificância. As
pesquisas bibliográficas, nestas preciosas fontes, ganham atenção e espaço à
medida que as atuais gerações interrogam-se do seu passado e questionam-se do
real sentido da vida. Esta trajetória terrena não pode restringir-se ao
‘’consumismo barato’’. Os valores do conhecimento e espírito demostram nossa
grandeza espiritual, que supera a mera dimensão terrena e aproxima-nos, através
da fé, da grandeza e sabedoria divinas.
(Fonte: Anuário Evangélico, Ano l996,
pág. 137 e 139)
Crédito da imagem: http://reginajgr.blogspot.com.br/2011/10/livro-aberto.html
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