O
pacato cidadão, morador dos recantos das localidades, tem dificuldades de
entender o “funcionamento da engrenagem governamental”. A divisão de poderes e
funções de cada qual (Executivo, Legislativo e Judiciário) encontra-se um
dilema. O contribuinte, diante das reclamações da coisa pública, trata de ir
reclamar na prefeitura. Procura, como primeira possibilidade, falar com o
prefeito (tinha-me pedido o voto).
Um aluno, do ensino primário, adveio
com uma dúvida. Este, em algum lugar, tinha lido ou ouvido falar de governo de
transição. Procurou, ao pai, perguntar o termo! Este ficou a refletir de como
explicar o interrogado. Uma dificuldade, na proporção de não ser mestre/professor,
para uma criança de tenra idade. Esta, com seus aproximados nove anos,
mereceria uma resposta compreensiva e inesquecível. O curioso, neste fato,
relaciona-se ao escasso esclarecimento do termo no contexto da pacata vida
comunitária.
O genitor, com algum estudo no
ensino fundamental, lembrou-se das tradicionais figuras de linguagem. Saiu com
esta: “- Governo transitório assemelha-se ao pneu de estepe. O condutor fura algum
dos quatro (nalguma estrada de chão). Obriga-se a colocar o reserva (estepe).
Procura daí dirigir-se a borracharia; consertar o efetivo e recolocá-lo na sua
função original. O reserva mostrou-se uma improvisação, que durou na proporção
do efetivo encontrar-se estragado (impedido). Um paliativo transitório até o
conserto do real”.
A criança, para complementar, perguntou
sobre os assessores/secretários. Qual a função destes num governo transitório? “- Aí a coisa aperta/complica!” disse o
falante. Explicou: “- O motorista costumeiramente troca o estepe! Os
secretários são os caroneiros. Eles geralmente gostam de opinar e lamentar e,
na sequência, cuidar da guarda dos parafusos. Uns auxiliam, outros atrapalham,
porém poucos definem. Ajudam, na real, diluir os custos do deslocamento e dar
sugestões”. O filho concluiu: “- Obrigado pai! Entendi e compreendi o termo!
Prometo não esquecer tão cedo à explicação”.
Os
colonos, de maneira geral, tem uma capacidade incrível de dizer muito em poucas
palavras. Uma arte de explicar o difícil em singelos exemplos e palavras. A
capacidade da síntese revela-se uma habilidade de sábios.
Guido Lang
Livro “História
das Colônias”
(Literatura
Colonial Teuto-brasileira)
Crédito da imagem: http://jornalismob.com/2010/04/21/como-falar-de-brasilia-hoje/
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