Um hábito
centenário consistia em carregar as carabinas. Elas, no interior de carretas e
carroças, viam-se carregadas no assoalho dos veículos. Encontravam-se, na
primeira emergência, ao alcance da mão.
Os artefatos poderiam ser usados como defesa
contra inimigos naturais. Exemplo: contra eventuais bichos peçonhentos. Alguma
caça especial poderia ser abatida (oferecia, no seio familiar, um cardápio
diverso e exótico). Outros instrumentos, como enxadas, facões e foices, serviam,
numa emergência, como improvisadas armas. O instinto de caçador, a quaisquer
momentos repentinos, mantinha-se “rejuvenescido do fundo d’alma”. Este, no
contexto da aparente despreocupação, via-se desperto na proporção de vislumbrar
presas.
A
cachorrada e as espingardas foram fatores essenciais à segurança familiar. Os
colonos/pioneiros, jogados no interior dos matos (Floresta Pluvial Subtropical/Mata
Atlântica), foram obrigados a defender-se ou perecer. Estes mantiveram longe os
aborígenes/índios e as feras/felinos, que atacavam as criações e plantações. Os
caninos, uma vez treinados às caçadas, perpassavam os diversos ambientes e
espaços, no que procuraram rastros de vítimas. O bicharedo, uma vez entocado,
levava os cães aos latidos. Alguém das
famílias, de imediato, averiguava a situação. O hábito consistia em
salvaguardar-se dos perigos, no que carregava os artefatos/ferramentas como
peças de armamento.
Os
bugres, alcunha atribuída aos nativos, mantinham apurado conhecimento dos ambientes
naturais. Estes, no entanto, não poderiam fazer frente às armas de fogo, porém
faziam ataques com razão de angariar artefatos de ferro. Os colonos, muitos exímios
atiradores, usaram armas (diante da primeira suspeita da presença humana).
Outros, como participantes das guerras (de unificação alemã) e com o faro apurado
de descendentes dos outrora temidos combatentes bárbaros (no Império Romano),
assimilaram as táticas de confrontos nos ambientes das florestas (a semelhança
de franco-atiradores e guerrilheiros). Os índios, depois de resistências nas
velhas colônias (Colônia Alemã de São Leopoldo) e experimentar caçadas
implacáveis (movidos pelos brancos), foram obrigados a refugiarem-se na direção
dos lugares inóspitos (dos morros e serras). O elemento teuto apossou-se das
baixadas/margens dos rios, que eram/são os melhores solos ao cultivo e pastoreio.
A prática da carabina, ao alcance da mão,
mantém-se uma tradição no interior das casas (porém não mais como nas idas e
vindas à roça). A legislação ambiental inibe as caçadas. O modesto colono, amante
da paz, mostra-se corajoso na proporção de colocar em cheque a segurança e o
patrimônio familiar. Este ostenta-se deveras possessivo com suas criações,
plantações e terras. O forasteiro, portanto, precisa identificar-se na
proporção de incursionar pelos interiores com razão de não conhecer surpresas
indesejáveis.
Guido Lang
Livro ‘’
Histórias das Colônias’’
(Literatura
Colonial Teuto- brasileira)
Crédito da imagem: http://espiritotaichi.blogspot.com.br/2009/11/carroca-e-o-eu.html
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