As famílias
coloniais, no contexto da ocupação dos lotes, trataram de descobrir água. Alguma nascente com vista de abastecer a
principiante propriedade. A carência obrigava a redimensionar o local da
instalação. Famílias e criações exigiam abundância do líquido da vida.
A canalização da água das fontes, nos
primeiros anos de instalação, criou um bálsamo/maravilha no ambiente dos
pátios coloniais. Diversas famílias canalizaram os poços na direção destes. A água, de uma forma abundante e constante,
escorria pelo cenário. Animais e humanos
abasteciam-se e se refrescavam na maior fartura. O barulho do líquido, armazenado em tanques (geralmente edificados com pedras), davam ares da graça. Os
ambientes viam-se umedecidos com a contínua presença do líquido. Ares de semelhança com cursos fluviais tomaram vulto. Chamarisco para uma
gama de espécies da fauna silvestre.
A existência da água, com a presença
de algum capão de mato ou construção própria, criou os recantos frescos. Algum
lugarzinho específico para assentar-se às conversas (no sabor do pique do verão).
O líquido deixava o ambiente fresco e umedecido. A respiração tornava-se mais
própria nos instantes da baixa umidade relativa do ar. Os familiares e
vizinhos, nos momentos de maior inclemência solar, tratavam de refugiar-se no
ambiente (para animadas conversações). Podia-se conversar e debater os assuntos
e temas mais diversificados. Os acontecimentos comunitários sempre ganhavam uma
atenção excepcional.
Poucos pátios, na atualidade, preservaram
esses refúgios artificiais, que, na prática, “externam facetas do paraíso”. A água
escorre como fosse uma fonte permanente, que tenta cumprir sua sina de
abastecer/saciar animais e plantas. Ave,
cães e gatos são os primeiros a acorrer ao lugar para satisfazerem sua sede.
Humanos, na primeira necessidade, tratam de lavar-se e limpar utensílios. Qualquer
necessidade d’água vê-se extraído no reservatório próprio, que, de forma contínua/permanente,
enche e escorre a céu aberto. As fontes, nas suas dádivas constantes, “tratam
de fazer o bem sem olhar a ninguém”.
Singelas bênçãos, da realidade colonial,
tornam esse cenário exclusivo e ímpar. O morador, a seu belo prazer, precisa
implantar maravilhas, que fazem-no sentir-se bem e feliz naquele recanto.
Quaisquer pátios, no contexto das colônias, são um retrato do estado de
espírito dos ocupantes. Os espaços necessitam ser humanizados às melhores
dignidades e qualidades de vida dos seus
habitantes.
Guido Lang
Livro "Histórias das Colônias"
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)
Crédito da imagem: http://olhares.uol.com.br/agua-corrente-ou-nao-foto3282000.html
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