A
tradição oral narra a história de um desleixo familiar! Uma tragédia momentânea
abateu-se no ambiente da criação. A correria e piedade não faltaram diante do
imprevisto.
Um determinado lugar, no interior do
potreiro, ostentava um poço. Uma família, nos primórdios da colonização, abrira
uma fonte. O buraco, cercado com tijolos no seu interior (com razão da terra
não desmoronar), viu-se descoberto com o tradicional tampão. A falta da água,
em função da estiagem, fez o bicharedo procurar pelo valioso líquido. Os
animais, com os instintos apurados, a boas distâncias sentem sua presença.
O idêntico certamente aconteceu com
a vaca Mimosa. Ela, por algum descuido, foi-se buraco adentro na proporção da
procura. Esta, com a proximidade da ordenha, viu-se ausente e iniciou-se a correria
por ela. O dono logo pensou: -“Não deu outra! Caiu num buraco!” Averiguou os
fatos e confirmou o sucedido. Cedo pediu por auxílio nalguma vizinhança. O
barulho, das conversações, cedo atraíram mais e mais gente. Os curiosos, num
momento impróprio desses, nunca faltaram. Iniciaram os inúmeros comentários e
sugestões sobre procedimentos. Quê fazer? Matar o bicho? Fechar o buraco?
Alguém logo saiu dizendo: “- Encontra-se certamente de pescoço quebrado!
Estando velha pouco prejuízo financeiro dá!”.
O proprietário pensou e repensou a
situação. As retrós, nos idos da colonização, nem se fazia ideia. A solução,
com a assistência dos inúmeros ditos ajudantes/prestativos, foram de enterrar o
animal. Colocar terra para preencher o espaço. Diversos auxiliares improvisados,
com enxadas, pás e picaretas, iniciaram os trabalhos. Porções de terras, no
estreito e profundo buraco, foram sendo inseridos. O animal, pela surpresa
generalizada e astúcia de vida, ia subindo na proporção do aterro. O fato surpreendeu
a todos; acelerou os trabalhos da realização da tarefa e, depois de umas boas
horas de labuta noite adentro, salvou o bicho. Acabou, graças a inteligência e
o instinto de sobrevivência, poupada do infortúnio do sacrifício.
Criou-se,
a partir do sucedido, o tradicional dito comunitário e muitíssimo conhecido (entre
os dialetos germânicos do Hunsrüch, sapato de pau/westfaliano e pomerano): “A
pessoa pode estar idosa a semelhança de uma vaca velha, porém continua sempre
aprendendo um algo a mais”. Os ditos populares, advindos da convivência
cotidiana, costumam ostentar uma excepcional e variada sabedoria.
Guido Lang
Livro ‘’História
das Colônias’’
(Literatura Colonial
Teuto-brasileira)
Crédito da imagem: http://www.baixaki.com.br/papel-de-parede/18367-vaca.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário