Um certo criador, de aves caipiras, resolveu abater uns galos, que
viviam, no interior do pátio colonial, brigados e intrigados. Uns avançavam nos
haréns alheios; havia dias inteiros de confrontos e correrias. Uma aparente
guerra instalada na espécie! Alguns, de menor tamanho, foram residir na
vizinhança (incorrendo no perigo de serem perdidos); não tinham nenhuma chance
diante dos maiorais. Estes, muitíssimos autoritários, abusaram da paciência
alheia (em função da ousadia e petulância).
O colono, numa noite, prendeu os briguentos numa gaiola, quando,
no raiar do dia, pareciam matar-se. Estes, mesmo nos minutos anteriores a
degola, enfrentaram-se de forma acirrada em decorrência de velhas intrigas e
rixas sexuais. Eles, como muito abusados, imaginavam-se “donos do campinho”,
enquanto novos, ousados em gestação, aproveitavam-se do contexto. Estes
estufavam o peito e cocoricavam nos espaços, quando cedo mostravam-se tão
abusados e implicantes como os outros. Uma briga pela efemeridade do poder de mando
em meio às várias fêmeas.
O idêntico aplica-se aos humanos, no que "degladiam-se"
por dinheiro, honra, poder, posses... Imaginam-se donos de ambientes, coordenam
vidas alheias, constroem aranha céus, ostentam fortunas... Quem, lá adiante
como herdeiro, recebe o espólio disso tudo costumeiramente pouco caso faz do
patrimônio. Labutou-se dias infindáveis para acumular e tão efêmero foi esse
ter; poderia ter dispendido este tempo único, numa vida, para ocupações mais
agradáveis. Precisamos estar conscientes da transitoriedade dos nossos dias e
ocupá-los da forma mais agradável e feliz.
Certas querelas mais
aborrecem e intrigam como angariam benefícios e conveniências. Sábio aquele que
da sua vida consegue fazer uma festa! O indivíduo, na prática, não precisa
muito para viver na proporção de não dar ouvidos ao consumismo desenfreado.
Guido Lang
Livro
‘’Histórias das Colônias’’
(Literatura
Colonial Teuto-brasileira)
Crédito da imagem: http://www.blogodorium.com.br/sonhar-com-galo-significados-para-este-sonho/
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