Uma realidade
ímpar ocorre em certos pátios coloniais, quando estes ostentam aves,
angolistas, galinhas, gansos, marrecos, patos e perus que criam um cenário de
aparente confusão e gritaria, que, a longas distâncias, são apreciados. Os
alaridos num dia inteiro escorrem pela rotina colonial, quando o bicharedo faz
sua festa parcial.
O maior barulho advém das
angolistas, que perpassam certos territórios demarcados continuamente.
Quaisquer insetos vêm-se digeridos, quando poucos exemplares sobram da inconveniência.
As aves, muito ariscas, continuamente largam alaridos crepitantes, no que
instalou-se quaisquer desconfianças. O fato amplia-se com o número de aves, que
adoram andar em bandos. A gritaria, entre baixadas e morros, pode ser ouvida
numa localidade inteira.
Poucas famílias ousam criá-las em
função da impertinência. A criação dos filhotes mostra-se uma especialidade,
quando na tenra idade, não podem com maior umidade. Alguma choca ganha a nobre
incumbência de chocar e criar a ninhada, porque os próprios carecem da
eficiência para concretizar o feito. Os bichinhos identificam-se como da
espécie das galinhas, no que, depois de certa idade, descobrem as diferenças.
Adotaram as chocas como mãe, depois de grandes, quando um afeto mútuo tornou-se
costumeiro. A localização, das ninhadas das aves, ostenta-se outra brincadeira
entre o criador e as poedeiras. Elas buscam lugares entre moitas e roças, quando
mantêm a maior discrição. Ninhadas, com até três dezenas de ovos, acabam
achadas no ínterim das procuras. O segredo consiste em cuidar em determinados
horários (das treze às dezesseis horas) quando põem neste interim. A
inconveniência reside em degustar os brotos das culturas, quando causam
prejuízos as lavouras de cereais e forragens. Os criadores relevam situações em
função do espetáculo da sua presença, no que animam e enobrecem o cenário
rural.
Os
humanos, no contexto rural, precisam de parcerias, quando a monotonia da rotina
torna-se uma ilusão. O indivíduo ostenta-se dono do próprio tempo e livre no
cenário produtivo, quando muitos, no contexto urbano, ignoram estas facetas
existenciais.
Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-Brasileira)
Crédito da imagem: http://rs.quebarato.com.br/sao-sebastiao-do-cai/angolistas-ou-galinhas-d-angola__128990.html
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