Os meses
passaram e nada de chuva! Colonos desesperados com a falta de água, quando
aviários, chiqueiros e tambos mantiveram problemas de abastecimento. Máquinas,
em diversas propriedades, “abriam açudes e iam furando a terra” na procura do
precioso líquido. Os poucos reservatórios, como açudes e cacimbas, viam-se
disputadas pelos seres sedentos. O eucalipto, em função da massiva folhagem,
levava parte da culpa do desastre do secamento. Os prenúncios das chuvas
mantinham-se presentes, porém nada de precipitações para acumular/repôr
lençóis/mananciais.
Um curioso morador, como existe
curioso para tudo, preocupou-se com o comportamento dos sapos e pererecas.
Pareciam completamente extintos nos pátios coloniais, no que acreditou terem
migrado na direção dos poucos lugares úmidos. A tradicional cantoria, nas
épocas próprias da reprodução, manteve-se abolida. Passou dia e mais dia e nada
de maiores volumes da água. Achegou-se setembro e outubro, tradicionais meses
da chuva no Brasil Meridional, com razão de desvendar o mistério. As
precipitações, de forma serena e intensiva, advieram e revelaram a astúcia
destes bichos peçonhentos. Estes, no contexto da maior descrição, saíram dos
esconderijos tradicionais, quando refugiaram-se debaixo de pedras e no interior
do solo. As dezenas mantinham-se presentes e “esperavam o momento próprio para
darem as caras”. As condições do hábitat voltaram às próprias da espécie,
quando retomaram o espaço original.
Prevalece
a lição de vida: a necessidade de esperar “mesmo numa aparente eternidade” as
condições próprias, diante das adversidades! Possuímos a companhia de
semelhantes mesmo na ilusão nossa da ausência! O refúgio no subsolo é a melhor
condição diante do impróprio da superfície. A natureza resguarda meios para
sobrevivência de quaisquer espécies, mesmo diante das maiores adversidades e
hecatombes.
Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-Brasileira)
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