A Colônia Teutônia, nos anos de 1910
a 1950, mostrava-se uma grande produtora de banha. O produto via-se extraído
dos suínos, que, em quaisquer propriedades, abundavam. A farta produção de
cereais, sobretudo do milho, possibilitava criar os animais, que, como
complemento alimentar, ganhavam tubérculos (batata e mandioca); acrescentava-se
o trato de abóboras e pastos. Os cozidos, de lavagem com sobras diversas,
mantinha-se uma prática corriqueira nos pátios coloniais. Os colonos, em uma
ano, criavam chiqueiradas de animais, que viam-se continuamente abatidos para o
próprio consumo e produção de banha.
O produto, em função da inexistência dos azeites
(vegetais), mantinha mercado garantido nas crescentes cidades (sobretudo nas
emergentes vilas das periferias de Porto Alegra/RS). Teutônia, através dos
distritos de Canabarro, Languiru e Teutônia, mantivera-se uma abastecedora das
necessidades do mercado. Os colonos, através do abate caseiro, extraíam o
produto, que era comercializado nas diversas vendas (espalhadas pelas
localidades). Estas, através de intermediários, direcionavam a banha aos
mercados urbanos. A ampla criação possibilitou sobras financeiras, que os
colonos, nalgum momento, dirigiam as melhoras das propriedades. Inúmeros
moradores puderam edificar sólidas moradias com os recursos auferidos. Uma
curiosidade relacionava-se a habilidade dos rurais na carneação, que ocorriam
praticamente a toda semana em quaisquer propriedades. As carnes e miúdos
viam-se aproveitadas ao consumo familiar e trato aos próprios da espécie. A
fartura teutoniense tornou-se amplamente conhecida no contexto da colonização,
quando o lugar recebeu a alcunha de “Pérola das Colônias Alemãs”. O povoado, da
atual Languiru – com um punhado de poucas dezenas de casas, recebeu numa época
(entre os anos de 1920 e 1940) a denominação de “Ouro Branco”, uma referência à
ampla produção da banha que rendia dividendos como fosse um metal precioso. O nome,
em algumas esparsas referências, subsiste no meio comunitário a exemplo do Hospital
Ouro Branco. Poucos, somente os mais idosos, relembram-se desta epopéia, que
registramos a título de preservação de história comunitária.
Outros
ciclos econômicos, de acordo as exigências do mercado interno, procederam-se
nos seio comunitário (leite, nata, soja, couros, madeira...). Estes, a cada
época, surgem com vistas de acompanhar as oscilações econômicas, quando
integram o contexto regional às exigências dos mercados maiores. A campanha do
impróprio da banha à saúde foi uma das causas da decadência, quando pouquíssimo
para o consumo familiar produz-se deste produto. Pode-se ver o poder do
discurso, na mídia, para derrocada de algum produto, quando outros interesses
econômico-financeiros fazem-se presentes.
Guido Lang
Livro “Histórias das Colônias”
Crédito da imagem: http://torneiradigital.blogspot.com.br/2009_09_01_archive.html
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