Os coloniais, ao longo das décadas de manejo com a
terra, assimilaram alguns conhecimentos, que, de maneira geral, perpassam de
geração em geração:
01. Algumas
famílias, por tradição, tem o hábito de plantar o aipim e o feijão na Semana da
Pátria. A experiência, ao longo das décadas, tem mostrado sucesso do
empreendimento em função da fartura.
02. A intensa
floração das corticeiras e ipês é prenúncio de safra farta, porque as condições
climáticas mostram-se favoráveis ao cultivo das culturas anuais.
03. Querosene
administrado na cepa das árvores cortadas significa nada de maior brotação. O
produto entra na seiva e extingue o vegetal.
04. A queima da
lenha bem seca de um ano ao outro evita maiores incômodos de fumaça (no
interior da residência). A acácia e o eucalipto são lenhas abundantes, todavia
perdem em qualidade diante das nativas.
05. Uma palha
seca, a exemplo do milho e do trigo, dá um bom fogo. Queima uma maravilha. Dura
uns poucos minutos e foi-se como se nunca tivesse existido. Daí a expressão
“fogo de palha” para certos modismos.
06. Colonos
continuam tratando ração as angolistas. Elas, apesar da fartura, continuam
gritando a velha senha: “Estou fraco! Estou fraco!” O instinto como hábito
mostra-se difícil mudar.
07. O preço do
milho, em certos momentos, vai às alturas. Os tratadores poupam no trato, as
aves daí parecem gostar bem mais do cereal. Algumas, nos pátios mais pobres,
parecem desconhecer o cereal nestes momentos “bicudos”.
08. As aves
silvestres, na aurora das manhãs, fazem gritaria ímpar. Elas parecem fazer a
oração matinal ao Criador, quando agradecem mais esta jornada (para quem esta
vivo).
09. Os pombos
são conhecidos como ratos de asas, porque, com maior facilidade, desenvolvem
piolho. Muitos criadores, em decorrência, nem querem ouvir falar de pombos em
meio às espécies domésticas.
10. Vassoura
nova varre melhor! O cidadão para agradar capricha no trabalho/encomenda, mas
lá adiante caí na rotina. O que não vem do fundo da alma, pouco dura.
11. Friagem, em
meio ao calor, significa costumeiramente ausência de chuva. As nuvens com água
passaram e convêm esperar mais alguns dias para ver precipitações. Chuvas com
bom nível de precipitação costumam começar de forma serena e estender-se por
horas.
12. As aves
ostentam-se as grandes semeadoras da natureza. O exemplo pode ser apreciado
debaixo dos citros (bergamoteiras, laranjeiras, limeiras) quando, a partir da
defecção, aparece uma gama de espécies.
13. Um cuidado
excepcional em momento de raios e trovões! Nada de mexer com artefatos de
ferro, abrigar-se em plantas isoladas, manejar animais... Pode-se com
facilidade atrair as descargas elétricas.
14. As sementes
de inço, existentes nas milhares de roças dos colonos, foram costumeiramente
introduzidas durante o processo de colonização. Os humanos, com animais,
máquinas e tratos, introduziram-nos e jamais conseguiram eliminá-los.
15. O colono astuto, com relação ao corte de
pasto e verduras, procura fazê-lo de manhã. Estes encontram-se fresquinhos, que
eleva a qualidade do consumo.
16. O ataque incessante dos insetos, no
contexto do trabalho da roça, significa prenúncio de chuva. Estes picam no
corpo inteiro, em função de estarem sedentos pelo sangue.
17. Os produtores vivem com as “antenas
ligadas a chuva”, porque sem água as plantas carecem de maior desenvolvimento.
O próprio é uma chuva a cada uma semana ou duas, no mínimo.
18. Os criadores, com a febre aftosa no
plantel, procuravam conduzir os bichos nos arroios e banhados. A umidade da
argila extraía a febre, quando os animais curavam-se.
19. A cabriúva, por rachar fácil e reto, era
a matéria-prima básica para confeccionar as telhas de madeira, quando as
colônias careciam de olarias.
20. O trabalho efetuado em banhados, brejos e
pedras presta-se a picada de bichos peçonhentos. Recomenda-se esfregar algum
alho nos braços e pernas, que repugna os inimigos.
21. Árvores frutíferas inférteis convêm
colocar pedras nos galhos e raízes, pois a umidade e minerais extraídos
auxiliariam na produção de frutos.
22. Porcas magras, colocadas nos cachaços,
davam elevado número de leitões (de dez a quinze). Gordas mostravam-se poucos
profícuas, de uma a seis, em média.
23. As galinhas, para dar gema forte e sadia,
eram tratadas com bastante verde, quando as aves faziam festa e mantinham
cálcio.
24. O peixe extraído do açude em Lua Cheia
promete estragar fácil, por isso, em horas mostra-se impróprio ao consumo.
25. A bananeira convêm plantar na primeira
sexta-feira de agosto, quando a planta brota fácil e promete cachos bem
formados.
26. A brotação do ipê e plátano demonstra o
calor do solo, quando o frio teve o seu desfecho e achegou-se o momento do
plantio de culturas.
27. Recomenda-se plantar na Lua Cheia: plantas
que produzem sobre a terra, em função da maior insolação. Lua Nova: aquilo que
cresce embaixo do solo, em função do maior desenvolvimento. Lua Minguante:
facilita o apodrecimento da madeira nesta época. Lua Crescente: cortar o
eucalipto para brotar melhor.
28. A consorciação mato nativo e eucalipto
mantêm a sobrevivência da fauna, que combate os inimigos das espécies exóticas
e dá sobrevida a diversidade biológica.
29. O azevém constitui-se numa gramínea
introduzida como forragem ao gado. A planta dificilmente morre enquanto não
tiver produzido alguma semente.
Guido Lang
Anexos das “Histórias das Colônias”
Crédito da imagem: http://wwwcolhendofloresentreespinhos.blogspot.com.br/2011/09/ponha-um-ipe-branco-em-sua-vida.html
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