A
memória oral tem uma explicação para o estranho comportamento dos cachorros,
que, sem senso de vergonha, tem o “impróprio hábito de cheirar na bunda alheia”.
Alguns humanos, nalgum passado, quiseram acostumar modos a cachorrada, quando
almejaram desacostumá-los do hábito. O esforço, em meio a muita insistência,
foi em vão. Os caninos, incutido o hábito, não deram a mínima, quando a cada
encontro e reencontro repetem o costume.
A
tradição oral relata o início da prática, quando a cachorrada, numa certa
ocasião, reuniu-se para uma assembleia geral. Estes queriam estabelecer certas
combinações, que desfizessem as constantes agressões mútuas. Os bichos para
festejar os primeiros entendimentos, estabeleceram um baile comunitário, quando
os diversos puderam conhecer-se e confraternizar. A diretoria provisória, com a
consciência geral, estabeleceu uma única regra, que relacionava-se aos
participantes do evento. Estes, na entrada, deveriam pendurar a “bunda” com
vistas de inibir inconvenientes comportamentos no salão. A cachorrada, na
medida da chegada, pendurava as bundas numa sequência de cabides e pregos,
quando mantinha-se algumas centenas. Uma bela e ímpar coleção, porque havia
bundas das diversas proporções e variedades.
O
baile, com o recinto cheio, iniciou com a maior alegria e camaradagem, quando
música não faltava no ambiente. A diversão estendia-se um bom tempo, quando,
numa altura, adveio um desentendimento. Este cedo acabou numa tremenda briga,
quando diversos grupos envolveram-se no confronto. A confusão generalizada
estabeleceu-se e muitos saíram correndo. Estes, em meio a situação, apanharam a
primeira bunda, quando em decorrência, cheiram na alheia; pensam que a do
vizinhos é a deles. Faça-se votos que o equívoco nalgum dia seja desfeito e o
hábito abandonado.
A virtude de
alguns parece defeito a outros. Cada espécie e indivíduo têm seu hábito e
valores, que cabe respeitar.
Guido Lang
Edição virtual
Livro “Histórias
das Colônias”
Crédito da imagem: http://www.grupoun.net/300-cachorros-sao-assassinados-todos-os-dias-no-brasil/
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