Umas
gerações de pioneiros plantaram áreas por décadas como minifúndio
diversificado. Estes, com as necessidades de suas épocas, precisaram criar e
inovar com obras, que, de forma artesanal e braçal, foram introduzidas nos
morros e vales.
Adveio
a modernização tecnológica e urbanização progressiva, no que as elevações
viram-se abandonadas do trabalho rural. As descendências, em boa parte,
migravam às cidades e a mata rejuvenescida veio a reocupar o espaço. A Floresta
Subtropical Pluvial cresceu, porém manteve “os rastros de civilização de
outrora”. Os vestígios, em meio às árvores e cipós, fazem-se presentes nas
áreas das antigas roças.
Observam-se
as pegadas no trajeto das estradas coloniais; nos passos (passagens) dos arroios
aterrados com pedra; nos poços cavados ou surgidos nas encostas; nos reservatórios
de água escavados (para oferecer líquido aos bois); nas curvas de nível
reforçadas com rocha; nos escoadouros de água das chuvas (nas periferias das
plantações); na introdução de plantas exóticas nos lugares devastados; na criação
de mini-pomares de citrus (bergamoteira, laranjeira, lima, limão) nas
periferias dos caminhos; nas divisas de propriedades entre vizinhos; nas pedreiras
abandonadas de extração de pedras-grês; nos desvios, quedas da água ou represas
improvisadas nos arroios; nas marcas de edificações abandonadas... Os
observadores podem lançar ideia de grandiosos feitos desta pacata gente, que
dedicou anos ou a vida para concretizar tarefas insanas. Muitos procuraram
realizar tarefas que pudessem beneficiar gerações. A mudança de hábitos e
valores de vida levou ao abandono desses legados, que, no entanto, revelam
conhecimento e grandeza de espírito dos ancestrais.
As
gerações deixam rastros da sua odisseia terrena; precisamos “ostentar conhecimentos
e olhos” para apreciar os feitos. A natureza, em muitos casos, reconquista seu
espaço, porém deixa intactas marcas da passagem humana.
Guido Lang
Jornal O Eco do Tirol, p. 03, edição 35
19 de agosto de 2005
19 de agosto de 2005
Crédito da imagem: http://novaexpedicao.blogspot.com.br/2011/09/o-dia-em.html
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