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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

O proveito da ocasião

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Guido Lang

O filho das colônias (habitante natural do interior), na folga de domingo (de manhã), aproveitou ocasião. As tarefas, no acumulado do conjunto da casa e pátio, ganharam execução. O intento, em dias da semana, acontece em subtrair atropelos e encargos. O trabalho profissional, no “ganha pão”, assume mais concentração (em relação às energias corporais e reflexões mentais). O trabalho realizado, no conjunto da propriedade, consiste em colher frutas, cortar lenhas, organizar ambientes, reparar instalações, varrer pátio... A obra, no amiúde, sobrevém em acentuado ganho de tempo. A igreja, em cultos (ou missas), sucede na frequência ocasional. O convívio familiar, na folga, acontece no ínterim das atividades. As saídas, em eventos, passeios ou viagens, acontecem costumeiramente nas tardes. O trabalhador, na efetiva vocação, vislumbra afazeres em quaisquer ambientes e horas. O capricho e organização, no artificialismo das paisagens, absorvem labor e tempo.

Crédito da imagem: https://www.booking.com/hotel/br/chales-pe-da-serra.pt-br.html

Imagem meramente ilustrativa.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

A EXTENSÃO TERRITORIAL CAMPOBONENSE

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Guido Lang

Uma dúvida instalou-se ao longo da vida autônoma de Campo Bom. Esta surgiu com a autonomia político-administrativa, quando necessitou-se definir a extensão territorial da municipalidade. Campo Bom foi criada pela lei nº 3707 de 31 de janeiro de 1959, que também demarcou suas divisas. A delimitação, no entanto, não determinou a exata área do município, que com a passagem dos anos, teve oscilações. O tamanho exato, em função da carência de medições, nunca foi conhecido e, na atualidade, convive-se com uma estimativa. 
Campo Bom é dominada por uma miscelânea de acidentes geográficos, que relacionam-se a baixadas, colinas e morros. Uma oscilação acentuada nas limitadas dimensões territoriais, que, em poucos quilômetros, variam dos três aos trezentos e dez metros de altitude. Alguns arroios cortam essa área geográfica, que, em meio aos morros testemunhos, encontram-se cercados por estreitos vales. Os banhados, neste conjunto, pipocam nas diversas dimensões, que comprovam a mescla de terras baixas com elevações limitadas. Os solos argilosos e arenosos são predominantes, que advieram da decomposição de seres vivos e do desgaste sucessivo de morros. Uma camada de lava basáltica, há milhares de anos, veio cobrir a parte norte, que relaciona-se ao Cerro de Dois Irmãos. Os resquícios de deserto, nos períodos de maior estiagem, costumam manifestar-se e surgem em forma de solo arenoso e dunas. 
O elemento humano, a partir de 1826, começou a interferir ou a mudar a paisagem original. Os campos foram arados, banhados aterrados, matos derrubados, morros cortados, cursos fluviais assoreados... Os resquícios da vegetação natural são uma extrema raridade, pois o homem, através de gerações, “meteu a mão” nos diversos elementos da natureza. Alguma semelhança, da mata reflorestada e rejuvenescida, talvez sobrevive no território campobonense. A urbanização, com a ampliação das casas e ruas, vem acentuando a paisagem artificial, que se manifesta em todos os recantos territoriais. O clima subtropical normalmente é ameno, mas, num único dia, pode experimentar grandes oscilações. A presença de massas líquidas, existentes nos banhados e em cursos fluviais, contribui para amenizar os excessivos rigores climáticos. 
O município campobonense, em 1959, foi constituído nessa limitada área territorial, quando ficou encravado entre Dois Irmãos, Novo Hamburgo e Sapiranga. A área de Quatro Colônias foi incluída nas suas dimensões, pois os moradores, em função da proximidade, obstáculo da serra e relações familiares, ligaram-se ao núcleo colonial de Campo Bom. A Barrinha, de Novo Hamburgo, aceitou anexar-se ao município de Campo Bom, que contribuiu para aumentar um pouco o espaço territorial. A extensão exata, no momento da emancipação, foi calculada em 57 quilômetros quadrados. Um espaço limitado, em 1959, para constituir uma municipalidade, porque muitos temiam o custo administrativo da máquina pública no futuro. A elevada renda per capita convenceu do contrário e a autonomia tornou-se uma realidade. 
As dimensões territoriais da comuna, acompanhada nas publicações de diversas épocas, foram conhecendo uma elevação. A estimativa inicial, no momento da emancipação chegou a 57 Km²; por volta de 1974 (data do Sesquicentenário da Colonização Alemã) apresentou a área de 59 Km² e, na atualidade, acredita-se no tamanho de 60 Km². Um arredondamento de números transcorreu neste período histórico ou, no início, cometeu-se um equívoco de três quilômetros quadrados. Uma extensão acentuada para um diminuto município, que em relação à área, é um dos menores do Estado e do país. Este erro grande em relação às medições territoriais nunca foi verificado com vistas a desfazer a dúvida. Esta certamente continuará por muito tempo, pois em meio aos muitos problemas econômicos e sociais, as prioridades são outras. O registro fica como mera curiosidade e integra o cotidiano dos fatos do torrão municipal.


Fonte: Livro "Histórias do Cotidiano Campobonense - Coletânea de Textos" (páginas 67 e 68 - ano 1998), de Guido Lang.

*Crédito da imagem: http://www.construtoraconcisa.com.br/

* Digitação: Júlio César Lang

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

O MISTÉRIO DAS GRUTAS DO BAIRRO MÔNACO - CAMPO BOM/RS

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Guido Lang

Campo Bom/RS, em janeiro de 1976, foi assolada pela notícia do achado de um tesouro arqueológico. A descoberta deu-se em função das escavações, que visavam extrair terra para a indústria oleira. O trator e o motorista, depois de labutar tranquilamente numa área de terras de Avelino Mônaco, no Bairro Mônaco (antigo Cantão dos Weber), caiu praticamente numa cratera. O condutor foi verificar a razão do buraco, quando deparou-se com um grandioso achado. Duas grutas, com ramificações menores, foram desvendadas. Elas possuíam uma dimensão aproximada de 20 a 25 metros. Os comentários, de imediato, passaram a correr o lugarejo.
Os moradores, em função da engenhosidade das construções, ficaram divididos. Muitos nem quiseram acreditar no achado, pois o solo campobonense não poderia ostentar tamanha relíquia arqueológica. Décadas de colonização tinham transcorrido e nada de excepcional tinha-se descoberto nas redondezas. O achado de grutas, nalguma coxilha perdida nestas plagas, mostrava-se algo admirável e praticamente inacreditável. A água da erosão ou formigas, para alguns, unicamente poderiam ter criado essas galerias subterrâneas que, no entanto, mostravam-se de extrema perfeição e de grandeza exagerada.
Autoridades, curiosos e intelectuais passaram a afluir ao lugar. Procurou-se percorrer o interior das grutas. As paredes foram estudadas assim como procurou-se por artefatos. Estes, num primeiro momento, pareciam inexistir, acentuando os mistérios de tamanha obra. Alguns passaram a circular livremente no seu interior, onde na gruta maior, um humano de aproximados um metro e oitenta, poderia caminhar folgadamente. A consistência das paredes internas, de barro vermelho e sem revestimento, parecia ostentar alguma semelhança com as edificações de cimento. O piso mantinha-se coberto por uma camada de terra solta, que é comum num espaço em desuso. Alguns corredores ou salas menores pareciam complementar a engenharia maior, o que acentuou a curiosidade sobre a possível origem desta obra.
A formação das grutas deu origem a suposições, que variavam conforme a imaginação e a observação dos indivíduos. Os jesuítas, na ação de catequizar os bugres, foram relembrados, quando teriam também perdido o sino do Rio dos Sinos. Estes, ao fugir dos inimigos castelhanos e portugueses, procuraram construir refúgios subterrâneos, que talvez fosse “uma antecipação do modelo das casamatas dos vietcongs no Vietnã”. A presença de tesouros e formas de imagens religiosas ou ouro seriam uma questão de tempo. Um espertalhão até pensou em proceder com escavações para chegar à fortuna.
Os índios, popularmente conhecidos como bugres, poderiam ter feito o trabalho, porque, diante da inexistência de abrigos naturais ou cavernas, necessitaram de refúgio. A proximidade com o Rio dos Sinos reforçava a hipótese, onde os nativos certamente tinham vivido da caça e pesca. A existência de antigos grupos aldeados, em Santa Maria do Butiá (na outra margem do curso fluvial), era uma confirmação dessa hipótese. Os antepassados teutos, nos seus relatos das histórias dos primórdios da colonização, faziam referência à presença de índios que, em função da velhice, não ousavam acompanhar a peregrinação das tribos.
Algumas mentes relembraram-se da implacável perseguição movida aos adeptos dos Mucker, que, em 1868-1874, criaram um cenário de guerra. Estes, próximo ao Antigo Passo da Cruz (atual Estrada Homero Firsch), tinham simpatizantes tanto como inimigos. A noite do pavor, em 25 de julho de 1874, talvez tivesse sido pretexto para alguma família, em meio ao maior sigilo e aos temores dos incêndios clandestinos, efetuar tamanha obra. O desespero diante da morte teriam os feito labutar como “formigas”. Alguém lembrou-se até dos períodos heroicos da Revolução Farroupilha (1835-1845), quando o torrão campobonense convergiu em divergências e invasões.
Os alemães ou teuto-brasileiros, de 1938-1945, também poderiam ter edificado tamanho esconderijo, quando temiam os “dias negros da perseguição movida pelo Estado Novo”. Inúmeros moradores, de um momento a outro, não podiam renegar sua cultura e língua que, a decênios, mantinha-se em uso corrente em terras brasileiras. Algum refúgio seguro fazia-se necessário, assim algum germanófilo poderia ter concretizado o empreendimento. Um espaço profícuo para esconder-se, numa emergência, da ação policial e de vizinhos. Algum morador poderia temer ser procurado em função de cultivar valores germânicos, que eram confundidos com simpatias a Hitler.
Alguns estudiosos acabaram chamados com a finalidade de fazer estudos. Estes, no período de férias, não puderam atender ao contento, quando deixou-se de encontrar respostas satisfatórias. A presença, nas redondezas, de artefatos indígenas, como cachimbos e restos de cerâmica, parece confirmar a versão da obra dos bugres. Estes, no entanto, deixaram vestígios comuns em diversas áreas campobonenses, mas que não esclarecem satisfatoriamente a dúvida. A origem dos achados arqueológicos do Mônaco, portanto, deixou um mistério, que tornou-se difícil de esclarecer devido a completa destruição desse legado ímpar.

Fonte: Livro "Histórias do Cotidiano Campobonense - Coletânea de Textos" (páginas 27 e 28 - ano 1998), de Guido Lang.

* Crédito da imagem: https://br.depositphotos.com/…/stock-video-hole-ceiling-cav…

* Imagem meramente ilustrativa.

* Digitação: Júlio César Lang

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

O estigma por herança

A licantropia, na lenda, pode ser resultado de uma maldição, de um pacto com o diabo, de incesto ou mesmo da predestinação.

Guido Lang

Ao estudioso convém não acreditar em estrupícios. No entanto, a natureza esconde muitos enigmas. O sensato ente, no convívio social, sobrevinha na conduta esdrúxula e reservada. O fulano, por algum infortúnio, via-se agraciado no estigma. Uma família, na massiva desconfiança do comportamento do sujeito, deixou “montada arapuca”. Alguma bebida e comida, em aparência de lavagem, acabaram estiradas propositalmente no pátio. A sexta-feira, em Lua Cheia, sucedeu na visitação. O consumo, no prato, conduziu na “armadilha da caneca de água fervida”. O líquido, nas costas e pelagem, viu-se acertado em cheio. O homem animal, como um raio, esvaziou-se da paragem. A surpresa, no posterior, recaiu sobre o sensato semelhante. Ele, no exato lugar das costas e pele, apareceu com queimaduras provocadas pela água. O cidadão, em excepcionais ocasiões, assumia expressão de monstro. A pelagem, no disseminado do corpo, reafirmava suposição. Os humanos, por herança, carregam sinas. As histórias de lobisomem, na tradição oral, são comuns nos interiores.

Livro: Crônicas das Vivências

Crédito da imagem: https://brasilescola.uol.com.br/folclore/lobisomem.htm

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Os “olhos abençoados”

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Guido Lang

O sitiante, no seio da propriedade rural, mantinha excepcional capão de mato. A vegetação, na exuberância natural, via-se irrigada pela presença de “olho da água” (poço). O calor e umidade, no contexto do solo fértil, faziam brotar vida. O lugar, no resguardado das ondas de frio, conheceu aproveitamento peculiar. O apiário, na paixão do dono (pelas abelhas), floria nos instalados pedestais de pedra. Os troncos, no embelezamento, ganharam introdução das orquídeas. A consorciação, na exploração diversificada, enobrecia riqueza vegetal. O incumbatório, em plantação, sobrevinha no fim da geração de mudas. As inúmeras variedades, na possível proliferação, foram amarradas nos muitos troncos. Os vegetais exóticos, na antecipada hora, assumiam exuberância de nativas. O intercâmbio, em exemplares, fazia-se na razão do enobrecimento da biodiversidade. O produtor, no interior dos espaços, precisa instituir consorciações e inovações. Os ambientes, dos inóspitos aos propícios, escondem potenciais inimagináveis de riquezas e vida. O empreendedor, em “olhos abençoados”, vislumbra oportunidades nos variados contextos dos cantos e recantos.

Livro: Ciências dos Antigos


Crédito da imagem: https://g1.globo.com/

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

A atenção especial

Guido Lang

A plataneira, no conjunto do embelezamento, crescia com ares de raquítica. O afloramento na superfície, da rocha matriz do subsolo, inibia pleno desenvolvimento da planta (no contexto da concorrência vegetal). O morador, em “habilidoso filho das colônias”, deu-se tempo e trabalho. A muda, no específico, ganhou atenção especial. A tarefa, no ínterim dos inúmeros atropelos da propriedade, foi de auferir adubação orgânica. O esterco, em aves, viu-se administrado no anterior das chuvas. As folhas, em miúdas, puderam crescer igual às árvores coirmãs. O exemplo, no trabalho agrícola, demonstra a importância dos detalhes. O criador e plantador, no seio profissional, repara obra. As anomalias, no possível tempo, recebem atenção e correção. O ofício, em profissional do campo, requer muito conhecimento da natureza e habilidade no trabalho. O agricultor, portanto, verifica-se um perito na sua peculiar área de atuação. O visual, na morada e propriedade, espelha apego ao espaço e ciência do labor.

Crédito da imagem: https://www.luanreflorestamento.com.br/content/images/fotos/72/5818711cba746.jpg