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terça-feira, 11 de junho de 2013

Os anônimos e singelos anjos


Um forasteiro, numa estranha cidade, viu-se com o veículo apreendido. Este, naquele lugar, entendia-se como algum perdido. Podia, em síntese, dizer: “- Um peixe fora d’água!”
A apreensão do veículo deixou-o “com uma mão na frente e outra atrás”. Este, naquele ambiente e contexto, sentiu-se órfão! O jeito foi sair caminhando a ermo pelas rodovias e ruas. O pedido, a caridade alheia, tornou-se uma necessidade relevante.
Diversas pessoas, dentro das seus atropelos e possibilidades, foram dando os auxílios e instruções necessárias. Um anjo levou-o a rodoviária. Outro indicou o ônibus. Algum mais solidarizou-se na emissão dos documentos...
Os tramites burocráticos, num passo atrás do outro, foram sendo concretizados e vencidos! O objetivo, depois de muitos dispêndios e transtornos, foi de reaver o veículo!
O indivíduo, no ínterim da experiência, reforçou sua velha crença. Aquela: “- A sobrevivência não se mostra fácil para ninguém! Todos batalham para si e os seus! O indivíduo, dentro das possibilidades, precisa auxiliar a aliviar e carregar as cargas alheias”.
Ser, como princípio de vida, um anônimo anjo! Um instrumento do bem! A gente não leva nada desse mundo. O indivíduo, no máximo, deixa exemplos e ideias. O pouco de ajuda, no âmbito geral, custa quase nada e não fará falta! Este, aos desencantados e desesperados, faz uma tremenda diferença.
Singelas dádivas, em situações de extrema carência e necessidade, assumem ares de divinos. O indivíduo, na modesta passagem, precisa evitar de colocar empecilhos e pedras nos alheios caminhos. O quê se planta aqui e agora, acaba colhido lá adiante!

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem:http://www.magiadourada.com.br

A velada provocação


Determinado vizinho, como tradicional morador da vila, residia nos fundos da casa de um candidato (a prefeito). Um bom relacionamento advinha de anos!
O beltrano, num comércio escamoteado do voto, bandeou-se à oposição (no vigor da campanha). Este, no ato, pensou somente nas vantagens imediatas!
O camarada, numa espécie de provocação, tratou de instalar placas, participar dos carreatas/comícios, ouvir o jingle da campanha... A vitória, do seu partido, transparecia na vontade popular!
Os familiares do candidato, de forma velada, assistiam a toda agitação e provocação. O volume do som, com a musiquinha do jingle, aumentava em certos horários e situações (de maior silêncio).
A campanha vitoriosa, do preferido, sucedeu-se de forma arrasadora e vexatória. A rotina, na decepção de uns e vibração de muitos, abateu-se no cotidiano das vivências.
Os derrotados, no osso do peito, aguentaram a frustração e gozação. As lembranças e mágoas mantinham-se, porém “atravessadas na garganta”.
O cidadão, depois de uns bons meses, precisou um favor de extrema emergência. Este, sem maior reflexão, acorreu à família. A senhora, ouvinte da outrora musiquinha, atendeu!
O pedido, na maior atenção e educação, foi ouvido. Esta, sem floreios e rodeios, disse-lhe: “- Beltrano! Vai solicitar o favor para o teu querido! Aquele que tu vendeste o voto por um conjunto de sofá! Aproveita, no trajeto, para escutar a musiquinha preferida da campanha!”
O cidadão, diante do exposto, arregalou os olhos e foi-se ao mundo! Este, em toda a existência, nunca tinha ouvido tamanha atirada e repreensão. A família tinha guardado as fortuitas provocações!
O bom senso teria ordenado à divisão dos votos na família (com razão de “evitar estragos” com as partes). Vizinhos deve-se levar em alta consideração e estima!
Política cria brigas e intrigas entre famílias e vizinhanças. Certas afrontas não têm como esquecer ou ignorar! “O indivíduo pode parecer esperto, porém não deve esquecer que outros não são trouxas!”

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://jacksonrangelvieira.com

segunda-feira, 10 de junho de 2013

A ingrata surpresa


O enamorado, velho aprontador de peças, compra um lindo buquê de flores. Este, no descuido e pressa, coloca o colorido sobre a mesa!
A compra, na data do aniversário, visa encantar a recém conquistada. As rosas, amarelas com um fundo vermelho, assemelham-se alguma sétima maravilha!
Elas, enroladas num papel simples, facilitam a apreciação e manejo. O comprador, nos minutos próximos a largada do expediente, encontra-se apressado e atarefado. Algum atropelo, de última hora, o conduz aos sanitários!
Um colega, como “retribuição de inúmeras cortesias e gentilezas recebidas”, acrescenta uma singela camisinha (no interior do invólucro). O camarada, com o volume em punho, sai todo contente e faceiro!
O autor, do acréscimo, ri-se da alheia alegria e felicidade! O possuidor, na ingenuidade, ainda interroga: “Por que estás rindo? Coloca fulano feliz nisso!” O cidadão, no ramalhete, carrega uma espécie de veneno!
A surpresa, ao colocar as peças no vaso, apresenta-se tamanha! A escondida camisinha caiu das flores! O galanteador, diante da jovem moça (poderia ser pai dela), arregalou os olhos. Este, de imediato, externou: “- O sicrano me aprontou outra!”
Os ímpares momentos, junto aos agrados das flores e comemorações da passagem de ano, certamente ganhariam uma premiação excepcional.  O amigo e colega, de longa data, avisou-lhe da necessidade de precauções e prudência!
As barrigas de aluguel, para ganhar aposentadorias, descontos em folha e pensões, andam dispostas e soltas! Quem avisa, amigo é! Com certos parceiros não se precisa de inimigos!
As pessoas cobram-se nos momentos descontraídos e inesperados. Afrontas e aprontas geram inesquecíveis e ingratos dividendos! Certas brincadeiras produzem ensinamentos à vida!

Guido Lang
“Singelas Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://olhares.uol.com.br

O ímpar desconhecimento


Uma assistente social, nos estudos sociais (em função de processos), fazia muitas e variadas visitas. Ela, pelas querelas judiciais, conhecia inúmeras famílias e lugares.
As disputas, mais comuns, relacionavam-se as adoções e pensões. As visitas, em meio à circunscrição judicial, ocorriam em cidades e interiores. Alguns locais, na aparência das localidades, assemelharam-se a verdadeiros esconderijos e taperas.
Uma visitação, entre as dezenas, chamou especial atenção. A encarregada, numa tarde inteira, devassou um singelo município. A profissional, aqui e acolá, perguntava sobre específicas informações. A procura, pelo nome, relacionava-se a determinada pessoa.
Ela, pelos espaços das localidades, andou e perguntou pelas casas e pedestres. A localização da sicrana apresentava-se num enigma e incógnita!
Os moradores, por completo, desconheciam a procurada! O tempo e a viagem pareciam onerosos e perdidos! Algum equívoco, na certa, relacionava-se aos dados de identificação ou endereço!
A solução, como ideia salvadora, consistiu em perguntar no conselho tutelar. Uma conselheira, de imediato, conhecia a dona e sabia o endereço. Esta, como excepcional surpresa, ostentava-se a administradora e proprietária do meretrício da cidade.
Inúmeros homens certamente conheciam a sicrana. Eles abstiveram-se astutamente de fornecer maiores dados e informações. Estes, junto às esposas e filhos, poderiam denunciar esporádicas histórias e incursões.
O jeito esperto e malandro consistiu em desconhecer e silenciar. Os aborrecimentos e explicações mantiveram-se poupados. Cada qual sabe dos seus calos e negócios! Os segredos são a alma dos empreendimentos!
Os espertos antecipam-se aos problemas e situações! Os semelhantes, apesar dos anos, conseguem ainda surpreender nas convivências! Relacionamentos escusos integram as relações sociais!

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”


Crédito da imagem: http://www.diariodoscampos.com.br

domingo, 9 de junho de 2013

O perdão dos débitos


A campanha política, no município Esperteza (localizada num Estado Referência), mantinha os ânimos acirrados. A oposição, através do candidato Simpatia, avançava nas intensões de voto e pesquisas!
As conversas e expectativas direcionavam-se na mudança de governo e mandatários. Os meios escusos, de compra adoidada de votos, ouviam-se de ambos os lados. O poder financeiro induzia as preferências e resultados da disputa!
A carreata, de encerramento de campanha (da oposição), colocou centenas de veículos nas avenidas e ruas. A situação, representada pelo candidato Astúcia, caiu no pavoroso temor! Alguma estratégia e medida urgente, de última hora, precisou ser tomada!
O jeito, junto aos correligionários e simpatizantes de mercados, foi debater e pensar. Alguém, em determinadas vilas (de forte penetração da oposição), sugeriu lançar um ímpar boato. Alguma fofoca, de quatro paredes, deveria ocorrer junto aos devedores.
A conversa, em síntese, consistiu: “- Se Astúcia, da situação, ganhar! A partir de segunda tem ficha renovada! Os endividados podem voltar a comprar no crediário! As dívidas, no caderninho dos registros, encontram-se perdoadas e zeradas!”
A informação, no “conjunto de enforcados e sufocados”, difundiu-se nas vinte quatro horas anteriores ao pleito. Inúmeras penduradas famílias, diante do poder do dinheiro e perdão de débitos, reavaliaram e redimensionaram os votos.
A situação, por estreita margem, reverteu o quadro adverso. Os comerciantes, com muita grana enterrada, reouveram velhas somas. Estes, nos dias posteriores, adquiriram veículos e ampliaram construções.
Os contribuintes, como de rotina, pagaram certamente outra conta. Alguma “maracutaia” (ato desonesto), nas sombras do poder, sucedera-se provavelmente para custear os dispêndios.
Os políticos, como de práxis, certamente não pagaram as contas com o dinheiro deles! O povo, com suas fofocas e sabedorias, comenta e sabe à surdina os muitos e variados sucedidos!
Uns não por mero carisma e eficiência, revelam-se lideranças comunitárias. O dinheiro induz as preferências e resultados! As necessidades sobrepõem-se as filosofias e ideologias!

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://saracotear.blogspot.com.br

O tradicional rádio corredor


Um instrumento de efetiva divulgação, sem aparelhagem específica e estação fixa, revela-se o tal do rádio corredor. Este, em minutos ou horas, leva e traz os boatos e fofocas! 
As conversas, como num rastilho de pólvora, divulgam mensagens nos cantos e recantos. Ouvidos atentos adoram escutar e comentar algum sucedido ímpar!
As empresas e órgãos públicos, nos corredores e salas dos expedientes, conhecem amplamente o esquema de divulgação. O rádio informal, com palavras lançadas ao vento, mostra-se o meio de assimilação e divulgação de rumores.  
As informações, como pão quente, saem fresquinhas ao paladar! As notícias, em curtas frases ou palavras, disseminam-se pelas bocas e ouvidos.
O curioso, na história, liga-se a veracidade. As narrações e relatos possuem costumeiramente seu fundo de verdade. A mera casualidade não cria comentários (“onde tem fumaça, tem fogo”).
Os temas, a título de exemplo, relacionam-se a dispensas, feriadões, greves, negociações, reposições... Noticiários, como de primeira mão, espalham-se entre colegas. Cada ouvinte, num ponto, acrescenta um ponto!
Alguns externam a vocação de serem especiais rádio transmissores! As horas ou dias confirmam a veracidade dos fatos. Sigilos, guardados a sete chaves, conhecem a informalidade.
Alguém, muito achegado às fontes, abre a boca ao melhor amigo. Este, por sua vez (numa sucessão), comenta com sua maior companhia. As conversas, como “troca de fichinhas”, vêem-se narradas e repassadas.
As informações, num “vap e vup”, tomam a direção das famílias, prédios, publicações, ruas... As notícias, com a telefonia celular, difunde-se em segundos!
O sigilo, do ninguém ouviu ou viu, revela-se uma doce ilusão! As pessoas, como satisfação e prazer, tem o hábito e a necessidade de conversar no ínterim das tarefas! Quem descarta algum boato ou fofoca de primeira mão?

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da vida: http://casamento.culturamix.com

sábado, 8 de junho de 2013

Os segredos das paixões


Uma moça, pelo conselho dos amigos e familiares, deveria ter um caso com o sicrano. Ele, diante dos olhares alheios, seria um excelente par!
O camarada, no meio comunitário, mostrava-se conceituado e reconhecido. Ele, nos negócios, ostentava-se dono de lavouras, prédios, terras e veículos. O patrimônio, para os ambiciosos e gananciosos, fazia enorme diferença!
A fulana, por alguma desconhecida razão, carecia de sentir atração e carinho. Esta, diante das iniciativas e conselhos, refletia: “O sicrano pode oferecer todos estes bens! Eu quero distância! Nada de maiores aconchegos e afagos!”
A jovem, por algum motivo, enamorou-se por outro rapaz. Este, como gentil e vivo macho, ganhou as graças e simpatias. As necessidades econômicas, apesar de constantes, careceram de ser razão principal da escolha.
O casal, nos brios íntimos, acirrava o fogo da paixão! O próximo, por alguma desconhecida razão, ascendia o pavio! Os amores e paixões carecem de maiores explicações!  
O dinheiro nem sempre mostra-se a razão de felicidades e realizações! Ele, na aparência, pode comprar a todos e a tudo. Alguns, em meio ao desenfreado mercado persa, ainda ligam à ética e moral!
As pessoas, nas escolhas amorosas, optam pelas afinidades e simpatias. A felicidade, em parte, consiste em estar com quem se gosta! As oportunidades encontram-se onde menos as espera.

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem:http://todateen.uol.com.br