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domingo, 26 de maio de 2013

As caçadas aos porcos do mato



Quatro famílias de austríacos, nos idos de 1873, instalaram-se numa periferia da Colônia Teutônia (atuais terras da Linha Brasil/Paverama/RS). Estes, como fervorosos católicos, compraram lotes na margem da colonização protestante (de evangélicos luteranos). 
Os colonizadores, liderados por Wenzel Reckziegel, Wilhelm Schaurich, Josef Tischer Pai e Josef Tischer Filho, acabaram literalmente atirados/instalados na mata virgem. Estes precisaram encontrar meios de sobrevivência nas novas terras. Uma destas relacionou-se as caçadas dos porcos-do-mato (conhecidos como caititu/cateto – nome científico: Tayassu tajacu).
Os animais, no interior da Floresta Pluvial Subtropical, mantinham estradas/trilhas e formavam “verdadeiros bandos”. Alguns cachaços, com afiados e grandes dentes (como navalhas), coordenavam as inúmeras varas. A espécie, por séculos, perambulava entre a vegetação nativa do Brasil Meridional.
Os colonos/forasteiros, para apanhar e precaver-se dos animais, improvisaram excepcionais tocaias. Estes, com a abundância de madeiras, construíram reforçados currais. A edificação, depois de boas horas de labuta, localizava-se no meio de amplos trilhos (debaixo de centenárias figueiras).
Umas escorregadias portas, na proporção de algumas mexidas, faziam cair às peças (cerrando os cercados). Algumas iscas, em forma de cereais e frutas silvestres, foram os chamariscos (acrescidos no interior das edificações). A solução, com observação e paciência, consistiu em aguardar resultados!
A alegria e satisfação ocorreu no período de horas. As famílias, em três oportunidades, apanharam: treze; três; uma presa. Totalizando, ao final, dezessete animais apanhados. Outros da espécie, depois do desespero dos irmãos, sumiram e negaram-se a enveredar nas armadilhas. Estes também possuem seu código de comunicação e sobrevivência!
Os primórdios da colonização ostentaram-se numa luta incessante pela conquista de palmos de solo para as criações e plantações. Sólidas famílias, através dos hábitos e sobrenomes, mantém ativo as sementes lançadas pelos pioneiros. As comunidades e gerações, sem maiores apontamentos e registros das vivências, somem-se nas cinzas da História.
                                                                                    
Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”
Obs.: História narrada por Verno Reckziegel da Linha Brasil/Paverama/RS.

Crédito da imagem:http://www.flickr.com/photos/photobee1/8153611040/

Os fantasmas do cemitério


Um medroso assalariado, nas penumbras das manhãs, dirigia-se ao local do trabalho. A vizinhança, diante do despertar da cachorrada, via-o caminhando pela estrada geral.
A função, junto ao transportador, consistia em recolher leite (nos inúmeras tambos das propriedades coloniais). Ele, nas suas idas e vindas, passava defronte ao cemitério comunitário.
Três malandros, conhecedores do hábito matinal, resolveram aprontar mais umas das suas muitas e variadas peças. Estes, com um lençol branco estendido sobre as cabeças e corpos, deram-se ao trabalho de aguardar o fulano.
Este, na achegada em meio ao chão batido, deparou-se com aquele estranho e ímpar vulto. O susto e temor, de imediato, abateu-se sobre o ser. Algum fantasma, como finado ente (saindo dentre os muitos jazigos), assustou-lhe deveras. O camarada, por um momento, parecia estático!
Os três, no ato e debaixo do pano, saíram cemitério afora. O indivíduo, no ínterim, ameaçou ajuntar uns bons e graúdos cascalhos (como arma e defesa). Os improvisados fantasmas, com as eventuais pedradas, igualmente ficaram em pânico. Eles, como um raio, correram adoidados e desnorteados.
A vítima, na prática, recolheu unicamente suas havaianas (com razão de poder correr melhor). Resultado: Os quatro elementos meteram-se em apuros e sustos. As pernadas, diante do repentino esforço e medo, pareciam fraquejar na eficiência e trabalho!
O indivíduo, com seres em apuros e desesperados, desconhece a reação. As histórias, de assombrações e fantasmas, povoam o imaginário popular. Alguns malandros, com as crenças e temores alheios, adoram fazer sua diversão e passatempo.

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”
Obs.: História narrada por Ari Wasen (conhecido como "Polett") de Languiru/Teutônia/RS.

Crédito da imagem: http://gabrieldesaix.blogspot.com.br

sábado, 25 de maio de 2013

A ímpar visita maternal



Um motorista, a centenas de metros, vislumbra dezenas de veículos. Estes, junto à casa mortuária e cemitério comunitário, encontram-se estacionados. O fato, no sábado anterior ao domingo do Dia das Mães, sucedeu-se no contexto da comunidade!
O pensamento, de imediato, direcionou-se ao falecimento de algum ente. Este refletiu: “- Quem será desta vez? Dê que família? Vou parar para perguntar algum pedestre? Alguém certamente saberá informar do sucedido!” A extrema curiosidade obriga a decifrar o enigma! 
Uma realidade comum, com a progressiva achegada da urbanização, consiste em enterrar amigos e conhecidos. Os falecimentos, em meio às muitas pressas e tarefas diárias, nem sempre acabam anunciadas e comunicadas às partes interessadas. Uns, para os desconhecidos e estranhos,  somem como nunca tivessem existidos!
Outras famílias, com a existência de inúmeras emissoras de rádio, nem sempre sintonizam a estação dos anúncios comunitários. Diversos membros, sobretudo anciões, vêem-se perecidos (sem maiores alardes e comunicações). Os jovens pouco caso fazem das desconhecidas estirpes!
O condutor, na passagem pelo espaço, depara-se com a porta cerrada da casa mortuária. Este relembra-se da velha tradição colonial: “- O afluxo, na véspera do Dia das Mães, sucede-se de muitos aparentados e filhos”.
Os familiares, de longínquas paragens, tratam de efetuar uma visitação aos finados entes queridos! Os finados, com as muitas reminiscências do outrora, recebem comentários e referências junto às descendências!
Os jazigos ostentam-se uma espécie de extensão do patrimônio familiar. A consideração e preservação da memória integra o conjunto da evolução cultural. Singelas atitudes e exemplos, às novas gerações, servem de norte aos posteriores cuidados e tratamentos.

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://g1.globo.com

A ficha concorrida



Determinada agremiação partidária, no poder numa grande cidade, mantinha excelentes chances de reeleição. Um batalhão de aficionados e afilhados mostrou-se interessado em ganhar cargos e manter postos de trabalho!
Os pretendentes, a concorrer no vindouro pleito, mantinham-se em grande número (às limitadas vagas). A seleção, para escolha, precisaria obedecer a algum critério prático!
A cúpula, com razão de não indispor e magoar correligionários, precisava determinar e selecionar os nomes da nominata. As intensas e muitas conversas, entre eventuais candidatos e lideranças, tomaram vulto nas conversas informais. O difícil consistia em conciliar os muitos e variados interesses em jogo!  
Algum consultor, como veterano de inúmeras campanhas e pleitos, sugeriu um paliativo às delongas. Este, como alternativa e solução, sugeriu averiguar a ficha policial dos diversos e vários pretendentes.
O princípio, a contragosto de uns, viu-se adotado como alternativa e procedimento. O resultado mostrou-se admirável e ímpar! Várias vagas, no final das contas, sobraram para outros interessados. Inúmeros candidatos e políticos em potencial, dito homens honestos e honrados, mantinham problemas com a lei e a Justiça!
As pessoas, na aparência do fácil, enveredam de forma convicta e firme nos propósitos. Os aventureiros e oportunistas, nos cargos do serviço público, sobram para angariar polpudos cargos e salários! A gente conhece as pessoas somente na proporção do alcance das vistas!

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://blogdosargentotavares.blogspot.com.br

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Os fantasmas do cemitério



Um medroso assalariado, nas penumbras das manhãs, dirigia-se ao local do trabalho. A vizinhança, diante do despertar da cachorrada, via-o caminhando pela estrada geral.
A função, junto ao transportador, consistia em recolher leite (nos inúmeras tambos das propriedades coloniais). Ele, nas suas idas e vindas, passava defronte ao cemitério comunitário.
Três malandros, conhecedores do hábito matinal, resolveram aprontar mais umas das suas muitas e variadas peças. Estes, com um lençol branco estendido sobre as cabeças e corpos, deram-se ao trabalho de aguardar o fulano.
Este, na achegada em meio ao chão batido, deparou-se com aquele estranho e ímpar vulto. O susto e temor, de imediato, abateu-se sobre o ser. Algum fantasma, como finado ente (saindo dentre os muitos jazigos), assustou-lhe deveras. O camarada, por um momento, parecia estático!
Os três, no ato e debaixo do pano, saíram cemitério afora. O indivíduo, no ínterim, ameaçou ajuntar uns bons e graúdos cascalhos (como arma e defesa). Os improvisados fantasmas, com as eventuais pedradas, igualmente ficaram em pânico. Eles, como um raio, correram adoidados e desnorteados.
A vítima, na prática, recolheu unicamente suas havaianas (com razão de poder correr melhor). Resultado: Os quatro elementos meteram-se em apuros e sustos. As pernadas, diante do repentino esforço e medo, pareciam fraquejar na eficiência e trabalho!
O indivíduo, com seres em apuros e desesperados, desconhece a reação. As histórias, de assombrações e fantasmas, povoam o imaginário popular. Alguns malandros, com as crenças e temores alheios, adoram fazer sua diversão e passatempo.

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”



Crédito da imagem: http://gabrieldesaix.blogspot.com.br

A conclusão de pedidos



Uma veterana, da linha de produção da fábrica de calçados, admira-se do comportamento dos jovens trabalhadores. Estes, como norma geral, pouco caso fazem na entrega de pedidos da empresa.
Alguma encomenda, com data e horário de entrega agendada, encontra-se inclusa (dentro do prazo estabelecido). As chefias, com vistas da conclusão da tarefa, pedem algum complemento de jornada (em horas extras). Estes, em meio às preocupações e pressas, chegam a implorar colaboração e dedicação.
Os jovens assalariados, com raríssimas exceções, pouco caso fazem da preocupação e situação. Os contratados veteranos, curtidos pela experiência e tempo, sobram unicamente no final do desfecho do pedido. Estes, uns até aposentados, conscientizam-se da colaboração e resolvem dar uma mão à conclusão.
Os jovens, com seus compromissos de estudo e lazer, mostram descaso e despreocupação! Estes, encerrado o horário do expediente, sentem concluído o ônus da jornada. A maioria nem está em fazer alguma carreira nas linhas de produção.
A empresa trate de pagar encargos e salários! Os problemas da firma sejam resolvidos pelas chefias e donos. As crises, em momentos, aconchegam-se e imagina quem sobra primeiro! O sucesso decorre da consorciação de interesses e necessidades entre empregados e patrões!
A diferença, de filosofias e princípios, mostra-se uma realidade entre jovens e velhos. Cada época e situação com os seus dilemas e problemas. Garantir o emprego, em épocas de oportunidades, ostenta-se uma preocupação de poucos!
                                                                      
Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://mdemulher.abril.com.br

quinta-feira, 23 de maio de 2013

As precauções do inverno



O veranico achegou-se a bater nas portas e rostos! Os dias e semanas, do aparente ano recém iniciado, transcorrem apressados. O tempo, depois de certa idade, escorre a mil!
Os animais, no calor de outono, estendem-se ao sol. As folhas, nos inúmeros vegetais, caiem de forma adoidada. Algumas espécies, sobretudo aves, tomam o rumo norte (dos climas mais amenos). Os prenúncios das chuvas, nos ares subtropicais, encontram-se no compasso de espera (na proporção do avanço das frentes frias com a declinação solar).
Alguns humanos, dentro das ocupações de rotina, antecipam-se nas necessidades e obrigações. Os plantadores tratam de colher as últimas colheitas. Os anciões, com suas pretensões de fogo no inverno, procuram recolher gravetos, lenhas e palhas. Os criadores preocupam-se em limpar estrumeiras e instalações...
O frio aconchega-se nos próximos dias ou horas! As reservas, como precaução, mostram-se armazenadas e estocadas. As condições meteorológicas, na sequência de calor, chuva, frio e umidade, necessitam de sabedoria para serem suavizadas. Os descuidosos e relapsos apanham feio com as agruras do tempo!
Os espertos daí carecem de correr nas chuvas, frios e serenos! Estes, no resguardo das construções, tentam evitar gripes e resfriados! A esperteza das abelhas e formigas, com suas reservas alimentares e moradias sólidas, servem de belas e excepcionais lições de vida.
“O homem prevenido vale por dois!” O sábio antecipa necessidades com razão de resguardar-se dos infortúnios e intempéries. O aconchego, próximo ao calor do fogão, mostra-se uma benção e dádiva nos tempos adversos e impróprios das chuvas e frios de inverno.

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: https://psicenter.wordpress.com