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sexta-feira, 5 de abril de 2013

O desafio da extinção


Um ancião, junto à repartição pública, achegou-se para esclarecimentos e informações. Este, como último associado, queria dar um desfecho à entidade comunitária.
Os jovens, conforme a versão deste, possuíam desinteresse na manutenção duma sociedade filatélica e numismática. Os interesses e preocupações recaiam sobre celulares, computadores, internet, veículos...
O fulano, antes do desfecho da vida, queria dar um final feliz a móveis, papéis, sala... O patrimônio social, conforme o estatuto (na extinção), seria comercializado e o dinheiro doado. O valor angariado seria concedido a fins beneficentes.
A sociedade, conforme o relato oral, advinha dos tempos áureos. Alguma diretoria instituía o livro ouro. As empresas, na proporção de pedidos (de membro da diretoria), encarregavam-se de fazer donativos (para inscrever o nome na fonte). A moda, na época (de 1930 a 1970), consistia em criar instituições (na proporção de haver necessidades comunitárias).
A ciência e tecnologia revolucionaram as relações sociais. As pessoas deparam-se com o excesso de dados e informações. A mídia tornou impossível acompanhar e assimilar os muitos ocorridos/sucedidos.  As pessoas confrontam-se com “dificuldades de mastigar esta gama de informações”.
Os papéis, como acervos bibliográficos (em função das facilidades de acesso as pesquisas da rede mundial de computadores), tornaram-se estorvos em espaços. Inúmeras entidades tornaram-se dispensáveis e onerosas. A racionalização revela-se o caminho.
Os indivíduos, com outros interesses e problemas de sobrevivência, querem distância de encargos e tarefas. Uma dificuldade constituir diretorias! Instituições tradicionais encontram-se com sérias dificuldades de subsistência!
Cada época e geração com suas necessidades e valores! O indivíduo, numa existência, perpassa por diversas revoluções. A vida urbana consiste em cada qual para si e Deus para todos.

Guido Lang
“Singelos Sucedidos do Cotidiano da Existência”

Crédito da imagem:http://www.medicodocelularecomputador.com.br/servi%C3%A7os.php

A formiga e a pomba



Uma formiga foi à margem do rio para beber água, e, sendo arrastada pela forte correnteza, estava prestes a se afogar.
Uma pomba que estava numa árvore sobre a água, arrancou uma folha, e a deixou cair na correnteza perto dela. A formiga, subiu na folha, e flutuou em segurança até a margem.
Pouco tempo depois, um caçador de pássaros, veio por baixo da árvore, e se preparava para colocar varas com visgo perto da pomba que repousava nos galhos alheia ao perigo.
A formiga, percebendo sua intenção, deu-lhe uma ferroada no pé. Ele repentinamente deixou cair sua armadilha, e isso deu chance para que a pomba voasse para longe a salvo.

Moral da história:
O grato de coração sempre encontrará oportunidades para mostrar sua gratidão.

                   Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

                                             Crédito da imagem: http://leiladavano.blogspot.com.br

quinta-feira, 4 de abril de 2013

O apego excessivo



Uma menina moça, como sonho profissional, quis sair das colônias. Ela queria distância dos cuidados da casa e tarefas rurais. Esta queria ganhar e ter o seu dinheirinho. A ideia consistia em conciliar estudo e trabalho (nalguma ocupação urbana).
O pedido, junto a uns conhecidos, foi atendido pelo pai. Este, junto a um amigo, pediu emprego/trabalho. A jovem, como cortesia especial, pode residir junto a família contratante. A função era auxiliar na empresa, cuidar duma idosa (como companhia), ocupar-se com tarefas caseiras... O acordo, numas semanas, funcionou que “nem serviço de vassoura nova”. Os elogios e a satisfação foram do contento das partes.
A convivência, debaixo do idêntico teto, foi revelando as fraquezas e manias. A família deixou de carecer da sua tradicional privacidade. A moça, no cansaço das obrigações e saudades das parcerias, apegou-se ao celular.
 Este, ao contínuo alcance da mão, mantinha-se o centro das atenções e preocupações. Algumas ligações e torpedos, inclusive nas caladas da noite, viam-se atendidos e enviados. O acordo, com a soma de alguns resmungos, cedo viu-se desfeito. O genitor, como trouxe a mudança, pode reaver a fulana ao lar. A solução, lá adiante, consistiu em partir para outra iniciativa.
O conflito de gerações, em função de hábitos tecnológicos, tornou-se fato corriqueiro nas famílias. Todo começo tem suas aprendizagens e dificuldades. A palavra não mostra-se comum para quem inicia ousada empleitada.
                                                                                                 
Guido Lang
“Singelos Sucedidos do Cotidiano da Existência”

Crédito da imagem:http://blogs.jovempan.uol.com.br 

O lobo e o cordeirinho



Estava um cordeiro bebendo água na parte inferior de um rio; chegou um lobo, na parte de cima, e cravando nele os olhos famintos, disse-lhe com voz cheia de ameaça:
“Quem lhe deu o atrevimento de turvar (sujar) a água que pretendo beber?”
- Senhor, respondeu humilde o cordeiro, repare que a água desce para mim. Assim não a posso turvar...
- E ainda é bocudo e insolente! - Disse o lobo arreganhando os dentes. - Ouvi dizer que no ano passado você falou mal de mim.
- Como o faria, contestou o cordeirinho, se só tenho seis meses de vida e ainda não tinha nascido...
- Pois se não foi você deve ter sido seu pai, seu irmão ou algum dos seus parentes e por eles você vai pagar.
Dito isto, atirou-se sobre ele e o foi devorando.

Moral da história:
Foge do mau. Ele sempre terá um pretexto para querer atingi-lo.

                     Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

                                                      Crédito da imagem: http://metaforas.com.br

quarta-feira, 3 de abril de 2013

O prazer da leitura



Um modesto plantador, durante anos, comercializava numa venda. A produção de soja era a principal fonte de renda. O estabelecimento, como ponto de negócios da localidade, era o local próprio dos escambos e negócios.
O comerciante, em função da escassa concorrência, valia-se da situação (monopólio) para o precoce enriquecimento. O produtor, com os punhados de descontos, juros e taxas, desentendeu-se com o vendeiro. O rural, numa ousadia ímpar, irritou-se e “tirou o mascate de trás do balcão de atendimento a base de socos e pontapés”. A briga, no contexto da agressão e discussão, resultou em danos em mercadorias e móveis.
A polícia, às pressas, viu-se destacada para apartar as partes em conflito. O agressor, como elemento mais frágil, acabou detido e preso. Ele, para dar o exemplo a outros produtores e reclamões, conheceu o amargo remédio (da supressão da liberdade). A desonra, de ter sido preso, somou-se ao fato do registro de ocorrência policial (eventuais problemas como réu primário).
O aprisionado, numas boas horas, precisou ficar enjaulado na cadeia pública. O cidadão, uma vez na solidão da cela (num cubículo na sede da subprefeitura/distrito), tratou de fazer um excepcional pedido. Conhecidos e curiosos admiraram-se da petição.
Amigos e familiares deveriam trazer-lhe livros e revistas. Este, às valiosas horas, aproveitou para fazer uma folga nas jornadas rurais. A ideia, para abreviar a angústia e solidão, foi de valer-se das leituras.
O castigo, como pausa momentânea, serviria como descanso. A oportunidade como um tempo para aprimorar conhecimento e espírito. Este ímpar comportamento, de alguma forma, intrigou e mexeu com os íntimos (do agredido e autoridades policiais). Os livros, como companhia e parceria, afastam os flagelos do isolamento e solidão! O leitor, através das entrelinhas e palavras, viaja nas ondas do mundo!
O castigo de uns serve de colírio aos olhos de outros. Coloniais, enjaulados nas penitenciárias, consiste num fato raro. A tradição oral versa: “A cadeia foi igualmente construída para abrigar gente”.

Guido Lang
“Singelos Sucedidos no Cotidiano da Existência”

Crédito da imagem: http://direitoemdestaque.wordpress.com

A moça e a vasilha de leite



Uma moça ia ao mercado equilibrando, na cabeça, a vasilha do leite. No caminho, começou a calcular o lucro que teria com a venda dele.
- Com este dinheiro comprarei muito ovos. Naturalmente, nem todos estarão bons, mas, pelo menos, de três quartos deles sairão pintinhos. Levarei alguns para vender no mercado. Com o dinheiro que ganhar, aumentarei o estoque dos ovos. Tornarei a pô-los a chocar e, em breve, terei uma boa fazenda de criação. Ficando rica, os homens, pedir-me-ão em casamento. Escolherei, naturalmente, o mais forte, o mais rico e o mais bonito. Como me invejarão as amigas! Comprarei um lindo vestido de seda, para o casamento e, também, um bonito véu. Todos dirão que sou a noiva mais elegante da cidade. 
Assim pensando, sacudiu a cabeça, de contentamento. A vasilha do leite caiu ao chão, o leite esparramou-se pela estrada e nada sobrou para vender no mercado.

Moral da história:
Não se deve contar com o ovo quando ele ainda está dentro da galinha.

                 Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

                                                  Crédito da imagem: http://www.paintinghere.com

terça-feira, 2 de abril de 2013

O lapso de tempo


Uma senhora, criada no campo, mantinha uma esperança e sonho! Esta, nos anos de labuta nas colônias, nunca pode valer-se dos cosméticos e jóias. Esta, a semelhança do pessoal das cidades, almejava andar enfeitada e perfumada.
As condições financeiras, como trabalhadora rural, nunca permitiram maiores luxos e ostentações. A sabedoria, nos anos, consistiu em esperar a aposentadoria. A viuvez acrescentou-lhe ainda uma pensão (por parte do finado marido).
O transcorrer do tempo, no iniciar de cada mês, ajuntava valores certos e definidos da previdência. Esta, muito econômica, pode avolumar algum dinheiro. Os sonhos finalmente puderam ser alcançados e realizados (depois de décadas num compasso de espera).
A precaução, junto a São Pedro (protetor das “Portas do Céu”), foi perguntar o número de anos (ainda disponíveis nesta jornada terrena). O santo, num sonho, revelou a estimativa: “- Até os oitenta e cinco!”  Esta ficou contente e feliz (estando nos inícios  dos sessenta). A ideia e preocupação era de aproveitar os abençoados e magníficos dias.
A senhora, agora com disponibilidade de tempo (para cuidar das aparências e saúde), procurou fazer caminhadas, passear nas amigas, curtir viagens exóticos... Os bailes, da terceira idade, eram a principal diversão e sensação. Ela, em meio aos inúmeros eventos, procurava participar ao máximo. Esta, nestes instantes, ostentava-se coberta de jóias e embonecada com cosméticos! A cidadã parecia uma “fina flor do campo” (simplesmente irreconhecível e transformada)!
Um belo dia, antes do estipulado, adveio a surpresa. Esta se viu chamada aos setenta e cinco. A senhora, achegando-se ao céu, tratou de interrogar sobre o equívoco. O Criador tinha-lhe suprimido uns dez anos de vida (um lapso na promessa).
São Pedro, como auxiliar e guarda no céu, disse-lhe  na hora da recepção: “– Minhas sinceras desculpas! Eu, em função dos enfeites e jóias, simplesmente não lhe reconheci em meio as minhas tarefas! A multidão atrapalhou-me nas constatações dos detalhes!” Equívocos ocorrem nas muitas  e variadas  realidades. A humildade é um princípio da sabedoria.
A aparência suprime a essência. Certos mimos conquista-se na velhice. “Quem vê cara, não vê coração!”

Guido Lang
“Singelos Sucedidos do Cotidiano da Existência”

Crédito da imagem:http://abundantelife.blogspot.com.br