Translate

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O fundo quintal


A crise, na escalada dos preços, castiga os padecidos assalariados. O ordenado, na licenciosa carga (tributária) e desconto, encolhe no diário dos gastos. Os preços, no achaque da economia (inflação), aumentam no bolso. Os volumes encolhem nas trocas. A beltrana, na laia de profissional da faxina, colocou mente a laborar na renda. O solo, nos parcos metros (fundo de quintal), ganhou faxina e proveito. A tarefa, na adubação, aterro e limpeza, tomaram encargo e tempo. As plantações, em chás, legumes e temperos, acorreram na proporção das mudas e sementes. Os itens frescos, em parcos dias, acresceram consumo. A empreitada, em cuidados e encargos, assumiu distração em mexer no chão. Os frutos, em jardinagem, serviram de inspiração aos imitantes. As precisões, na carestia, incentivam atitude ativa. A mão e mente, no ajustado arranjo, processam maravilhas (em meios antes adversos). As chances, no arrojado e funcional, ocultam-se nos espaços da esquina.

Guido Lang
“Fragmentos de Sabedoria”

Crédito da imagem: http://mulher.uol.com.br/

O cemitério velho da Picada Capivara


A Picada Capivara/Colônia Teutônia/Estrela/RS, nos primórdios da colonização (1858-1908), teve instalado campo-santo. O idêntico, nas cercanias da escola comunitária, ocorreu na Picada Catharina (atual Linha Boa Vista Fundos/Teutônia/RS). O local, próximo à casa comercial de Ernst Hetzel (na estrada Linhas Boa Vista - Catarina), apareceu indicado a dedo.
A extensão, no presente, revela-se adotada pelo aturado cerrado. A floresta, na mata rejuvenescida pluvial subtropical, retomou lugar original. Os resquícios, em obeliscos e pedras, ostentam-se testemunha das vivências dos pioneiros. A desativação, na junção provável das Comunidades da Boa Vista, Capivara e Catarina (parcial), adveio na constituição da Comunidade Evangélica Bethânia (Boa Vista/Teutônia/RS). Os ministros leigos, na expressão de Gustav von Grafen e Heinrich Beckmann, atendiam estirpes abrigadas nas paragens.
A inspeção, no ocasionado pela curiosidade, inspirou a pesquisa. Os enterrados, na compressão particular, mereceriam registros nas genealogias. Os entes, em função da consideração comunitária, mereceriam uma referência na saga da colonização. O enigma, no parcial, viu-se resolvido na consulta aos registros de falecimentos. 
O Livro de Falecimentos da Comunidade Evangélica Bethânia, nos apontamentos de Heinrich Beckmann, consta: Número 12 – Johannes Rasche, nascido em 24/06/1896 e falecido em 27/07/1896 na Picada Capivara, testemunhas foram os pais (Jacob Rasche e Lina Hatje), enterro efetivado pelo pastor e professor Heinrich Beckmann em 29/07/1896, causa da morte foi dispepsia (má digestão ou doença provável dela). Número 18 – Hannibal da Silva, nascido em 05/07/1896 e falecido em 09/07/1896, na Picada Capivara, testemunhas foram os pais (Antônio Vasco da Silva e Karolina Maria da Silva), enterro realizado por Beckmann em 10/08/1896.  Número 64 – Heinrich Brugmann, profissão marceneiro, nascido em março de 1841 em Kiel, falecido em 30/10/1904 na Picada Capivara, testemunha do falecimento foi Claus Damann, carece de nome dos pais, enterro realizado pelo pastor Beckmann em 31/10/1904. Número 65 – Jacok Johann Rasche, profissão colono, nascido em 05/01/1865 em Feliz/RS, falecido em 30/10/1904, na Capivara, pais foram Theodor Rasche e Maria May, enterro concretizado em 31/10/1904 por Beckmann. Número 67 – Heinrich Hetzel, nascido em 11/08/1905 e falecido em 12/08/1905 na Picada Capivara, testemunhas do falecimento foram os pais (Ernst Hetzel e Petersine Heinrichsen), enterro realizado em 14/08/1905 por Beckmann. Número 84  – Alma Jasper, nascida em 03/10/1906 e falecida em 05/09/1907 na Picada Capivara, testemunhas foram os pais (Wilhelm Jasper e Auguste Brandenburg), enterro realizado por Beckmann em 07/09/1907. Número 86 – Klara von Grol, nascida em 20/04/1907 e falecido em 07/04/1908 na Capivara, testemunhas do falecimento foram os pais (Heinrich Friedrich von Grol e Lina Hatje), enterro realizado por Beckmann em 08/04/1908. Número 87- Amanda Baumgardt, nascida em 23/07/1902 e falecida em 15/08/1908 na Capivara, causa da morte: sarampo, testemunhas foram os pais (Karl Baumgardt e Karolina Dhein), enterro realizado por Beckmann em 16/08/1908...
A relação, no registro de Beckmann, conclui com o funeral de Amanda. O cemitério, no possível, vê-se desativado. A desativação, no admissível, tenha ocorrido na morte do pastor e professor Heinrich Beckmann. O ministro formado Karl Sick, na Comunidade Evangélica Bethânia, careceu de obrar na necrópole. Os parentes, na dimensão dos fenecidos, foram relegando cemitério. A vegetação, no vivo aumento, foi reocupando ambiente. Outros falecidos, na precisão de exame das crônicas comunitárias, primam pelas lembranças.

(Guido Lang, O Informativo de Teutônia n/ 129, dia 05/02/1992, pág. 02. Texto reescrito).

Crédito da imagem: http://www.unaflor.com.br/

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O módico empréstimo


A senhora moça, no legado familiar, perpassou no troco. O imóvel, na casa e terreno (progenitores), acabou negociado na elevada soma. O dinheiro, na ilusão do expressivo saldo, adveio no alívio e fartura da carteira. As gastanças, em festanças, tomaram vulto em família. As lojas, na farta roupa, granjearam aquisições. Os investimentos, em carro, absorveram capital... A amiga, na muito íntima, requereu módico empréstimo. O socorro, na cedência de mês, viu-se recusado. As desculpas acolheram conto. O episódio ficou no guardado. O tempo, em ardentes gastos, diluiu riqueza. As dívidas, no ilusório, assumiram vulto. A amistosa, na ajuda, acabou solicitada no crédito. O indeferimento adveio no minuto. O taxativo, na negação, ocorreu na lembrança. A história educa: As situações, nas agitações da economia, alternam fortunas e tendências. Os estranhos, nas desventuras, auferem em básicos socorros. Os impróprios amigos, na bonança, externam apego e valor.

Guido Lang
“Fragmentos de Sabedoria”

Crédito da imagem: http://exame.abril.com.br/

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

A velha lataria


O colega, na laia de empregado, andava no carro velho. O acanhado fusca, no curto curso das idas e vindas, enchia as precisões dos deslocamentos. O estacionamento, na frontal do prédio, caía no espaço e horário do expediente público. A ocorrência, na certa manobra, acorreu no xingamento da colega. O mau humor, na hora, conduziu ao comento. O carro novo, na saída, viu problema. A fala mal, na raiva, consistiu: “Tira daqui essa velha lataria!”. O proprietário, na instrução e resignação, relevou teatral indiferença. A briga e intriga, no local dos convívios e fainas, sobrevêm na chateação e irreflexão. A artífice, na ação, caiu na amnésia. O tempo decorreu na agitação e pressa. A cuja, no sensato tempo, adveio no arrojo e precisão. A obrigação, nas cotas do veículo, exigiam crédito e suprimento financeiro. O amigo, no esquecimento, viu-se requerido. O pedido, no instante, lembrou-se do ocorrido. A recusa caiu no instante. “O sujeito externa agravas, esquece ato; a pessoa ultrajada espera ocasião”.

Guido Lang
“Fragmentos de Sabedoria”

Crédito da imagem: http://carros.cozot.com.br/

terça-feira, 10 de novembro de 2015

A casa cheia



A família, na gama de amistosos e parentes, caía na casa cheia. O pessoal, na chácara, coexistia apinhado no ambiente. As gentes, dentre cunhados, enteados, noras e sobrinhos, afluíam na ardência. Os feriadões, no sítio fresco e limpo, caíam nas fugidas e saídas urbanas. As arrumações, no lugar, caíam no dispêndio dos hóspedes. O repouso, na comilança e folia, traduzia ares de hotel. As despesas, na carga e faina, incidiam no igual dos senhores. A ocasião, no acréscimo dos “enxertos”, foi avultando amigos. Os passeios, no corriqueiro e meteórico, entraram na canseira e náusea. O casal, em excessos, entrou nas restrições. As visitas, no sútil, acabaram oneradas. Os ônus, em consumos, foram divididos. Os muitos amigos, no abre mão, incorreram no sumiço. Os encargos, na divisão, diminuem afeições e obséquios. As gentilezas e mimos, na regalia, assentam e reúnem os idênticos. Os encargos, na requisição, afugentam e distanciam próximos. O dinheiro, nos humanos, norteia jeitos e ligações.

Guido Lang
“Fragmentos de Sabedoria”

Crédito da imagem: http://www.sitiomodelo.com.br/
Imagem meramente ilustrativa.


A saga do Arroio Vermelho

O riacho, no fluxo da linha da Boa Vista Fundos/Teutônia/RS, delineia andanças e narrações. O trajeto, em beirados seis quilômetros de extensão, inicia nas encostas dos Morros da Bela Vista e Catarina. A água, em baixadas e nascentes, brota confortante no meio das matas e roças. As propriedades, na direção leste - oeste, viram-se instituídas na ascensão das demarcações nos primórdios da conquista (1858 a 1872). A animália, na criação e fauna, acerta no acesso ao indispensável e precioso fluido. A mão humana, no parco tempo da instalação (lotes), instituíra modificações no panorama da selva pluvial subtropical.
Os cardumes, nas poças d’água, faziam contínua alegria e folia dos residentes. Os habitantes, em inventados banhistas e pescadores, visitavam beiras e canal. A gurizada, no sabor das folgas, esquadrinhava os filetes e reservatórios do regato. Os espaços aprofundados, em cacimbas, eram abundantes e variados em espécies. Os apreciadores, em exóticas carnes, trataram de contrair os graúdos entes. Os relatos, na mostra exagerada das mãos, caem de unidades de beirados de quilos. A história de quem conta um conto aumenta um ponto. Os balneários, em dias infernais de calor, faziam alacridades e brincadeiras das meninadas.
As espécies, em protótipos de cascudos, joaninhas, lambaris, jundiás e muçuns, advinham no exacerbado cômputo. O ambiente característico, em máximo volume, incidia na ponte da estrada geral. Os arranjados pescadores, nos lugares exclusivos, conheciam os espaços das coletas.  Alguns, em balaios e sacos, ensejavam parciais arrastões. A natureza, na amplitude dos nutrientes, tratava no escasso tempo de recompor populações. Os açudes, no alastrado das propriedades, trataram de introduzir carpas, prateadas e traíras. Os aguaceiros, na egressão das águas, faziam unidades safar-se das barragens e represas.
A modernidade, no advento da colocação de saibro (na estrada de chão batido) e uso desenfreado de agrotóxicos nas lavouras, minaram abastança e variedade. As antigas banais poças, no leito, acabaram aterradas e suprimidas. Os viveiros, nos difundidos aquários, advieram em pérolas. As águas, na descida dos cerros, incidem poluídas em tóxicos e urinas. Os parcos peixes, em especiais cascudos e lambaris, descrevem nostalgias dos tempos de antigamente. As tecnologias, na larga produção no ativo das diminutas áreas dos domínios, advêm na danificação. Os rejuvenescidos, nas beiradas, incidem em matagal e silvicultura.
O curso, no epílogo das trompas d’água dos aclives, descreve histórias de enchentes. O leito maior, em minutos, apresenta acentuados volumes e submergem margens. Os amontoados, em folhas, galhos e madeiras, tomam direção do Arroio Boa Vista (afluente do Rio Taquari). A fúria, na semelhança de decurso de rio, faz reocupar aterrado leito. O avermelhado, na coloração das águas, dá origem ao título. O curioso, no conjunto dos solos de massapê, flui na bizarra tonalidade. A fragrância, na massiva putrefação (dejetos vegetais), oferecia alcunha de Arroio Fedorento. A ocorrência, na baixa vazão, advém na seca de verão.
O patrimônio ambiental, no anexo do pacato lugarejo, seguirá alistando pitorescos contos. Arroio Vermelho, no decurso do tempo, segue famosa sina entre regatos. A consciência humana, no unido das gentes, redimensionará desventuras e reavaliará valor.

(Fonte: Guido Lang, novembro/2015, observação: residente nas cercanias).

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

A hábil saída


O habitante, na qualidade de morador urbano-rural, processou determinados cultivos. O solo, na chácara, caía no desuso. O objetivo, na escalada dos preços, havia em diminuir custos na nutrição. O alimento, no trato animal e humano, sucedia na elevada demanda. As culturas, no molde da abóbora, aipim, banana, batata e frutas, fluíam no mérito da plantação. As dificuldades, na demasia das chuvas e inverno tardio, ocorriam no alcance da rama. As mudas, na certa variedade de batata, calhavam na inexistência. O chacareiro, no círculo de amigos e vizinhos, inqueriu da arrumação. A variedade, no elegido, fazia-se indisponível. O conhecido, no versado lavrador, aconselhou na fácil e hábil obtenção. A sugestão consistiu em: “Busque comprar alguma unidade e aloque no chão. Os ramos, no curto tempo, advirão no disponível ao cultivo”. O artifício, no contíguo tempo, transcorreu na ação. Os colonos, na linha do próprio entendimento, conferem-se ardilosos e especialistas no ofício.

Guido Lang
“Fragmentos de Sabedoria”

Crédito da imagem: http://www.infobibos.com/