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quinta-feira, 26 de junho de 2014

A absoluta destruição


Os filhos das colônias, na paragem, sobreviviam da agricultura familiar de subsistência. A pequena propriedade, nas baixadas e morros, era praticada na exuberância vegetal!
Os solos cunhavam abundante produção. A variedade, nas criações e plantações, saltava aos olhos. A terra preta, na fertilidade ímpar, entendia-se como rico patrimônio familiar!
Os compridos e estreitos lotes, retalhados em sucessivos inventários, sustentavam as habituais estirpes. As jornadas, na força animal e braçal, faziam diferenças nos resultados!
Os residentes, no conjunto das dezenas de famílias, possuíam prioridade de manter limpos as lavouras e roçados. Plantações apuradas liam-se como sinônimo de aferro e dedicação!
Os cuidados mantinham-se extremos para não introduzir estranhas e vigorosas plantas. Os inços redobravam energia na erradicação. A essência recaía na tiririca!
Os disseminados e esporádicos exemplares, na paciente extração, eram carregados em amontoados ou sacos. A cremação, nas estufas e fornos, decorria na irrestrita destruição!
A modernidade, pós 1970, adveio nas gramíneas, máquinas, rações... A invasão, nos cultivos, estercos e maquinários, tornou-se banal acaso. Os infestados cultivos foram destino!
Os herbicidas, no proveito de fabricantes e mercadores, revelaram-se nas necessidades de aplicações. A disseminação, no combate dos venenos, ocorreu nos brejos e cultivos!
Os cuidados extremados, numa geração, transcorrem relapsos nas consecutivas. O impróprio de um, no ganho pão, torna-se o próprio do outro!

Guido Lang
“Crônicas das Colônias”

Crédito da imagem: https://mbrudna.wordpress.com/category/soja/soja-safra/page/9/

quarta-feira, 25 de junho de 2014

O conhecido árbitro


O cidadão, adepto e conhecido no futebol amador, “arranjou bico”. A arbitragem, no contexto dos finais de semana, somaria valores ao salário. O ganha-pão tomou vulto!
A coitada mãe, ofendida nos nomes de desprezível calão, abonaria a situação. As dificuldades, nos imperativos financeiros, ponderaram alto comparadas aos ocasionais insultos!
O camarada, nos campos da várzea, gerenciou dezenas de jogos. O público, no geral, reconhecia a imparcialidade na arbitragem. Os apegos e conhecimentos foram multiplicados!
O árbitro, na batente, tornou-se referência nas paragens. A gurizada, no campo ou torcida, apreciava as partidas nos bairros e vilas. A camaradagem mostrava-se fortuna!
O indivíduo, na certa noite, andou pelas travessas da média cidade. O assalto, na arma de fogo, tornou-se ensaio. A insegurança, na impunidade, disseminou a criminalidade!
A dupla de jovens, no intuito do dinheiro fácil, arriscou a sorte. O mau elemento, no acaso, assinalou o dito-cujo. O acontecimento, de contíguo, levou a reavaliação da ação!
O marginal, ao comparsa, falou: “- Parceiro sujou! O sujeito mostra-se dos nossos. O magrão revela-se aquele juiz das peladas”. Outra vítima, no azar, pagou provável “pato”!
Os residentes, nas periferias urbanas, identificam amigos e quinhoeiros. Os inconsequentes, por migalhas e ninharias, colocam cabeça a prêmio!

Guido Lang
“Crônicas das Vivências”

Crédito da imagem: www.lazeresportes.com

terça-feira, 24 de junho de 2014

O estranho idioma


Os filhos das colônias, em família, achegaram-se ao aeroporto internacional. O voo dirigia-se de retorno para a casa. A grande distância, na saudade, separava-os do torrão natal!
Os viajantes, na atmosfera da megalópole nacional, temiam pela segurança. O combinado, na atenção da incompreensão, incidia em discorrer somente no linguajar familiar!
O desígnio possuía de precaver-se das ociosidades e roubalheiras. O indiscreto incidia em camaradas passageiros. Estes, no escutado, ansiavam identificar a alheia alocução!
O homem idoso, na aparência de leitor, reconheceu a preleção. A pessoa, na infância, assimilara facetas do linguajar. A conversação, na elegância, fez-se recíproca!
Determinado transeunte, no espaço do agrupamento, possui assemelhada ciência e experiência. A exclusividade, no global mundo, assume valiosa pérola!
A língua expressa um estilo de subsistência. Os linguajares, assimilados nos seios familiares, sustentam a cultura e mentalidade de gerações!

Guido Lang
“Crônicas das Colônias”

Crédito da imagem: http://www.felsberg.com.br/governo-autoriza-3o-aeroporto-em-sao-paulo/

segunda-feira, 23 de junho de 2014

O banal prato


O filho das colônias, em anos de assalariado e posterior patrão, acumulou sobras. Os negócios, na época de ouro, acrescentaram a fortuna. O dinheiro fácil sugestionara perene!
A conjuntura, na oscilação econômica, adveio no inesperado. Os logros espalharam-se nos problemas. As bancarrotas, na imoralidade, ponderaram na esfera produtiva!
Os aconchegos e esplendores, no seio caseiro, necessitaram avaliações. A família, em costumes de dispêndios, reimplantou conhecimentos das colônias!
Os cortes, na diminuição de custos, incluíam a alimentação. O aipim, de produção própria, revelou-se a essência na nutrição!
O cidadão, no desespero e dificuldade, queria degustar unicamente raízes. As carnes e saladas complementavam o produtivo sustento. Os gastos dispensaram maiores aquisições!
As expensas, no endividamento, foram “cortadas na carne”. Uma porção de estirpes, no cozido ou fritura, traduzia abundante ceia. As poupanças, na fartura, foram desconhecidas!
“O sujeito, na marcha, descobre a agonia da estreiteza do calçado”. O exercício da meninice habitua os esteios. As ostentações, na exagerada tributação, afligem o bolso!
O camarada, a princípio, rejeita fausto na nutrição. A modéstia e simplicidade, no padrão de sustento, representam ímpar poupança!

Guido Lang
“Crônicas das Colônias”

Crédito da imagem: http://mdemulher.abril.com.br/blogs/dieta-nunca-mais/2013/08/o-que-e-a-dieta-paleolitica/

domingo, 22 de junho de 2014

A altivez no trabalho


O jovem, como filho das colônias, tomou a direção da incipiente cidade. Os insuficientes solos, na propriedade familiar, induziram a alteração de serviço!
O chão de fábrica, na indústria de calçados, passou a ser o “ganho pão”. Os inícios, no capricho, dedicação e responsabilidade, foram assimilados nas colônias!
Os pais, na tenra idade, instruíram o apego e necessidade do trabalho. A filosofia, no meio século de incessantes jornadas, guiou os caminhos e ideias do pacato cidadão!
O indivíduo, na empresa familiar, pelejou pela vida. A altivez, nas cinco décadas, primou em nunca ter apresentado atestado médico ou faltado ao serviço!
 A exceção, na recuperação das horas, ocorreu unicamente na necessidade de frequentar velórios. Os amigos e familiares, na honrosa despedida, viram-se referenciados!
As idas, em resumo, iniciava no clarear da manhã e entendiam-se ao escurecer da tarde. O sol via-se no intervalo do meio dia. O patrão, na eficiência, mostrava-se o exemplo!
As tarefas, como assalariado e posterior sócio, ocorriam sem distinção. O cidadão, no “coringa do baralho”, acompanhava a produção. Desafios recaíam na sua responsabilidade!
O meio de sobrevivência, na implantação da massiva tecnologia, redimensionou-se nas linhas de produção. Os afazeres realizados, no encanto, carecem de serem cargas e coações!

Guido Lang
“Crônicas das Colônias”

Crédito da imagem: http://josechuseg.blogspot.com.br/2010_10_01_archive.html

sábado, 21 de junho de 2014

O mau humor


O cidadão, no ambiente de trabalho, advém no mau humor. A insônia, no pesadelo noturno, gerou cansaço e irritação. A indisposição, no trabalho, viu-se a marca do dia!
O camarada, na ingrata alucinação, conviveu no flagelo. A morte, na imprevista pisada nos fios de eletricidade, teria originado o melancólico desfecho. O susto foi deveras grande!
O pior, na conjuntura de inércia do organismo, consistiu na impossibilidade de safar-se da sinistra situação. A consequência, no meado da noite, resultou na vigília!
A ocorrência, na dissimulada advertência, incidiu em redobrar cuidados e renovar exames médicos. O subconsciente, no velado aviso, consegue antecipar fatos e sobrevindos!
O sujeito, para falecer, necessita estar simplesmente vivo. A morte atenta nos “cruzamentos e curvas das vivências”. Quem consegue safar-se dos devaneios e prenúncios?
A existência, na agitada e conturbada sociedade urbana, vale pouco. O cidadão leva e tem aquilo que curtiu na passagem terrena!

Guido Lang
“Crônicas das Vivências”

Crédito da imagem: http://mauricioserafim.com.br/sabor-de-vida/

sexta-feira, 20 de junho de 2014

A perda da identidade


O pacato lugarejo, na paragem, nutria analogia. Os residentes, como filhos das colônias, possuíam centro comunitário, dialeto local, escola particular, igreja cristã, modelo peculiar...
A colonização, no século de isolamento, compôs desenvolvimento autóctone. A mentalidade colonial, inserida na cultura latina, ganhou adequação e particularidade!
O distrito, na onda das emancipações político-administrativas municipais, ganhou autonomia. A municipalidade, na proximidade do poder público, propagou progressos!
O caminho de acesso, na facilidade das estradas, trouxe a implantação do asfalto. Os deslocamentos granjearam ágil e intensa circulação dos automóveis e pessoas!
A identidade, na década sucessiva, tornou-se desfigurada. A incursão dos estranhos tornou-se hábito. Os apegos locais viram-se dissolvidos nas diferenças e novidades!
A ambição e egocentrismo, na ideia das aparências e posses, dominaram no implante da filosofia do consumismo. Os valores tradicionais perderam expressão e participação!
O figurino consistiu em “conduzir possantes máquinas”. A tranquilidade foi “pervertida na admissão da parafernália tecnológica”. O progresso altera apego à cultura local!
A humanidade, na diminuição das distâncias, conduz-se na direção da relativa uniformização. Avanços carecem de ser sinônimos de felicidade e realização!

Guido Lang
“Crônicas das Colônias”

Crédito da imagem: http://www.es.gov.br/