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domingo, 23 de fevereiro de 2014

A trompa d’água


As nuvens escuras vislumbraram-se no firmamento. A chuva desabaria em minutos. A ventania prenunciou os perigos. As correrias tomaram vulto. A proteção via-se necessária!
As pessoas buscavam amparo. Os motoristas, nos veículos, dirigiam adoidados. A ansiedade era chegar aos destinos. A jornada, no horário próprio, possuía prazo determinado!
O desejo incidia em safar-se dos contratempos. A história, no delírio dos horários, via-se imprópria nas intempéries. Os redemoinhos, com fios e materiais, ofereciam riscos!
O aguaceiro, na semelhança de água de balde, caiu no baque. O caos, na interrupção da energia, instalou-se em avenidas e ruas. O deus nos acuda assombrou o meio urbano!
Sinaleiras desligadas, nos cruzamentos, instalaram o caos. As filas inacabáveis desdobraram-se nos sentidos. A chuvarada, em instantes nas vias, formou arroios e rios!
A aglomeração divisou bagunça e destruição. A anormalidade descreve o despreparo na cidade. O descalabro, na instabilidade do tempo, vê-se comum nos centros!
O cotidiano, nas vivências urbanas, tornou-se acirrada disputa. As pessoas, aos milhares ou milhões, pleiteiam saturados metros. A tendência encaminha-se no adensamento!
A pergunta, no porvir, relaciona-se: Onde vamos parar na loucura das megalópoles? As probabilidades revelam-se tenebrosas. As anomalias repetem desgraças e tragédias!
A humanização, nas selvas de asfalto, concreto e pedra, revela-se desafiadora. Urbes, na excessiva proliferação humana, apresentam-se inabitáveis e ingovernáveis!
A parafernália tecnológica, com antenas, energias e ondas, parece acentuar a fúria. As nuvens, nos choques térmicos, reforçam raios e ventos. Causas originam efeitos!
A degradação de valores, nos imperativos da subsistência, produz cenas e imagens chocantes da odisseia humana. A insegurança, no contexto urbano, reside na aparente segurança!

Guido Lang
“Crônicas das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.pedreiraitatiba.com.br/

sábado, 22 de fevereiro de 2014

O martírio das privações


A família, filha das colônias, migrou à periferia urbana. A dificuldade, no salário, consistiu em sair do aluguel. A aquisição de casa e terreno descreveu um conto de lutas!
O trabalho, da família, foi labutar no chão das fábricas. Os rebentos, nas escolas públicas, falharam na chance de quebrar o elo da baixa qualificação e remuneração!
A situação, no desfecho dos meses, assumia aquela novela. A baixa estima, de atormentado e preocupado, decorria das carestias. As sobras viam-se reunidas nas migalhas!
Os membros espremiam e reuniam-se nos consumos. O dinheiro, na imprópria gerência, escorria entre dedos e mãos. O estômago, na vontade de degustar, pagava nas privações!
Pais e filhos, somados de genros, noras e netos, satisfaziam-se no pouco. Os dias finais, anterior aos pagamentos, assumiam ares de eternidade. O desânimo floria no ambiente!
O descontrole, de gastos com veículos, inviabilizava fechar o orçamento. Algum extra ou pico reforçava verba. Os desejos de consumo consistiam nas intermináveis conversas!
Os apetites, nas contínuas ofertas de vendas, precisaram ser contidos. Os bolsos, nas despesas de toda ordem, viram-se impossibilitados de comportar despesas e obrigações!
Os assalariados obrigam-se a se espremer na inflação. O remanejamento de preços dilui o poder de compra. A moeda, na corrosão, compra e custeia continuamente menos!
A palavra não, nas intermináveis ofertas, desponta como sinônimo de sabedoria. O indivíduo, na carência do dinheiro, passa fome nas cidades!

Guido Lang
“Crônicas das Vivências”

Crédito da imagem: http://msgdeluz.blogspot.com.br/

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A estranha doença


O mano encontra-se aborrecido e intrigado. A doença, como fantasma, ostenta-se de estranha origem. O desejo e sonho, por décadas, viram-se postergados!
Os irmãos, numa dezena, saíram das colônias. “Uma mão na frente e outra atrás” fora o tamanho das posses. A habilidade e vontade, nos serviços, eram distintivo e filosofia!
O trabalho urbano, massivo e persistente (na base da braçal força), acarretou o progresso financeiro. As oportunidades, nas duas mãos, viram-se agrupadas e empilhadas!
As acerbadas economias permitiram melhorias. As primeiras compras, na casa e terreno, foram aspiração e preferência. O juízo básico residia em livrar-se do aluguel!
O veículo, posterior aos bens duráveis, adveio em terceiro plano. O novo, no momento, ostenta-se alegria e orgulho. A residência, no pátio, o expõe como “vitrine”!
O adoentado cidadão, no ínterim, fraquejou nas finanças. O dinheiro viu-se disperso nas insignificâncias. O automóvel novo ficou na espera. O velho, nas décadas, viu-se na mão!
A patologia, na enfermidade de espírito, relaciona-se na suplantação de status. Os jovens superaram o veterano nas aquisições. O fato originou o estado impróprio da psique!
Um cunhado, na malícia e sondagem, sugeriu a “vaquinha” (com razão de comprar um carro novo para o mesmo). Os ânimos, no dispêndio, inflamaram-se nas confabulações. “Cada qual para si e Deus para todos” vê-se o lema!
A felicidade e realização, incidida no ter, descrevem pobreza de espírito.   As intrigas familiares, na baixa formação e velada competição, derivam dos desejos de ostentação e posse!

Guido Lang
“Crônicas das Colônias”

Crédito da imagem: http://www.motorvicio.com/

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

O idêntico vício


O camarada, tarimbado e velho solteirão, procura nos cantos e recantos a companhia. A cara metade careceu de ser encontrada. A desconfiança arrola-se no igual defeito!
O cidadão, na especial pérola, almeja uma mulher diversa. Uma pacata companhia para dividir encargos, lazeres e prazeres. A fulana necessita estar livre da enfadonha moléstia!
A mulherada, no entender, pensa de idêntica maneira. O pensamento direciona-se a paixão excessiva às compras. O conceito de entulhar-se nas necessidades e utilidades!
As aspirantes, “viciadas na doença do consumo”, descarta em primeira mão. O problema reside em achar a exceção. A ressalva, a princípio, faltou de nascer!
Os “encostos” mostram-se aos pares. O suporte desinteressa no relacionamento. O problema reside na passagem do tempo. A temporada transcorre em meio às vazias mãos!
Os manos possuem constituídas famílias e filhos. O velho rapaz se encontra na esperança. A expectativa, na insistente busca, consiste em achar a ressalva!
A acomodação e liberdade apresentam-se amplas. “Cada cabeça tem sua sentença”. “A gente tem o que merece”. “A convivência diária externa a real face”!
As relações, subscritas pelo dinheiro, apresentam-se velados comércios. O exagero de exigências atrapalha as probabilidades de negócios!

Guido Lang
“Crônicas das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.comocomprarmelhor.com.br/

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O dinheiro vivo


O morador, cansado da colônia, resolve comercializar propriedades e terras. O vizinho, no desacerto de valores, reluta em pagar o solicitado. O desacerto inviabiliza a transação!
O destino, pós-filhos crescidos e formados, consiste em tomar o caminho da cidade. O abandono dos bens e torrão, herança dos ancestrais, vê-se realidade. Chega da sofrida vida!
A conversação, no pré-estabelecido horário de visita, vê-se o momento da rodada de comercialização. O vizinho comprador, na mesa, assenta-se à aquisição!
O mercador, na presença do casal vendedor, estende os maços de dinheiro. As cédulas vivas assombram e impressionam a parte. Os volumes reúnem a quantia ofertada no imóvel!
A família, no à vista, distende-se no abatimento e desconto. O negócio, em escassos instantes e palavras, vê-se concretizado no descuido dos desacordos e resistências!
O dinheiro, na exposição em montes, exerce deslumbre e domínio. As fantasias e imaginações, em compras, criam voo. As pessoas quebram barreiras e oposições!
Os valores, sem dividendos, escorrem das mãos. Inúmeras vendas, no impensado, acabaram corroídas pela inflação. Alguns, no cochilo, viram-se pobres no imprevisto!
“Melhor um passarinho na mão do que um punhado voando nos lugares”. Terras, na instabilidade monetária, verificam-se garantias concretas como posses!

Guido Lang
“Crônicas das Colônias”

Crédito da imagem: http://www.ecoturismoaventura.com.br/

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

O capão de mato


A antiga pedreira, berço da extração de pedras grês às instalações, encontrava-se no descaso. As espinheiras, de variadas espécies, habitavam o propício ambiente!
O bicharedo peçonhento, nas aranhas, cobras e lagartos, habitava o lugar. O refúgio, entre espinhos e pedras, via-se peculiar proteção. Obstáculos à circulação eram comuns!
A planta, na confiança dos aguçados espinhos, vira-se encravada entre rochas. O lugar, aproximados duzentos metros, vislumbrou-se desperdício e prejuízo na módica propriedade!
A situação, por gerações, encontrava-se no abandono e descaso. O novo proprietário, nas férias e folga, colocou mãos a obra. A seleção tornou-se uma paixão!
O trabalhador, as espinheiras, ceifou por completo. As espécies, de madeiras nobres, ganharam alento e atenção! A braçal força, na base da manual foice, fez diferença!
As amoras, angicos, batingas, cabriúvas, canelas, cerejas, gabirovas, pitangas, viram-se na proteção. O mato, como refúgio da nativa fauna, ganhou elegância e exuberância!
As madeiras, no uso racional, despontaram reservas. O capão, no bioma, resguardara exemplares para sementes. O esterco, no reforço de solo, enobreceu a majestosa bênção!
O centímetro, bem explorado, presta-se a produzir admiráveis frutos. Os aproveitamentos dos solos refletem o grau de conhecimento agrícola dos donos!
Trabalhos desprezados, nalgum momento, precisam da materialização. A minúcia, no embelezamento, merece arrumação e precaução!

Guido Lang
“Crônicas das Colônias”

Crédito da imagem: http://www.blogjurereinternacional.com.br/

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O estorvo na lavoura


A árvore, velha gigante, via-se imponente na plantação. O vegetal, por décadas, via-se marca naquele singelo espaço. A revolução agrícola exigiu adaptações e reformulações!
A mecanização, nas potentes máquinas, trouxe empecilhos ao manejo. Os contornos e reviravoltas, no desperdício de área, ocorriam no interior dos inesgotáveis plantios!
O produtor, nesta safra, mostrou-se decidido. O proprietário queria lavoura limpa. Alguns centímetros, na pequena propriedade, viram-se conquistados à natureza!
Mãos à obra foi o jeito. A furadeira, na base do tronco, abriu modesto buraco. A artimanha, no interior da cratera, consistiu em derramar alguma amostra de Roundup (veneno)!
O vegetal, em dias, cedeu à existência. A planta, em lenha, acabou retalhada. Exemplares jovens, nas encostas, morros e pedreiras, asseguraram a espécie no bioma!
Os solos, na agroindústria, veem-se disputados a palmos. Os financiamentos exigem contínua produção. Ganhos permitem honrar débitos. O capitalismo exterioriza as caras!
Os vizinhos, na autoproteção, previnem-se da legislação. O acobertado comunitário, na abstinência de denúncia, funciona no agrado. “Boca fechada não entra mosca!”
A legislação, em situações, mais atrapalha do que auxilia. O bom senso precisa predominar entre preservação e produção!

Guido Lang
“Crônicas das Colônias”

Crédito da imagem: http://www.e-fazendas.com.br/site2/