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terça-feira, 2 de abril de 2013

O lapso de tempo


Uma senhora, criada no campo, mantinha uma esperança e sonho! Esta, nos anos de labuta nas colônias, nunca pode valer-se dos cosméticos e jóias. Esta, a semelhança do pessoal das cidades, almejava andar enfeitada e perfumada.
As condições financeiras, como trabalhadora rural, nunca permitiram maiores luxos e ostentações. A sabedoria, nos anos, consistiu em esperar a aposentadoria. A viuvez acrescentou-lhe ainda uma pensão (por parte do finado marido).
O transcorrer do tempo, no iniciar de cada mês, ajuntava valores certos e definidos da previdência. Esta, muito econômica, pode avolumar algum dinheiro. Os sonhos finalmente puderam ser alcançados e realizados (depois de décadas num compasso de espera).
A precaução, junto a São Pedro (protetor das “Portas do Céu”), foi perguntar o número de anos (ainda disponíveis nesta jornada terrena). O santo, num sonho, revelou a estimativa: “- Até os oitenta e cinco!”  Esta ficou contente e feliz (estando nos inícios  dos sessenta). A ideia e preocupação era de aproveitar os abençoados e magníficos dias.
A senhora, agora com disponibilidade de tempo (para cuidar das aparências e saúde), procurou fazer caminhadas, passear nas amigas, curtir viagens exóticos... Os bailes, da terceira idade, eram a principal diversão e sensação. Ela, em meio aos inúmeros eventos, procurava participar ao máximo. Esta, nestes instantes, ostentava-se coberta de jóias e embonecada com cosméticos! A cidadã parecia uma “fina flor do campo” (simplesmente irreconhecível e transformada)!
Um belo dia, antes do estipulado, adveio a surpresa. Esta se viu chamada aos setenta e cinco. A senhora, achegando-se ao céu, tratou de interrogar sobre o equívoco. O Criador tinha-lhe suprimido uns dez anos de vida (um lapso na promessa).
São Pedro, como auxiliar e guarda no céu, disse-lhe  na hora da recepção: “– Minhas sinceras desculpas! Eu, em função dos enfeites e jóias, simplesmente não lhe reconheci em meio as minhas tarefas! A multidão atrapalhou-me nas constatações dos detalhes!” Equívocos ocorrem nas muitas  e variadas  realidades. A humildade é um princípio da sabedoria.
A aparência suprime a essência. Certos mimos conquista-se na velhice. “Quem vê cara, não vê coração!”

Guido Lang
“Singelos Sucedidos do Cotidiano da Existência”

Crédito da imagem:http://abundantelife.blogspot.com.br 

A galinha dos ovos de ouro



Certa manhã, um fazendeiro descobriu que sua galinha tinha posto um ovo de ouro. Apanhou o ovo, correu para casa, mostrou-o para a mulher e disse:
- Veja! Estamos ricos!
Levou o ovo ao mercado e vendeu-o por um bom preço.
Na manhã seguinte, a galinha tinha posto outro ovo de ouro, que o fazendeiro vendeu a melhor preço.
E assim aconteceu durante muitos dias. Mas, quanto mais rico ficava o fazendeiro, mais dinheiro queria.
Até que pensou:
"Se esta galinha põe ovos de ouro, dentro dela deve haver um tesouro!"
Matou a galinha e ficou admirado. Dentro dela era igual a qualquer outra.

Moral da história:
Quem tudo quer, tudo perde.

                     Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

Crédito da imagem: http://eejma.blogspot.com.br

segunda-feira, 1 de abril de 2013

A festança dos ratos


Um colonial, numa ocasião, esqueceu-se do queijo. O porão, com o ocasional leite azedo, era o lugar próprio à fabricação. A industrialização caseira mostrava-se a forma de evitar desperdícios (com a carência de mercado à produção ácida). O produto, por uns bons dias, ficou no esquecimento momentâneo.
Algum rato, diante do cheiro lácteo, achou fácil o queijo. O descobridor atraiu outros conhecidos. A fome cedo avolumou uma porção de membros! Uma comunidade, com várias famílias, afluiu à degustação. A ausência maior de gatos reforçou a festança.  
Uma folia tomou conta do cenário! Inúmeros irmãos, dos cantos e recantos, advieram à propriedade. Uma multidão para o singelo tamanho do produto. Algum roedor cedo externou sua lamúria: “- Quê pena! O fabricante deveria incorrer em mais esquecimentos desses! Um momento propício para reunir o conjunto de moradores!” A admiração incorreu: donde afluiu toda essa multidão de ratos? Quaisquer benesses logo atraem um grande e variado público!
O fabricante, numa altura, relembrou-se do fruto do trabalho. Este, numa degustação, quis averiguar a qualidade. O espanto e a raiva decorreu do resultado. Uns esparsos farelos, como migalhas, foram unicamente deixadas como sobras. A bagunça e sujeira deixou indescritível o ambiente!
Este, numa auto-reflexão, falou em viva voz: “- O camarada dá algum cochilo e logo vê-se surrupiado na propriedade! A gente desconfia da presença de algum rato, porém uma multidão mostrou-se impensável! O suor alheio parece ter melhor sabor que o próprio!”
A ausência dos gatos faz a festa dos ratos. A sabedoria popular versa: “Achado não é roubado”.  O dinheiro público, na ausência severa de fiscalização e punição, assemelha-se a farra e sujeira dos ratos.

     Guido Lang
 “Singelos Sucedidos no Cotidiano da Existência”       

Crédito da imagem:http://www.guiame.com.br

O corvo e o jarro


Um corvo que estava sucumbindo com muita sede encontrou um Jarro, e, na esperança de achar água, voou até ele com muita alegria.
Quando o alcançou, descobriu para sua tristeza que o jarro continha tão pouca água em seu interior que era impossível tirá-la de dentro.
Ele tentou de tudo para alcançar a água que estava dentro do jarro, mas todo seu esforço foi em vão.
Por último ele pegou tantas pedras quanto podia carregar, e colocou-as uma-a-uma dentro da Jarra, até que o nível da água ficasse ao seu alcance e assim salvou sua vida.

Moral da História:
A necessidade é a mãe das invenções.

                       Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

Crédito da imagem: http://www.portalsaofrancisco.com.br

domingo, 31 de março de 2013

A brincadeira do rabo



Um camarada, boa vida e folgado, adorava as festanças e passeios. A família, com suas saídas e vindas, sofria as consequências das afrontas e dispêndios. O dinheiro, tão poupado e suado, “via-se canalizado para o ralo”.
Os amigos, parceiros das barulheiras e bebedeiras, perguntaram sobre as desfeitas. Estas de deixar a jovem mãe e filhos em casa (na proporção deste encontrar-se na folia). O parceiro, no entender dos companheiros, “deveria ter dó e peso na consciência”. Os familiares padeciam nas dificuldades e preocupações. O marido, numa imprudência,  gastava o suado dinheirinho (“nos bailes e bebedeiras de beira de estrada”).
O cidadão, como resposta, externou a pérola: “- O homem, tendo uma exclusiva mulher nas intimidades, assemelha-se aos cachorrinhos. Estes, na ingenuidade e tenra idade, adoram brincar com o próprio rabo”. Quê dizer diante da concepção e filosofia dessas? A espécie contém membros de todos os gostos e paladares! Algumas ideias assemelham-se a duas! Cada qual tem o que merece!
Algumas companhias e parcerias mostram-se sinônimos de aborrecimentos e problemas. Certas realidades descobre-se unicamente na proporção da convivência. O indivíduo pensa conhecer com quem dorme!

Guido Lang
“Singelos Sucedidos do Cotidiano da Existência”

Crédito da imagem: http://www.thompsonhotels.com

Os ratos e as doninhas



As doninhas e os ratos empreenderam uma guerra perpétua entre si, na qual muito sangue foi derramado. 
As doninhas sempre eram as vencedoras. Os ratos pensaram que a causa das suas frequentes derrotas era não terem nenhum general líder no exército que os comandasse e que eram expostos aos perigos pela falta de disciplina. 
Eles escolheram então como líder um rato que era muito renomado, com força e deliberação, de forma que eles poderiam ser melhor ordenados na batalha.
Quando tudo estava aprontado. O exército disciplinado. O rato líder proclamou guerra contra as doninhas.
Os generais recentemente escolhidos colocaram em suas cabeças uma palha, pois poderiam ser mais bem distinguidos das suas tropas. Logo iniciada a batalha, uma grande derrota subjugou os ratos e eles debandaram tão rápido quanto eles puderam, fugindo para suas tocas.
Os generais, não podendo entrar por causa dos ornamentos nas suas cabeças, foram todos capturados e comidos pelas doninhas.

Moral da história:
A grandeza tem suas desvantagens!

Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

Crédito da imagem: http://sitededicas.ne10.uol.com.br

sábado, 30 de março de 2013

A diferença dum detalhe



Uma senhora, para fazer companhia ao finado, estampou sua foto na lápide (do jazigo familiar). Esta, fotografada nos tempos do casamento, encontrava-se a relembrar a agradável parceria e o feliz matrimônio.
Um conhecido, de terras distantes, foi visitar os antepassados (no cemitério comunitário). Ele, como filho da terra (porém migrante desde tenra idade), procurou dar uma olhada nos recentes falecimentos. O visitante, deparando-se com a série de lápides, achou aquela do casal. O cidadão ficou muitíssimo assombrado: “ – Beltrana de tal! Esta também faleceu! Como não se ouviu falar disso?”
O fulano, na saída da necrópole, deparou-se com uma inacreditável presença. A finada, como aparente assombração, deu as caras em carne e osso! O fulano, num instante, acreditou tratar-se dum fantasma. Este, de imediato, amarelou e gelou!
O camarada relembrou-se do modesto detalhe. Este havia cochilado em verificar a data do falecimento. A fulana encontravam-se estampada de foto, porém ainda encontrava-se viva. Ela unicamente tinha antecipado sua imagem (junto ao finado marido). A desconfiança de pais, em carecer de ganhar uma lápide dos filhos, faz antecipar uma situação.
A precaução é uma forma de evitar aborrecimentos e atropelos. Um singelo detalhe  faz diferença. A tradição, como crença de má sorte, inibe estampar fotos em lápides (na proporção de estar vivo). Quem de nós não convive com equívocos?

Guido Lang
“Singelos Sucedidos do Cotidiano da Existência”

Crédito da imagem: http://poesiaretro.blogspot.com.br