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sábado, 15 de setembro de 2012

O eucalipto



     O eucalipto, originário da Austrália, foi introduzido nas terras da América Meridional na época das Marias Fumaças (1870-1960), quando foi cultivado ao longo do trajeto das ferrovias. O objetivo era de fornecer lenha às máquinas de combustão vegetal. 
    A planta, com o tempo, ganhou outras utilidades, quando deu matéria-prima aos fornos (de carvão vegetal) e madeireiras. O plantio tornou-se abundante e dominante nas encostas dos morros e baixadas em inúmeras propriedades minifundiárias. 
     Os filhos e netos abandonaram o meio colonial e a solução foi dar uma viabilidade financeira, futura, aos patrimônios familiares. Criou-se a lenda, tão comentada na conversa informal, “planta mato, deita na cama e deixa o pau crescer”. O exagero no cultivo, junto à acácia negra, criou o deserto verde, que ocupou terras fertíssimas com reflorestamento.
     O eucalipto originou um falatório impróprio quando com o seu elevado consumo de água, teria secado arroio, fontes e nascentes. Atribuiu-lhe esta fama ingrata com razão de escamotear outra realidade. A extração massiva da água, em função dos muitos e profundos poços artesianos, provocou o abaixamento do lençol freático. 
     Cidades inteiras, distantes de rios maiores, veem-se abastecidas do subsolo, quando chega-se a milhões de indivíduos. As chuvas advêm e a água decorrente, como uma esponja, some em questão de horas ou dias. Os espertos, aos quatro ventos, e em voz em alto volume, saem a dizer: “-Culpa do eucalipto!” 
    “O periquito come o milho e o papagaio leva a culpa”.
     O eucalipto pode ter sua culpa, porém não é o fator principal. Inimigos da planta, com outros interesses econômicos, clamam esta fala quando outros sem maiores experiências na área acompanham o raciocínio.
     O interesse de grupos econômicos em jogo desvia a atenção da questão central do problema da água, com razão de auferir grandes lucros e ausentar-se de investimentos milionários na armazenagem do líquido.

Guido Lang
Livro “Histórias das Colônias”

Crédito da imagem: http://epdnews.wordpress.com/2012/06/11/minhas-experiencias-xxi/chachoeira-de-agua-boa-para-consumo-em-mambukal/

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Pegadas na areia


     Uma noite eu tive um sonho...
     Sonhei que estava andando na praia com o senhor; e através do céu, passavam cenas da minha vida. Para cada cena que se passava, percebi que eram deixados dois pares de pegadas na areia e notei que muitas vezes, no caminho da minha vida, havia apenas um par de pegadas na areia.
    Notei também que isso aconteceu nos momentos mais difíceis e angustiosos do meu viver. Isso me aborreceu deveras e perguntei ao senhor:
       - Senhor, tu me disseste que, uma vez que resolvi te seguir, tu andarias sempre comigo, em todo o meu caminho. Contudo, notei que durante as maiores atribulações do meu viver, havia apenas um par de pegadas na areia. Não compreendo porque nas horas que eu mais necessitava de ti, tu me deixaste sozinho.
      O Senhor respondeu:
      - Meu querido filho! Jamais eu te deixaria nas horas de prova e sofrimento. Quando viste, na areia, apenas um par de pegadas, eram as minhas. Foi exatamente aí que eu te carreguei nos braços.

Autor Desconhecido
Retirado de "Guia da Saúde Sanifer 2001"

Crédito da imagem: http://lindasmensagenseoracoes.blogspot.com.br/2010/08/poema-pegadas-na-areia.html

Curiosidades

O Mundo Animal


01. O pica-pau pode dar 100 bicadas por minuto numa árvore.
02. O beija-flor bate as asas 90 vezes por segundo, quatro vezes mais rápido que uma libélula. Ele voa de frente, de costas e até de ponta cabeça. Procura néctar em mais de duas mil flores por dia.
03. Apesar do tamanho, o pescoço de uma girafa tem apenas 7 ossos - mesmo número de ossos de pescoço do homem. A cabeça da girafa fica a mais de 02 metros de distância do coração. Para fazer o sangue subir, o coração precisa ser muito forte. O coração da girafa é 43 vezes maior do que o do ser humano.
04. Quando em perigo os elefantes formam um círculo em que os mais fortes protegem os mais fracos.
05. A temperatura de um sapo pode ser de 10°C. Os répteis e os anfíbios são pecilotérmicos - a temperatura corporal depende da temperatura ambiente.
06. O pavão macho possui 200 penas longas e compridas na cauda.
07. Num único dia, uma andorinha come 2000 moscas.

Extraídos do "Guia da Saúde Sanifer 2001"

Crédito da imagem: http://outubro.blogspot.com.br/2012/08/poema-e-beija-flor.html

Pérolas da Sabedoria Colonial


     Um conhecimento, entre matas e roças, após décadas de colonização, formou-se no meio teuto-brasileiro. Este, a partir da tradição oral, vê-se postergado pela fala do dialeto (Hunsrücker). Podemos, entre muitos outros, mencionar estes ditos e pensamentos (numa tradução literal ao português):

01. O favor não se paga, presta-se a outrem.
02. Todos os homens tem defeito, porém alguns tem demais.
03. A pessoa nunca se livra da sua origem, que é essencial a identidade.
04. Quem escolhe demais, acaba escolhendo errado.
05. O pior cego é aquele que tem olhos e não enxerga.
06. Os animais atraía-se com comida; os humanos com dinheiro.
07. Muita honraria e bolsos vazios.
08. O que não é para escutar; acaba se escutando.
09. Clássico futebolístico amador não tem favorito.
10. Fofoca só existe porque alguém fala e outros escutam.
11. Alguns não valem o feijão que comem.
12. Quem muito promete, pouco faz ou pior.
13. Alguns vendem-se por muito pouco.
14. Existe louco para tudo neste mundo.
15. Está para nascer aquele que agrada a todos.
16. Não existe nenhuma espécie, que, por alguma razão, não seja útil.
17. Há qualquer um cabe-nos desejar ricas bênçãos divinas.
18. Vizinhos bons e fiéis são coisa rara nas colônias.
19. As boas colheitas provocam calamidades tão grandes quanto as más.
20. Os camundongos se pegam com toucinho.
21. O bom jogador joga de qualquer jeito.
22. O dinheiro enfeitiça a todo mundo.
23. O que não se sabe não nos esquenta.
24. O segredo de uma boa construção está nos alicerces.
25. O exemplo fala por mil palavras, por isso pratique-o.
26. Quem não tem estudo, precisa saber das tarefas práticas.
27. As singelas realizações tradicionalmente deixam nossa marca.
28. Os boatos ostentam um fundo de verdade.
29. Toda árvore mostra-se elegante.
30. Quem não valoriza o pouco; não merece o muito.
31. O bom Deus ajuda a quem se ajuda.
32. Pés de galinha nunca matam pintinhos.
33. Quem trabalha durante o dia, não tem como madrugar a noite.
34. Quanto mais velho, menos pode-se com o barulho.
35. O capricho faz crescer mais os animais e plantas do dono.
36. Quem se suja com o pouco; imagina como se lambuzará com o muito?
37. O indivíduo não deixa de comer, por isso, não pode deixar de trabalhar.
38. Os imbecis acham-se muitíssimo especiais e espertos.
39. Os bois amanciados são os mais cangados do potreiro.
40. Alemoa sem flores pela casa/pátio assemelha-se a mulher sem marido.
41. Quem deita com a faca na cintura, boa gente não é.
42. O velho, na natureza, precisa ceder espaço ao novo.
43. O colono esperto não cultiva tudo na mesma época e lavoura.
44. Nada melhor do que um dia após o outro.
45. Cada dono com seus reais artefatos/ferramentas. 
46. Casa sem criança é residência vazia!
47. Quem gosta de árvores e livros, mostra-se pessoa sábia.
48. Quem estuda ganha o dinheiro mais fácil.
49. A cigarra canta e o calor alevanta.
50. O que está inserido na cabeça da pessoa não muda.
51. A minha luta de ontem é a vitória do hoje.
52. Não se empresta o que não é da gente.
53. Criticar é sempre bem mais fácil do que melhorar.
54. Mão que economiza é boca que não pede.
55. As mulheres sempre tem algo a reclamar dos maridos.
56. Água e Sol em excesso deixam as pessoas cansadas.
57. O solo é o maior patrimônio do colono.
58. O laborioso procura sempre fazer o trabalho deslanchar.
59. O miar do gato diz o lugar da habitação do rato. 
60. Em agosto, qualquer galinha choca põem ovo.
61. O que a massa não preenche, o prego não prende, a pintura cobre!
62. Queres manter tua cultura, cerca-te da tua gente!
63. Não tem nada maior do que para enganar-se como com as pessoas!
64. Um gole d’água, para o sedento, faz muita diferença.
65. O olhar dos pais, na educação tradicional, dizia a obrigação dos filhos.
66. Os humanos, contra as adversidades e rigores da natureza, nada ou pouco podem fazer.
67. Cada qual precisa encontrar comida a sua mesa!

Guido Lang
Anexos das “Histórias das Colônias”

Crédito da imagem: http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/noticia/2013/05/conviva-com-o-passado-em-picada-cafe-4137526.html

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Pensamentos interessantes

     

            "A educação é uma riqueza que ninguém pode nos roubar". (Menandro)

 "Cada um é artífice do seu próprio destino". (Cervantes)

"A passagem do tempo deve ser uma conquista e não uma perda". (Lya Luft)

"No mundo dos negócios, o espelho retrovisor é sempre mais nítido do que o para-brisa". (Warren Buffett)

"Amar com o propósito de ser amado é humano, mas amar com o propósito de amar é digno dos anjos". (Alphonse de Lamartine)

 "A vida não dá nem empresta; não se comove nem se apieda. Tudo que ela faz é retribuir e transferir aquilo que nós oferecemos". (Albert Einstein)

"O bravo não é quem não sente medo, mas quem vence esse medo". (Nelson Mandela)

"O pai é um homem que espera que os filhos sejam tão bons quanto ele pretendia ser". (Carolyn Caats)

"Para que correr se você não estiver na estrada certa?" (Dennie V. D. Hombergh)

Pensamentos extraídos do "Guia da Saúde Sanifer 2002".

Crédito da imagem: http://metaforasdomundo.blogspot.com.br/2012/03/pena-o-papel-e-bossa-nova.html

Ditados gaúchos


1. Mais desconfiado que cego com amante.
2. Mais faceiro que pica-pau em tronqueira.
3. Mais comprida que unha de gigolô.
4. Mais sujo que consciência de bodegueiro.
5. Mais quente que chaleira em trempe.
6. Mais tonto que marimbondo em fumaça.
7. Assanhada como solteirona em casamento.
8. Atirado como rebenque velho.
9. Bueno como dinheiro achado.
10. Cara amarrada como pacote de despacho.
11. Alegre como lambari de sanga.
12. Grosso como dedo destroncado.


Pensamentos extraídos do "Guia de Saúde Sanifer 2002".


Os primeiros passos



     Os pioneiros, na proporção de ter combinado a aquisição do lote com a companhia colonizadora, precisaram tomar as iniciativas da instalação. Procuraram, de encaminhado ao respectivo lote, visualizar o cenário, quando, de uns duzentos a quinhentos metros da estrada geral, tomaram os preparativos à instalação. Visualizaram, no interior da floresta, algum lugar meio plano à construção de moradia provisória. Preocuparam-se, de imediato, com a existência de alguma fonte, que pudesse fornecer água e fosse inesgotável. O abastecimento ostentava-se ponto crucial para qualquer iniciativa colonizadora.
     O poço localizado e estabelecido partiu-se a limpeza de um espaço, no qual pudesse ser improvisado algum recanto de moradia. Alguma madeira improvisada, coberta de vegetais, mantinha-se abrigo transitório, enquanto iniciava a devastação da vegetação. Foices, machados e serras, do clarear ao anoitecer, com breves intervalos ao descanso, tomaram a primazia do trabalho. A conquista contínua e progressiva, na direção das dimensões do lote, tomava vulto, no que, a derrubada de algumas árvores dava sentido à primeira clareira. Esta, a cada dia e durante anos, ampliava-se e estendia-se das baixadas na direção das encostas.
    O secamento da resteva/vegetação, depois de três a cinco semanas, levou ao passo da queimada, quando a limpeza generalizada, com exceção da abundante madeira, possibilitou a semeadura das primeiras sementes. A preocupação recaiu sobre o milho, feijão preto, abóbora, batata, mandioca... As progressivas colheitas levaram a subsequente criação de animais, que foram sendo introduzidos, em casais, à multiplicação. Precisou multiplicá-los para lá adiante pensar em abatê-los. A fauna silvestre, no interim, fornecia alguma carne, enquanto o abate de bovinos, galinhas, marrecos, gansos, perus e suínos fosse inviável. Convivia-se com os mínimos recursos, quando vendas ficavam a distâncias, o intercâmbio, de  informações agrícolas, fazia-se com os esporádicos conhecidos, enquanto, dentro das possibilidades, mantinha-se próprias experiências.
     O curioso relaciona-se a solução das dificuldades, que viam-se desafiados na proporção do surgimento.  Refiro-me aos acidentes, doenças, mercado, entidades comunitárias... Alguma vizinhança, dentro do espírito da solidariedade, auxiliava na definição de locais (cemitérios e escolas). A experiência de uns com a conversa informal ostentava-se escola aos demais.
    O desafio maior e único ostentava-se vencer e vencer, caso contrário, perecer e "dormir" no silêncio da eternidade. Primeiros anos de uma odisseia ímpar com razão de criar os esteios de uma nova civilização, que, européia, precisou adaptações próprias às necessidades do ambiente. O resultado, nos anos de 1868 até 1908 (Colônia Teutônia), foram de “semear localidades/picadas” no contexto das inúmeras paragens do Arroio Boa Vista (afluente do Rio Taquari). Os lugares progressistas e produtores deram lugar a diversas comunas (Teutônia, Westfália e Imigrante), que são referência nacional a inúmeros itens do índice de desenvolvimento humano.


Guido Lang
Livro “Histórias das Colônias”


Crédito da imagem: http://www.ifch.unicamp.br/ihb/teses.htm